Núncio Apostólico do Brasil agradece aos franciscanos e chama Convento da Penha de paraíso

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Moacir Beggo

Vila Velha (ES) – O Núncio Apostólico do Brasil, Dom Giovanni d’Aniello chegou à Festa da Penha como um ilustre desconhecido e deixou a cidade de Vila Velha como o Núncio mais querido do Brasil. Nesta segunda-feira (28/04), depois de oito dias de muitas demonstrações de fé, carinho, devoção e alegria na Festa da Penha, Dom Giovanni presidiu a Missa de encerramento e, para uma multidão na Prainha, disse que os capixabas podem, a partir de agora, contar com ele. “Vocês podem contar com minhas orações e com o meu amor. Eu peço que rezem por mim. Apesar da distância, uma ponte foi construída entre os fiéis da Arquidiocese de Vitória e o meu coração. Senhor Governador, é a 4ª Ponte (*)…(risos)”.

Dom Giovanni d’Aniello

Mas o Núncio abriu a sua homilia fazendo um pedido de desculpas. “Dom Luiz, você me permite que eu comece a homilia pedindo desculpas e ao mesmo tempo agradecendo algumas pessoas que eu me esqueci nos outros dias. Eu quero pedir desculpas aos franciscanos porque eu não agradeci a eles pelo trabalho que estão fazendo nesta praça e também no Santuário (palmas)”, disse.

O Núncio contou à multidão que fez uma visita ao Convento da Penha no domingo e foi recebido pelos frades e pelo guardião Frei Valdecir Schwambach. “Ontem, com o arcebispo, fomos até o Convento da Penha. Tenho que reconhecer que a subida foi difícil. Quanto mais eu me aproximava dele, algo dentro de mim me levava a querer chegar o quanto antes. E depois, da janela do Convento no alto do Morro, tive essa magnífica visão do mar, da baía de Vitória e Vila Velha. Eu disse ao arcebispo que esse lugar é um paraíso”, confessou.

Mas segundo o Núncio, a coisa mais linda que viu estava na Capela do Convento: “Vi o painel de Nossa Senhora da Penha. Está lá sorrindo junto com o Menino Jesus nos braços. E parece que sorri a cada um de nós. É como se ao subir ao Convento tivesse uma gratificação por todas dificuldades até chegar ali. É como receber um abraço de Mãe que diz: ‘Obrigado por ter vindo!’ Mas ela também diz: ‘Meu filho querido, neste momento, precisa ir junto ao seus irmãos'”, orientou.

D. Giovanni contou à multidão na Prainha que tinha preparado a homilia, mas que preferia falar de improviso. “Vou deixar o Espírito Santo, que é Padroeiro deste Estado, que me dê a possibilidade de traduzir em palavras todos os sentimentos de gratidão a Deus que trago no meu coração”, contou, referindo-se à sua emoção e encantamento com as celebrações da Festa da Penha, na Missa depois da Romaria dos Homens, depois da Romaria das Mulheres e agora no encerramento. “D. Luiz começou devagar a me preparar até chegar à praça da apoteose. Depois das demonstrações de fé da Romaria dos Homens e da fervorosa devoção das Mulheres, hoje venho a esta praça. Não posso saber, não posso contar quanta gente tem, mas para mim basta esta grande fé do povo do Estado do Espírito Santo. Obrigado D. Luiz por esta grande celebração, que é essencialmente uma celebração de afeto, de amor, de carinho para com Deus através da sua própria mãe, Nossa Senhora Penha”, disse.

Frei Valdecir e D. Luiz

E o Núncio tinha razão. A Missa de Encerramento esteve à altura da devoção do povo capixaba. No grande altar montado no palco da Prainha, um grupo de aprendizes de marinheiros carregou o andor de Nossa Senhora da Penha em procissão pelo meio da multidão, dando início à celebração eucarística às 16 horas, com transmissão pela Rede Gazeta. Logo atrás, uma grande procissão de seminaristas, diáconos, sacerdotes, cinco bispos – Dom Zanoni de Castro (São Mateus), Dom Dario Campos (Cachoeiro de Itapemirim), Dom Décio Sossai Zandonade (Colatina), Dom Rubens Sevilha e Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, bispos auxiliares de Vitória e o arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela. A missa solene contou com a presença de autoridades civis e militares do Estado.

Cerca de 100 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, estiveram no Parque da Prainha  para acompanhar a Missa de encerramento. O público, com lenços e balões nas cores do manto de Nossa Senhora da Penha, azul, branco e rosa, cantou muito em homenagem à Padroeira do Estado.

Segundo o Núncio, a mensagem que deixou neste dia da Padroeira do Espírito Santo é para “nos aproximarmos de Deus, estarmos mais juntos Dele e da sua Mãe. Quanto mais as pessoas se afastam deles, mais as dificuldades existem. Temos de estar ligados a eles fortemente senão podemos escorregar”, ensinou.

No início da celebração, D. Luiz pediu um “basta à violência” no Estado do Espírito Santo. Segundo o Núncio, para vencer a dor e o sofrimento é preciso ir ao encontro de Cristo. “E aquela Mãe que está perto Dele vai nos ajudar. Somente com eles, a gente poderá ser verdadeiramente cristãos de forma autêntica e fraterna”. Mas Dom Giovanni ressaltou que é preciso ter sempre em mente a dupla dimensão da cruz: ir ao encontro de Cristo, mas também ao encontro dos irmãos. Ir ao encontro especialmente dos que sofrem, para construir uma sociedade melhor.

Dom Giovanni esteve muito à vontade com o povo. Antes da celebração, conversou e se deixou fotografar, pacientemente, durante vários minutos. Durante a homilia, tanto ontem como hoje, no encerramento, ganhou aplausos calorosos do povo. Hoje, fez o povo rir muito quando tentou falar “capixaba” e disse “capixebes”. “Foi uma linda experiência. Gosto muito dessa vossa fé, de como participam. Sinto muita vontade de ficar um pouco mais”, disse. Em coro, os fiéis convidaram: “Fica, fica, fica!”.

No final da celebração ele ganhou de presente a imagem de Nossa Senhora da Penha, que foi entregue pela secretária de Cultura de Vila Velha, Simone Modolo.

Outro  momento bonito na celebração foi a performance de representantes de diversas paróquias ao descerem do palco com tochas nas mãos, formando o desenho de um terço. Com pouca luz, as velas foram se acendendo e iluminando a Prainha.

Dom Joaquim disse que está cada vez mais impressionado em ver a fé e a alegria do povo capixaba: “Isso nos estimula, nos ajuda, nos impulsiona a caminhar como Igreja, a sermos discípulos missionários de Jesus Cristo através da intercessão de Nossa Senhora da Penha, a Senhora das Alegrias. Que ela interceda por todos nós para que possamos caminhar juntos”.

Já Dom Sevilha fez um pedido: “Quero aproveitar a presença do representante do Papa, o nosso Núncio, para pedir a D. Giovanni Aniello que leve ao Papa Francisco o nosso abraço e do povo capixaba”.

A Missa de Encerramento contou com uma Orquestra, formada por músicos de primeira linha e especialmente montada para a ocasião. Os arranjos, perfeitos e inspirados, foram preparados pelo músico Tião de Oliveira. Frei Florival Mariano Toledo e Frei Paulo César Ferreira fizeram a animação e a imensa multidão cantar.

A Festa da Penha terminou com projeções de imagens, música e narrativa sobre a história da padroeira e do Convento da Penha, refletidas em um espelho d’água de 20 metros de largura por 10 metros de altura, um espetáculo idealizado pelo artista italiano Valério Festi.  O padre João Carlos Ribeiro encerrou com um show, cantando seus sucessos e de outros compositores católicos.

(*)  A 3ª Ponte foi a maior obra já realizada no estado e uma das maiores do Brasil, tornando-se um dos cartões-postais das duas cidades e do estado. O povo apelidou-a de Terceira Ponte logo que foi anunciado o projeto de sua construção, devido às duas outras pontes que já existiam anteriormente ligando Vitória a Vila Velha.

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