O viva franciscano a São José de Anchieta

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Moacir Beggo

Vila Velha (ES) – O historiador e escritor Frei Clarêncio Neotti, frade do Santuário Divino Espírito Santo de Vila Velha, presidiu nesta quarta-feira, 23 de abril, o Oitavário da Festa da Penha, o momento franciscano devocional que é a marca registrada desta grande devoção a Nossa Senhora das Alegrias. E coube a ele fazer uma singela e oportuna homenagem a São José de Anchieta, que foi canonizado no dia 3 de abril pelo Papa Francisco. Nesta quinta-feira, 24 de abril, o Papa celebrará uma Santa Missa na igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma, em ação de graças pela canonização de Anchieta, religioso fortemente ligado à evangelização no Brasil. Por coincidência, este dia teve a presença da área pastoral de Benevente, à qual pertence a cidade de Anchieta, antiga Reritiba,  onde o novo santo veio a falecer.

 

Frei Clarêncio presidiu o Oitavário

Com entusiasmo, Frei Clarêncio falou da importância das cartas para a história da presença franciscana de Frei Pedro Palácios nos primórdios da Ermida da Penha. “Eu preciso gritar um viva especial nesta tarde. Aqui, nesta igreja de São Francisco, a primitiva igrejinha de São Francisco levantada por Frei Pedro Palácios, caminhou São José de Anchieta. Amanhã, o nosso arcebispo (Dom Luiz Mancilha Vilela) estará celebrando com o Papa Francisco a Missa em Ação de Graças a Deus pela canonização de Anchieta. E nós, frades, devemos muito a Anchieta, não só pela pacificação que ele fez, não só pela catequese, mas nós devemos ao Pe. Anchieta e as suas cartas tudo o que sabemos sobre Frei Pedro Palácios e sobre a Penha. Não tivéssemos as cartas de Anchieta nós não saberíamos nada de Frei Pedro Palácios. Viva São José de Anchieta!”, gritou Frei Clarêncio.

Um dos textos a que se refere Frei Clarêncio é este: “Na Capitania do Espírito Santo, há duas vilas de portugueses, perto uma da outra meia légua por mar. Em uma delas, que está na barra e chama Vila Velha por ser a primeira que ali se fez, está, num monte mui alto e em um penedo grande, uma ermida de abóbada, que se chama Nossa Senhora da Penha, que se vê longe do mar e é grande refrigério e devoção dos navegantes, e quase todos vêm a ela em romaria, cumprindo as promessas que fazem nas tormentas, sentindo particular ajuda da Virgem Nossa Senhora, e diz-se nela missa muitas vezes. Esta ermida edificou-a um castelhano sem ordens sacras, chamado Frei Pedro, frade dos Capuchos, que cá veio com licença de seu superior, homem de vida exemplar, o qual veio ao Brasil com zelo da salvação das almas…Começou e acabou esta ermida de Nossa Senhora com ajuda dos devotos moradores, e ao pé dela fez uma casinha pequenina em honra de São Francisco, na qual morreu com mostras de muita santidade” (Cf. Frei Venâncio Willeke, OFM, Franciscanos na História do Brasil, Vozes, 1977, p. 29).

No momento devocional, composto por cantos e orações a Nossa Senhora da Penha, Frei Clarêncio refletiu sobre um trecho da Exortação Apostólica do Papa Francisco abordando a evangelização no mundo de hoje, que tem por título “Evangelho da Alegria”.

No texto, o Papa lembra que a “nova Jerusalém, a cidade santa, é a meta para onde peregrina toda a humanidade” e que precisamos identificar a cidade a partir de um olhar contemplativo, isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças.

 

Pe. Jairo presidiu a Santa Missa

Frei Clarêncio, então, perguntou: “Será que é possível que esta cidade que o Papa chama com o nome do Apocalipse, Nova Jerusalém, cheia de beleza, cheia de segurança, cheia de divindade, agora durante a nossa vida? Não estaria o Apocalipse se referindo à vida eterna depois da morte?”. E o frade foi enfático: “Não! O Apocalipse e o Papa se referem ao aqui e agora da nossa vida presente, porque esta cidade santa, Nova Jerusalém, cheia de segurança, de beleza e divindade, ela é possível quando Deus mora comigo na minha casa; ela possível quando Deus mora comigo na minha rua; ela é possível quando Deus mora comigo no meu escritório, na minha loja; ela é possível quando Deus mora comigo no lugar do meu trabalho. Porque Deus está conosco!”.

VEJA O TEXTO NA ÍNTEGRA DE FREI CLARÊNCIO

Antes de terminar o Oitavário, Frei Clarêncio também pediu vivas a dois novos santos: “Eu não posso escapar de outro viva, o meu coração está dando vivas há mais tempo. Domingo próximo, o Papa João XXIII, que ficou Papa no dia em que eu fiquei padre, e o Papa João Paulo II, que foi o mais longo pontificado da minha vida sacerdotal, serão canonizados. Viva o Papa João Paulo II, Viva o Papa João XXIII!”, encerrou.

A SANTA MISSA

A Área Pastoral Benevente foi a responsável pela liturgia do quarto dia da Festa da Penha durante a celebração eucarística às 15 horas. O Pe. Jairo Antônio de Souza, pároco da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes, no Balneário de Meaípe, em Guarapari, presidiu a celebração e o Pe. Diego Carvalho dos Santos, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Alfredo Chaves, fez a homilia que conquistou o povo que novamente deu uma grande demonstração de fé no Oitavário.

Pe. Diego explicou que os padres pertencem à região pastoral mais distante da Arquidiocese, formada pelos municípios Alfredo Chaves, Anchieta, Guarapari. “Nós representamos o povo que trabalha, na sua imensa maioria, na área rural. Neste altar de Nossa Senhora da Penha eu quero colocar todos aqueles que estão trabalhando, mas estão unidos pela fé conosco nesta tarde”, lembrou.

Segundo o Pe. Diego, que refletiu sobre os Discípulos de Emaús, este trecho do Evangelho nos leva a fazer uma reflexão de nossa vida. “Os discípulos de Emaús somos nós e muitas vezes nos deixamos abater pelo sofrimento e pelo desespero e acima de tudo pela solidão”, observou.

 

Pe. Diego fez homilia

Depois de estarem tristes e desanimados, tudo muda quando Jesus aparece no meio deles. “Então, começa a história de um encontro pessoal e, sobretudo, uma história de amor. Jesus caminha com você. Por mais que sinta solidão, por mais que o sofrimento venha, por mais que as coisas pareçam difíceis na sua vida, Jesus te convida hoje a olhar para Deus e colocar a confiança Nele”, ressaltou.

Segundo ele, como cristãos, somos convidados a olhar para as páginas do Evangelho todos os dias. “Não podemos permitir que o dia termine sem antes falar com Deus. O poeta Rubens Alves vai dizer: Rezar é ter saudade de Deus. Nós precisamos ter saudade de Deus porque Ele tem saudade de nós. E quando nós vamos ao encontro de Deus, Ele vem ao encontro de nós”, enfatizou.

Pe. Diego destacou que a festa da Penha nos convida a evangelizar com alegria. “Anunciar com alegria. Jesus não quer nenhum católico desanimado. Não podemos permitir nas nossas comunidades pessoas com caras feias, amarguradas, que não conseguem viver a dimensão da Ressurreição que transmite alegria”, disse. Segundo ele, mesmo quando tudo der errado, é preciso dizer: “Eu não posso permitir que a tristeza tome conta do meu coração”, emendou. O Pároco também pediu um minuto de silêncio por tantas vidas ceifadas na BR-101.

No final, lembrou Dom Hélder Câmara ao pedir alegria para as nossas comunidades. “Às vezes vemos as nossas igrejas cheias. Dom Hélder tinha uma expressão muito interessante que diz assim: ‘Eu prefiro ter uma igreja vazia a ter uma igreja cheia de gente vazia’. É necessário encher a igreja com gente comprometida com a fé, com o Evangelho e com o amor de Deus”, completou.

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