Moacir Beggo (*)
São Paulo (SP) – A 450ª edição da Festa da Penha, que neste ano está sendo realizada virtualmente, chegou ao terceiro dia do Oitavário, com a Celebração Eucarística às 19h30. Dois jovens padres presidiram a Santa Missa: Pe. Edmilson Boechat de Castro, vigário na Paróquia São Francisco de Assis, em Vitória; e Pe. Rodrigo Costa, da Paróquia Sagrada Família, em Cariacica. Os dois, recém-ordenados, celebraram pela primeira vez na pequena e histórica capela do Convento da Penha, juntamente com os frades que ali residem.
Nesta celebração, lembrou-se a terceira alegria de Nossa Senhora: a visita à sua prima Isabel. “Como todos os anos, dentro da Oitava da Páscoa, celebrando a alegria da ressurreição do Senhor, todo o povo capixaba tem a graça de celebrar a sua Padroeira, a Virgem das Alegrias, meditando as suas alegrias e colhendo os frutos da ressurreição do Senhor”, explicou Pe. Rodrigo, que fez a homilia.
“Este ano, por conta da situação que vivemos, situação especial em todo o mundo, não podemos estar juntos fisicamente, mas permanecemos unidos na mesma fé, no amor do Ressuscitado e no amor para com nossa Mãe Maria”, saudou o pregador. “Peçamos, meus irmãos e irmãs, que Nossa Senhora também nos ajude a conjugar as tristezas e as alegrias nos diversos acontecimentos de nossa vida”, acrescentou.
Tomando a Palavra de Deus nesta terça-feira da Oitava da Páscoa, retirada do Evangelho de João, Pe. Rodrigo citou a pergunta do próprio Jesus a Madalena: ‘Mulher, por que choras?’ “Levaram o meu Senhor e não sei onde colocaram”, disse Madalena pensando em se tratar do jardineiro.
“Maria Madalena ainda não havia compreendido o que aconteceu. Suas palavras e atitudes não estavam totalmente equivocadas, porque ela chorava e lamentava por não ter mais o corpo do Senhor. Sua dor é expressão do profundo amor que sentia pelo Senhor”, explicou o sacerdote.
Segundo Pe. Rodrigo, a pergunta que Jesus dirige a Maria Madalena é direcionada a nós: “Por que choras?”. “Quantas vezes, meus irmãos e minhas irmãs, quando o peso da dor, da morte, nos visita e nos toma, retirando nossas forças e nossas esperanças, agimos como Maria Madalena? Queremos nos agarrar às nossas frágeis seguranças, aqui simbolizadas pelo corpo inerte do Senhor. Ou mergulhamos no medo e no desespero, esquecendo Aquele que foi vitorioso sobre o pecado e a morte”, sublinhou.
Segundo Pe. Rodrigo, de modo especial nessa pandemia que estamos vivendo, em que a realidade da morte está tão próxima de nós e a incerteza quanto ao futuro toma conta do nosso coração, “somos convidados pelo Cristo Ressuscitado a darmos mais um passo em nossa fé, como ele convidou Maria Madalena, procurando não a morte mas a vida, cultivando a alegria, servindo generosamente a quem precisa da nossa ajuda, na certeza de que, nesses lugares, Ele mesmo virá ao nosso encontro nos chamando pelo nome, enxugando as nossas lágrimas e ajudando a seguirmos em frente”, consolou.
Pe. Rodrigo também refletiu sobre a alegria de Maria ao vistar sua prima Isabel, conforme Lucas 1,39-45. “Uma imagem que tem muito a ver com a realidade da ressurreição e com a atitude que devemos cultivar vivendo já agora como ressuscitados. Maria nos ensina a acolher o Senhor e dar-Lhes um lugar que Ele deve ter em nossas vidas. Mas, para acolher alguém, é preciso sairmos de nós mesmos. Deslocarmos fisicamente ou interiormente como fez Maria. Primeiro em sua atitude de fé, acolhendo a missão que o Senhor lhe confiara. Tanto Maria quanto Isabel saem de si mesmas para se acolherem mutuamente e, nessa acolhida, receber o próprio Senhor como Isabel exclama: ‘Bendito é o fruto do vosso ventre’, reconhecendo que naquela jovem simples e humilde de Nazaré estava a Mãe do Senhor”, ensinou.
“Maria é, então, o modelo do discípulo que abre mão das próprias preocupações e interesses, ainda que às vezes legítimos, para receber a novidade do Senhor que nos alegra e engrandece profundamente. ‘A minha alma engrandece o Senhor e meu Espírito exulta em Deus meu Salvador, porque olhou para a condição de sua serva’, é o que canta Maria, louvando as grandes maravilhas em sua vida”, destacou Pe. Rodrigo.
Para ele, os frutos da Ressurreição do Senhor só poderão ser experimentados quando saímos de nós mesmos, das nossas preocupações, quando nós rompemos a casca do medo e passamos a assumir a nossa vida e a enxergar o que acontece a nossa volta com o novo olhar da Páscoa do Senhor. “Será que neste momento que vivemos não é esta graça que devemos pedir e a atitude que devemos tomar? De aprender a olhar com olhos do Ressuscitado tudo aquilo que nos acontece?”, questionou.
“Para terminar, é verdade que somos pequenos e frágeis, nossa fé nem sempre é forte o suficiente diante da provação, mas o Senhor Ressuscitado não cessa de nos chamar a acolhê-Lo em sua vida, como em Maria e em Madalena, sua fiel discípula. ‘Eis que estou à porta e bato’ é a Palavra que o Senhor dirige a nós também”, enfatizou, lembrando que se O acolhermos em nossa casa, a vida, o amor, a esperança, que são frutos da ressurreição, nos darão forças para caminhar.
“Abra então, meu querido irmão, minha irmã, também a porta do seu coração e receba-O como recebeu Isabel; seja sua testemunha como anunciou Maria Madalena; sirva os que mais precisam como O serviu nossa Mãe Maria. E que a Virgem da Penha nos ajude a viver as alegrias da Ressurreição e que a tristeza não tome conta do nosso coração!”, desejou.
Pe. Edmilson agradeceu aos frades pela oportunidade de celebrar neste dia sua Primeira Missa na capela do Convento, e Pe. Rodrigo, representando o povo de Cariacica e Viana, também fez os seus agradecimentos.
O guardião do Convento, Frei Paulo Pereira, agradeceu e pediu muitos ‘vivas virtuais’ para os novos sacerdotes.
Segundo ele, se hoje houvesse a Festa da Penha nos moldes tradicionais, seria a Noite dos Casais, que costuma lotar o Campinho. Mas, mesmo virtualmente, convidou os casais para rezarem nesta noite. “Deus nos chamou para viver o dom do matrimônio. Ninguém casa para si mesmo, mas faz o exercício da solidariedade”, disse Frei Paulo, pedindo que os casais dessem as mãos em suas casas e rezassem, cantando a “Oração da Família, do Pe. Zezinho.
Frei Paulo pediu aos devotos que participem do Mural Virtual enviando uma foto da fauna e flora feita durante uma visita ao Convento (o número do Whatsapp está na foto).
Neste ano, a festa tem como tema “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). O canto profético de Maria no “Magnificat” prefigura o imenso carinho e devoção pela Virgem que marcou e marca todos aqueles que a celebraram nestes 450 anos de tradição. A festa da Penha é fruto de uma semente lançada por Frei Pedro Palácios em 1558, quando chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses e desembarcou nas terras capixabas. O frade espanhol trouxe na sua bagagem um painel de Nossa Senhora das 7 Alegrias, que foi colocado numa gruta e deu origem à devoção franciscana que vem até hoje. Ao longo do tempo, essa devoção cresceu e foi construído o Santuário para a Mãe de Deus no ponto mais alto do penhasco. Desde então, romeiros visitam o Convento durante todo o ano.
A programação está disponível nas redes sociais do Convento da Penha através do Facebook (link) | Instagram (link) | Canal do YouTube (link).
O Oitavário também está sendo transmitido diariamente pelo site do G1/ES (https://g1.globo.com/es/espirito-santo).
Nesta quarta-feira, 15 de abril, a Festa da Penha terá a seguinte programação:
6h00 – Bênção do dia, com Padre Renato, na TV Gazeta
12h00 – Terço Mariano – no Instagram e Facebook do Convento da Penha
13h00 – Exibição do Programa Salve Mãe das Alegrias, ao vivo no Instagram, Facebook e Canal do YouTube do Convento da Penha
15h00 – Missa ao vivo no Instagram, Facebook e Canal do YouTube do Convento da Penha
19h30 – Quarto dia do Oitavário – Missa, ao vivo no G1/ES e no Instagram, Facebook e Canal do YouTube do Convento da Penha
20h30 – Festival Amor e Esperança, com apresentações artísticas ao vivo no Instagram da TV Gazeta
(*) Com a transmissão ao vivo pelo Convento da Penha