Quarto dia do Capítulo: A Permanente Formação do Frade Menor

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O Capítulo Provincial 2024 da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil continua. Na quinta-feira, 7 novembro, os trabalhos foram destinados à reflexão sobre a proposta de Programa Formativo atualizado por uma comissão constituída para delinear as metodologias e estratégias para cada Etapa da Formação dos frades na Província, desde a Animação Vocacional até a Formação Permanente.

A madrugada desta quinta-feira foi marcada por intensas chuvas na cidade de Agudos (SP) que prenunciavam um dia mais tenso que os anteriores, com discussões mais intensas. Entretanto, não foi o que se confirmou, quando as apresentações foram, em sua maioria, recebidas com a boa vontade de quem deseja o melhor para a instituição e melhor capacitação dos irmãos para estarem a serviço do povo.

Celebração Eucarística e momento orante

O dia teve início com a Celebração Eucarística presidida por frades das fraternidades do Estado do Rio de Janeiro. A missa foi votiva à Eucaristia, e as palavras da homilia do presidente, Frei Douglas Paulo Machado, levaram os frades à recordação da centralidade deste precioso mistério na vida de todo cristão e, considerando as palavras de São Francisco de Assis, para nossa espiritualidade franciscana. Segundo ele, “infeliz é aquele que, diante do sagrado mistério, preocupa-se com qualquer outra coisa”.

Os trabalhos capitulares foram iniciados por uma bela reflexão dirigida por Frei Pedro da Silva, que tinha como tema a “Redescoberta do valor da vida fraterna”, uma das prioridades indicadas pelo Capítulo Provincial 2021. À luz de diversos escritos franciscanos, o frade declarava a dádiva da vida franciscana que se revela na vida fraterna, esta que deve ser acolhida com gratidão e generosidade, onde cada irmão busca agir através do cuidado recíproco, em respeito à individualidade do outro, no diálogo e convivência.

Frei Pedro, ainda recordava que a fraternidade é o espaço privilegiado de encontro com Cristo e de anúncio e testemunho de sua Boa Notícia. Ela não se limita a ser um mero sentimento ou adereço da vida religiosa franciscana, mas sua qualidade definidora. Ela não anula as subjetividades, mas as compreende, as abraça e as realça no rico espaço da convivência e trabalho comum.

Revisão dos trabalhos anteriores

Após este momento de reflexão, os frades puderam retomar as reflexões do dia anterior, aprofundando as propostas apresentadas e enriquecidas pelas contribuições dos capitulares. Sentiu-se que ainda não era o momento de aprovação ou não de cada uma delas, mas de tomada de conhecimento do todo imaginado para o campo da evangelização, a fim de compreender a complexidade e alcance da ação evangelizadora provincial em suas diversas vertentes.

Formação em foco

Depois deste momento, a programação chegou ao foco principal do dia. Novamente divididos em grupos, os frades puderam se inteirar da proposta de Programa Formativo delineada para os próximos anos, fruto das considerações e discernimento aprofundado pelos irmãos em vários encontros e fóruns no decorrer dos últimos anos. Como a proposta contempla diversos elementos considerados como novidades pelos frades, era clara a necessidade de maiores esclarecimentos, abertura às considerações enquanto exigia-se o esforço e disposição para acolhida do novo e confiança naqueles que atuam na área e, pela experiência e vislumbre das demandas e necessidades de nosso tempo, indicam quais as respostas possíveis que a Província da Imaculada pode oferecer para promover a melhor formação possível para seus membros.

Quanto à Formação Permanente, o programa foi apresentado no que se referia às principais novidades. Sugeriu-se a criação de um Centro Franciscano de Estudos que deverá ser canal de contato entre as demandas de formação tanto dos frades em permanente formação, quanto dos que se encontrarem na Formação Inicial, assim como dos leigos e voluntários de nossas presenças evangelizadoras ou dos leigos em geral.

Para os irmãos que se dispõem ao exercício do Ministério Ordenado, pensa-se na instituição de um ofício no qual um irmão com maior experiência na vida e atuação do ministério possa ajudar os irmãos que se preparam para exercê-lo, enquanto ainda estudam Teologia, a formar-se a esta vocação específica de configuração com o Cristo Pastor. Esta proposta se adequa à preocupação da CNBB de não limitar a formação do presbítero à formação acadêmica, mas que esta contemple outras dimensões de sua vida.

Prevê-se, ainda, que todos os irmãos, após a Profissão Solene, após um aprofundado discernimento sobre o modo como desejam se inserir na missão da Província, encaminhem a capacitação técnica ou acadêmica que possam melhor ajudá-lo no serviço à Igreja e à sociedade.

Pensa-se, ainda, que a formação deva ser diferenciada para os diferentes momentos da vida do Frade Menor, a fim de ajudá-lo na lida das diversas experiências que surjam em sua caminhada, promovendo o contato com irmãos que possam melhor compreender e ajudar justamente por estarem passando por situações parecidas. Assim, formações, experiências de parada e evangelização e retiros poderão ser adequados às faixas de idade.

Recordou-se, ainda, os protocolos de acompanhamento e lida das situações de crise que, por vezes, são experimentadas pelos irmãos, de modo a oferecer apoio e suporte a eles ajudando-os a superá-las ou, se for o caso, instruções para viver eventuais experiências de separação de forma regular na Igreja.

Sobre a Animação Vocacional, a mudança é mais terminológica, rompendo com a classificação de “Aspirantado/Aspirante” e mantendo a nomenclatura “Animação Vocacional/Vocacionado” por todo o período. A diferença é se o vocacionado será acompanhado a partir de visitas periódicas a uma fraternidade ou, em um segundo momento, residindo em uma das fraternidades constituída especialmente para acolhê-los. Estas fraternidades serão denominadas Fraternidades de Acolhimento Vocacional e terão a missão da acolhida fraterna, de dar oportunidades de contato com o trabalho e serviço evangelizador realizado pelos irmãos que a compõem, assim como dar introduções de conteúdos de formação cristã, franciscana e humana.

Para a Formação Inicial, a maior mudança proposta é para o período da Profissão Temporária, que compreende o tempo após o Noviciado até a Profissão Solene. Propõe-se que neste período todos os frades recebam os conteúdos formativos previstos para a formação de todo Frade Menor enquanto ele é integrado à vida e missão de uma fraternidade. Estes conteúdos seriam uma mescla de saberes filosóficos, teológicos e de outros saberes, a fim de melhor preparar os frades para o estado de vida religiosa abraçado.

Esta mudança significativa provoca a mudança de mentalidade sobre como pensamos a Formação Inicial e, obviamente, desperta insegurança e dúvidas. Os frades fizeram diversas considerações que revelam sua preocupação sobre como implantar tais mudanças e se a Província e os frades estão preparados para este passo. A reflexão sobre esta e outras mudanças propostas ainda tomarão parte das reflexões capitulares.

O quarto dia do Capítulo Provincial encerrou-se com a Hora Santa Vocacional, com diversos elementos da espiritualidade franciscana, que amarrou harmonicamente a celebração da manhã com todos os esforços empreendidos e reflexões realizadas no decorrer do dia, firmando o anseio pela comunhão fraterna e unidade dos sonhos projetados para o próximo triênio.


Frei Elias Hebo Luís e Frei Rodrigo da Silva Santos

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