Por uma Igreja misericordiosa e acolhedora

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Moacir Beggo

Vila Velha (ES) – O terceiro dia (22/4) da Festa de Nossa Senhora da Penha entrou em sintonia com a mensagem do Papa Francisco durante o Oitavário, às 14 horas, e a celebração eucarística, que veio na sequência. Ao lado guardião do Convento da Penha, Frei Valdecir Schwambach, o bispo auxiliar de Vitória, Dom Rubens Sevilha, acompanhou o momento devocional franciscano conduzido por Frei Alberto Eckel e Frei Pedro Engel.

Frei Alberto (à esq.) e Frei Pedro Engel

Tendo como base o tema da Festa deste ano, “Anunciar com alegria”, Frei Alberto leu o seguinte texto extraído da primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco: “A Igreja ‘em saída’ é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr à parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem dificuldade.” (AE 46)

Dom Sevilha e Frei Alberto levaram o povo que compareceu ao Campinho do Convento da Penha, especialmente da região pastoral de Cariacica e Viana, a refletir sobre a Igreja que caminha e que tem como primeira missão levar uma palavra de “misericórdia”, a mensagem de salvação de Jesus Cristo.

Sair e ir em frente

Segundo Frei Alberto, somos uma Igreja essencialmente missionária. “Mas esse ser missionário, sair para fora de si, não significa sair de qualquer forma. É preciso garantir que esta Igreja retome a cultura da ternura, a cultura do olhar, a cultura do toque. E o Papa não está falando nada de novidade. Ele está falando aquilo que Jesus fez e viveu durante todo o seu ministério”, explicou Frei Alberto.

 

Frei Alberto Eckel

Esse ‘sair para fora’, segundo Dom Sevilha, exige conversão. “Conversão é mudar o coração. Ir para a frente. A palavra conversão significa não parar, não desanimar, ir para a frente. Caminhar. Conversão significa sempre movimento. A conversão é mudar de direção, mas é preciso chegar lá”, explicou na sua homilia.

Ser bom e misericordioso

Na sua reflexão, Frei Alberto lembra que esse Jesus que caminhava pelas periferias, pelos povoados, ia ao encontro das pessoas. “Era Jesus que acolhia a todos de forma indistinta. Um Jesus que mostrou a todo mundo que Deus é pai, que Deus é misericordioso, que mostrou esse rosto complacente de Deus. E sair para fora significa justamente isso: mostrar um rosto de Deus Pai. E nós temos agora, diante deste convite, que olhar para nós e para o nosso modo de evangelizar. Temos muito que nos penitenciar. Nós, muitas vezes, nos portamos como juízes dificultadores do acesso à graça de Deus. Nós nos portamos como pessoas soberbas que não consegue olhar para um irmão para a irmã que estão caídos ao nosso lado”, disse o frade.

Para Dom Sevilha, é preciso caminhar no bem. “Caminhar no bem. Jesus passou fazendo o bem. O que ele pede de nós? Simplesmente fazer o bem. Estamos aqui aos pés de Nossa Senhora pedindo o quê? O bem. As coisas boas. Pedindo o bem e que nós sejamos bons. Pedir a Deus a bondade. De 0 a 10, que nota você dá ao seu coração em termos de bondade? Cada um vai pensar não vai responder, não! Dez ninguém tem. Aqui entre nós só tem uma com nota 10 na bondade. Nossa Senhora, não é? Ela é nota 10. Nota 0 ninguém tem porque senão não estaríamos aqui, não é mesmo? Todos estamos buscando o caminho de Deus, estamos buscando ser bons. Como está o grau de bondade no seu coração, capaz de contagiar sua família, seu trabalho? Está faltando bondade no mundo. E nós, cristãos, temos que anunciar com alegria Jesus, o Sumo Bem, a bondade de Deus. Ele é bom. Só Deus é bom. Essa é a evangelização”, disse o bispo.

Amor de Mãe

A esta altura da reflexão, Frei Alberto falou do amor da Mãe e disse que anunciar a alegria significa viver a ternura. “E aí nós compreendemos por que São Francisco de Assis dizia aos seus frades que se tratassem e se cuidassem como uma mãe cuida e nutre seus filhos. Nós precisamos resgatar a Igreja como mãe de todos. Como uma mãe que vela, que cuida, que deixa o filho caminhar mas que está ali esperando para ajudá-lo quando ele balançar na fé. Precisamos resgatar uma Igreja que corrige, mas corrige na caridade. Corrige pelo bem daquele irmão e irmã. É isso que uma mãe faz. Ela cuida, ela nutre, ela alimenta, ela acolhe, ela vai acolher aquele filho ou filha desiludidos, ela vai dar aquele puxãozinho de orelha quando for preciso, mas para que o filho cresça e aprenda na vida”, frisou Frei Alberto.

 

Dom Rubens Sevilha presidiu a Santa Missa

Por sua vez, Dom Sevilha disse que o coração de Mãe não rejeita, ele acolhe. “Todo cristão que tem o amor de Deus tem aquela bondade, ele perdoa. Vocês já conheceram gente assim. Toda família, ou comunidade, tem aquela pessoa que é de uma bondade sem tamanho. Ela acolhe todo mundo e para ela todo mundo é bom. É uma bondade que dá até raiva! Não é uma bondade humana. É Deus no coração de Nossa Senhora. É essa bondade que nós queremos pedir para a nossa Mãe e que nos eduque como filhos para o nosso mundo. Está faltando bondade no nosso mundo”, lamentou, explicando que por isso a violência impera e um descaso generalizado com o ser humano. “Está faltando bondade, e nós, cristãos, temos de levar, pedir, exigir, esinar, cobrar essa bondade de Deus em todas as esferas de nossa sociedade”, pediu.

Frei Alberto terminou a sua reflexão pedindo a intercessão de Nossa Senhora: “Que essa Mãe da Ternura, esta Mãe do Olhar, do cuidado, nos ajude a viver esse grande projeto que Jesus tem para cada um de nós”.

Dom Sevilha encerrou citando o Papa Francisco ao se referir sobre o Evangelho que narra Madalena em choro e pedindo para ver Jesus. Segundo o Papa, às vezes, as lágrimas são as lentes, os óculos, com os quais nós vemos Jesus. “Queridos irmãos e irmãs, que nós possamos, ao longo da vida, dizer ‘eu vi o Senhor na vida'”, concluiu o bispo.

No final da celebração, as comunidades de Cariacica e Viana cobriram o povo com um manto nas cores da bandeira do Espírito Santo.  Nesta quarta-feira, o quarto dia da Festa, a liturgia estará a cargo da área pastoral Benevente.

Boletim do terceiro dia do Oitavário da Festa da Penha – Ouça!

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