O Santuário de Vila Velha, grande em tamanho se fez pequeno, em simplicidade e gratidão, na tarde do dia 21 de janeiro, para o jubileu de 50 anos de Vida Religiosa de Dom Frei Leonardo Ulrish Cardeal Steiner, Frei José Clemente Müller e Frei Fernando Inácio Peixoto.
O comentário inicial foi feito pelo pároco Frei Vanderlei Neves, que acolheu a todos os presentes, de modo especial os amigos de frei Clemente, os frades do onvento da Penha e de Angola e o arcebispo de Vitória, Dom Frei Dario Campos.
A presidência da missa festiva começou com Dom Dario, que num gesto simbólico pediu a Dom Leonardo que continuasse a celebração e deu boas-vindas aos jubilandos que vieram de fora, desejando que sentissem acolhidos nas terras capixabas e também relembrou que ele e os freis jubilares estudaram juntos, no início de sua caminhada vocacional em 1963.
A 1ª Leitura fora proferida por uma amiga de Frei Clemente e a homilia foi feita por Frei Clarêncio Neotti, que iniciou sua reflexão dizendo: “Todos vós sois irmãos, peço licença para não usar títulos como excelentíssimo e reverendíssimo, para chamá-los de irmãos”. Confira um trecho de suas sábias palavras:
Hoje é um dia de soma por que celebramos 50 anos do dia em que vocês, conscientes e generosos, somaram a sua pessoa às milhares de pessoas que somaram o seu ‘sim’ ao ‘sim’ de São Francisco! ‘Sim’ este que se somou ao ‘sim’ de Jesus! O Evangelho de Jesus que São Francisco quis e vocês quiseram como regra: A regra de vida dos franciscanos.
Os três votos: a castidade, a pobreza e a obediência, juntos, formam o voto do desapego, a proposta mais difícil de todo o Evangelho. O cavalo, no tempo de Francisco, simbolizava a vaidade, o poder. Quando Francisco desce do seu cavalo, solta o seu ego prepotente e quando beija o leproso, simboliza o voto da castidade, o desapego total de todas as coisas! O esvaziamento e a renúncia de todas as vaidades.
Vai e repara a minha casa…. Espantado, Francisco tratou de obedecer. É o voto de obediência. Escutou a voz e obedeceu. O verbo obedecer tem tudo a ver com o verbo ouvir. Francisco ouviu e obedeceu e, desde aquele momento, jamais deixou de obedecer a Deus. Francisco, neste momento, apaixona-se pelo Crucificado e viveu crucificado o resto da vida!
Franciscom ansioso por completar a sua consagração, ainda não entendia a vontade de Deus. Francisco despe as roupas, joga nos braços do Pai e diz a todos: ‘irei nu ao encontro do meu Senhor’. Era a profissão da pobreza total. Riqueza do ser! O desnudamento toma sentido pleno quando Francisco caminha ao encontro do seu Senhor!
Para nós, Franciscanos, no Cristo crucificado os três votos se entrelaçam, se amarram e parecem amarrar, mas são a maior vivência da liberdade! Francisco é o homem da liberdade, para qual só o Cristo era suficiente.
Vocês, hoje, agradecem estes três votos que simbolizam a entrega total ao Cristo Crucificado! Não são 50 anos de atividades apostólicas que nós estamos celebrando hoje, mas 50 anos de Evangelização prévia, os 50 anos da castidade, da Renúncia que chamou de pobreza e a obediência ao Cristo Crucificado!
Bendita aquela hora de vocês, bendito aquele momento de vocês, bendita seja a escolha de vocês, bendito seja Deus, que escondeu estas coisas aos sábios deste mundo e revelou a vocês pequenos, da Ordem dos Menores, para ser perfume do Cristo bendito neste mundo!
Logo após, foi momento dos três frades realizarem a renovação dos votos religiosos fronte ao altar do Senhor, com velas acesas, confeccionadas especialmente para este dia tão importante em suas vidas.
Ao final da missa, o cardeal lembrou: “50 anos atrás com muita alegria nós fazíamos nossos primeiros votos, ao som do ‘Veni Creator’. E sempre cantávamos o ‘Veni Creator’, e o Espírito Santo, nos iluminou demais!”
Dom Leonardo contou a trajetória como bispo e a sua saudade dos confrades, de como na sua primeira experiência, como bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, aprendeu com os pobres a ser Igreja. Nos momentos mais difíceis sempre recorria aos textos do Pai Francisco.
Tudo é graça, e a gratuidade é que nos alimenta, nos realiza e nos coloca de pé! Nossa espiritualidade Franciscana é a dos pobres e a de viver no meio dos pobres! É uma espiritualidade que sempre vai nos guiando no meio dos pobres! Cada vez fica mais evidente a necessidade de compreendermos a casa comum, a necessidade de cuidarmos de todas as criaturas! Estamos necessitados de fraternidade, de reconciliação. Francisco vai ao encontro do lobo e o consegue amansar, pois vive da gratuidade!, completou Dom Frei Leonardo.
Em seguida, a coordenadora do Santuário do Divino Espírito Santo fez uma homenagem em nome da Paróquia Nossa Senhora do Rosário e presenteou aos três com singelas lembranças. Dom Dario finalizou com a bênção e todos os presentes foram convidados a uma confraternização para parabenizar os frades por tamanho serviço.
Fonte: Pascom da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Vila Velha