Morre, aos 93 anos, Sr. Theodoro do Bandolim

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Foto: Bernardo Coutinho

Paz e Bem!

Faleceu na tarde desta sexta-feira (20/09), aos 93 anos, o músico devoto de Nossa Senhora da Penha, Sr. Theodoro Effgen. Ele estava internado no Hospital Santa Rita de Cássia em Vitória, desde a última semana, em decorrência de uma infecção.

Quem costuma participar das Missas da Saúde, toda quarta-feira, deve se lembrar do carinho e empenho do aposentado que ficava sentadinho tocando bandolim com a equipe de música. Alguns o chamavam de “Sr. Theodoro do Bandolim” ou mesmo “Teadoro”.

Todos os dias, com chuva ou sol, o sr. Theodoro já estava subindo a montanha da Penha para participar da primeira Missa do dia, (das 6h), era como Ministro da Sagrada Eucaristia e depois de um tempo, como músico nas celebrações matinais e também na Missa da Saúde, nas quartas-feiras. Esse ritual era repetido há mais de uma década e também na Festa da Penha, ajudando a embelezar, dar mais vida ao Oitavário com o som do bandolim na Orquestra e Coral do Convento.

Sr. Theodoro fazia questão de subir aos domingos, para a Missa das 5h, afim de participar da Missa, e como costumava brincar “estava com 39 anos, não 93”. Ele esquecia que suas pernas doíam na subida,  esquecia as dores na coluna e até a superação de um câncer em duas cirurgias, tudo para estar próximo de Nossa Senhora da Penha. “Eu me coloquei nas mãos de Nossa Senhora e ela está me mantendo até hoje” (confessa esse músico, querido por todos da equipe, em entrevista para o site da Província Franciscana em 2012).

Theodoro Effgen nasceu em Guarapari, Espírito Santo. De família alemã, casou com a italiana Belinha, ou Josefina Maria Maiolly, com quem viveu por 78 anos e teve o filho João Bosco. “Mas adotei Vila Velha como a minha cidade. Adoro este lugar, onde estou há mais de 50 anos. Quer maior privilégio do que se levantar e poder olhar para o alto e admirar a morada de Nossa Senhora?”, revelou Sr. Theodoro, ainda em 2012. Quando era jovem, seus colegas brincavam com ele chamando-o de “hóstia divina”, por causa da música “Eu te adoro hóstia divina…”

Ele fazia parte de um grupo que há mais de 25 anos participa de celebrações no Convento e em Missas da Festa da Penha em um ato de fé e devoção à Padroeira do Espírito Santo. “Eu passei um tempo visitando o Convento em dias de feriado e domingos. Depois que me aposentei, achei mais tempo e pessoas para me acompanhar, como Jerônimo, de 74 anos, uma pessoa que considero um grande irmão e passou a fazer o musical do Convento na Missa das 6h. Como ele é cantor e eu músico, formamos uma dupla e tocamos por muito tempo todos os dias nessa Missa. Depois ainda encontrei outro grupo maravilhoso e me integrei”, relata Theodoro em entrevista ao jornalista Sullivan Silva.

Fiéis de Nossa Senhora da Penha tocam todos os anos durante a festa dedicada à Padroeira
Foto: Fernando Madeira – Gazeta Online

Sr. Theodoro era um grande exemplo para todos, especialmente para aqueles que percebiam a perseverança, o esforço, a fé e o amor dele pela vida, foi o que justamente destacou o Frei Paulo César. “Cumpriu exemplarmente a sua missão. Seja acolhido entre os benditos do Pai! Celebremos na intenção da alma deste grande homem, sr. Theodoro”, afirmou o frei.

Frei Pedro de Oliveira disse: “Recebi ainda a pouco a triste notícia do falecimento do seu Theodoro. Na quarta-feira passada na Missa como sempre gostei de brincar com ele e ele comigo, o perguntei como estava e este me respondeu: ‘melhor do que mereço!’. Sempre alegre e sorridente com a vida. Quando o mesmo ia ao médico, gostava de lhe perguntar como estava o carro. Este sorria e dizia: ‘as porcas estão frouxas, os parafusos sem rosca e a bateria fraca!’. O bandolim emudeceu pois seu tocador não mais o tocará, mas hoje no céu tocador e instrumento, tocam para que os anjos cantem em todos os tons de vozes: Virgem da Penha minha alegria finalmente chegou o dia que muito esperei estar contigo na eternidade Ave Maria! Que a Virgem das Alegrias acolha em seus braços a alma do nosso querido Theodoro. Paz e bem!”


Assista abaixo reportagem do Gazeta Online gravada em abril deste ano


DEVOÇÃO

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A devoção por Nossa Senhora da Penha é antiga. O aposentado de 93 anos frequentava o Convento desde 1938 e guardava uma incrível história com a Santa: se interessou a tocar bandolim após perceber um anjo na imagem com o instrumento nas mãos. “Observando a imagem lá do nicho do Convento, vi que na frente de Nossa Senhora tinha uns 10 ou 12 anjos que acompanham a imagem, onde tem um que toca um bandolim ao lado dela. Então disse: vou pegar meu bandolim e fazer a mesma coisa durante as missas do Convento”, relembrou o aposentado.

Para estar no convento todo dia cedo, Sr. Theodoro levantava às 3 horas da manhã: “Já me acostumei. Se dormir mais não me sinto bem”, dizia. O problema é quando participa dos ensaios e círculos bíblicos que passam das 10 horas da noite. “Mentalmente, sinto-me como se tivesse 18 anos. E isso faz com que não entregue os pontos. Fiz
uma porção de exames que acusaram tanta ‘coisa com o nome de ose’, mas não me abato. Desde que fiz uma cirurgia, perdi a sensibilidade nas pernas devido à anestesia. O resto a gente vai levando”, contou Theodoro.


VELÓRIO E SEPULTAMENTO

Informamos que o velório do Sr. Theodoro (bandolinista) ocorrerá amanhã, sábado (21), a partir das 8h, no Parque da Paz, na Rodovia do Sol. O enterro será na sequência, às 10h30.

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