Paz e Bem.
A Igreja Católica vive o Ano Santo de 2025. Com o lema “a esperança não decepciona”, inspirado na Carta aos Romanos 5,5, a Arquidiocese de Vitória definiu algumas Igrejas em todas as áreas pastorais, como locais de peregrinação. Entre eles, o Convento da Penha.
Ano Jubilar é celebrado a cada 25 anos, num convite para os fiéis aprofundarem o relacionamento com Deus, intensificando atos de misericórdia e reconciliação. Um tempo especial de remissão e perdão, ocasião para viver intensamente a cura e a libertação dos pecados e de outras “dívidas” que pesam sobre as vidas e as almas.
A possibilidade de pedir e obter indulgências é parte integrante e relevante da tradição dos Jubileus «Não é por acaso que, na antiguidade, o termo «misericórdia» era cambiável com o de «indulgência», precisamente porque pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites», escreve o Papa Francisco na Bula que anuncia o Jubileu de 2025 (Spes non confundit § 23).
A palavra “jubileu” tem origem relacionada historicamente ao nome em hebraico yobel, o chifre de carneiro que era usado para marcar o início do ano particular que era convocado a cada 50 anos, como contado no livro do Levítico (cf. Lv 25, 8-13). Esse ano era o ano “extra” vivido além das sete semanas de anos. Sua proposta no Antigo Testamento era ser ocasião para restabelecer uma correta relação com Deus, entre as pessoas e com a criação, e implicava a remissão de dívidas, a restituição de terrenos arrendados e o repouso da terra.
Na história da Igreja Católica, o primeiro Jubileu foi convocado pelo Papa Bonifácio VIII, no ano 1300. Tradição que se estende até agora, os jubileus têm vários elementos que se relacionam. São eles:
– a bula de convocação;
– a temporalidade (a cada 100 anos, 50 anos, 33 anos e 25 anos);
– a peregrinação a Roma e à Porta Santa;
– os exercícios de piedade e a frequência aos sacramentos;
– as indulgências.
O Jubileu de 2025, chamado de Jubileu da Esperança, será marcado por um período especial de perdão, reconciliação com Deus e renovação espiritual. O Papa Francisco, na Bula de Proclamação do Jubileu da Esperança, fala que este será o momento “para oferecer a experiência viva do amor de Deus, que desperta no coração a esperança segura da salvação em Cristo”.
Na Bula de proclamação do Jubileu o Santo Padre diz:
“A esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: «Se de fato, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida” (Rm5, 10). E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo. Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida. Com efeito a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino: ‘Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (…) Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças Àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rm8, 35.37-39).
“A esperança não engana” (Rm 5, 5). A mensagem da Carta de São Paulo aos Romanos é o título da Bula de Proclamação do Jubileu, o documento que detalha as intenções do Papa com a celebração, bem como orienta a sua vivência. A esperança, assim, é a mensagem central do Jubileu 2025.
“Possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, ‘porta’ de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a ‘nossa esperança’ (1 Tm 1, 1)[…] Por isso mesmo esta esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida. A propósito escreve Santo Agostinho: ‘Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três propensões da alma: crer, esperar, amar’”, escreveu o Papa Francisco.
No início de sua pregação, na Sinagoga de Nazaré, Jesus retoma esse horizonte judaico do Jubileu, dando-lhe um novo e último significado: Ele mesmo é o rosto de Deus que desceu à terra para redimir os pobres e libertar os cativos, para manifestar a compaixão do Pai para com aqueles que estão feridos, caídos ou sem esperança.
Jesus, de fato, vem para libertar de toda escravidão, para abrir os olhos dos cegos, para libertar os oprimidos (cf. Lc 4,18-19). Em tal programa messiânico, o Jubileu se expande para abranger todas as formas de opressão na vida humana, tornando-se assim uma ocasião de graça para a libertação daqueles que se encontram na prisão do pecado, da resignação e do desespero, para a cura de toda cegueira interior que não nos permite encontrar Deus e ver o próximo, para despertar novamente a alegria do encontro com o Senhor e, assim, poder retomar o caminho da vida no sinal da esperança.
A celebração do jubileu é marcada por um período especial de perdão e reconciliação com Deus e renovação espiritual. Dom João Justino explica que os símbolos, as preces e os ritos jubilares “servem como prelúdio para uma rica experiência de graça, de misericórdia e de perdão”. Assim, vivenciar o jubileu é fazer parte de um tempo de graça.
Esse caminho proposto pelo Papa começou com dois passos: o estudo dos documentos do Concílio Vaticano II, em 2023, e a redescoberta da oração, em 2024. No ano jubilar, a peregrinação representa um elemento fundamental, como explicou o Papa Francisco:
“Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida. A peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade. Também no próximo ano, os peregrinos de esperança não deixarão de percorrer caminhos antigos e modernos para viver intensamente a experiência jubilar”.
Em âmbito universal, as peregrinações a Roma, nas basílicas e às Portas Santas; em âmbito local, de acordo com a definição de cada (arqui) diocese para os locais de peregrinação e obtenção de indulgências. O Convento da Penha é uma Igreja Jubilar, ou seja, é possível viver o Jubileu 2025 no Santuário de Nossa Senhora da Penha.
Uma das grandes riquezas vivenciadas em um Ano Santo é a oportunidade de obter indulgências plenárias.
A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal ocasionada pelos pecados. Mesmo após a Confissão, quando a culpa do fiel é perdoada por este sacramento, as consequências do pecado permanecem e é por meio das indulgências que elas são apagadas. As indulgências, parciais ou plenárias, podem ser aplicadas para si mesmo ou para alguma alma no Purgatório.
“Todos os fiéis verdadeiramente arrependidos, excluindo qualquer apego ao pecado e movidos por um espírito de caridade, e que, no decurso do Ano Santo, purificados pelo sacramento da Penitência e revigorados pela Sagrada Comunhão, rezem segundo as intenções do Sumo Pontífice, poderão obter do tesouro da Igreja pleníssima Indulgência, remissão e perdão dos seus pecados, que se pode aplicar às almas do Purgatório sob a forma de sufrágio”, enfatiza o documento da Penitenciaria Apostólica sobre a Concessão de indulgências no Jubileu.
As indulgências podem ser consideradas formas com que a Igreja manifesta a misericórdia de Deus aos seus fiéis. Por meio delas, a misericórdia Divina alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado.
Os documentos da Igreja ensinam que, com a indulgência, ocorre a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa. Assim, após a reconciliação pelo Sacramento da Penitência – com perfeita contrição, sem nenhum afeto ao pecado -, e cumpridas as demais condições, o fiel recebe graças especiais para a remissão de algum “resquício do pecado”.
Qualquer pessoa batizada e não excomungada pode obter indulgências. Para lucrá-las, o fiel batizado deve estar na graça de Deus, isto é, sem pecado mortal, porque a dívida da pena temporal não pode ser perdoada senão após o cancelamento da culpa e a remissão da pena eterna operada pelo Sacramento da Confissão ou, na impossibilidade de confessar-se, por um ato de sincera contrição, com o propósito de buscar o sacramento da penitência assim que possível. É necessária, ademais, a intenção de obter a indulgência, pois o benefício é concedido apenas a quem positivamente pretende recebê-lo.
Os requisitos para alcançar a indulgência nesses locais são a visita piedosa, individualmente ou em grupo; a dedicação de um período adequado à adoração eucarística e à meditação, concluindo com o Pai-Nosso, a Profissão de Fé em qualquer forma legítima e invocações a Maria, Mãe de Deus. Além do mais, no primeiro ponto são citadas as participações na Santa Missa, na celebração da Palavra de Deus, na Liturgia das Horas, na Via-Sacra, no Rosário Mariano, no hino Akathistos ou numa celebração penitencial.
Para obter a Indulgência Plenária, além de cumprir o ato ao qual a Igreja agrega a indulgência, devem ser sempre cumpridas as seguintes condições:
– confessar-se (a confissão deve ser “individual e íntegra”);
– receber a comunhão eucarística;
– rezar de acordo com as intenções do Papa (por exemplo, um Pai Nosso e uma Ave Maria).
A Arquidiocese de Vitória definiu algumas Igrejas em todas as áreas pastorais, como locais de peregrinação. Entre eles, o Convento da Penha. “O jubileu na Arquidiocese de Vitória é um momento especial para nos conscientizarmos que, como cristãos, somos peregrinos e portadores de esperança. É importante mantermos presente em nossa vida que a proposta do jubileu é, essencialmente, ação de graças a Deus por ter se tornado humano e nos resgatado à condição de filhos e filhas em Jesus Cristo. Sigamos com esse propósito, incluindo em nossa vida espiritual o desejo de sermos peregrinos de esperança, pessoas que colocam sua confiança em Deus e o comunicam com Fé, Esperança e Caridade”, anima Dom Frei Dario Campos, Administrador Apostólico da Arquidiocese de Vitória.
Os locais de peregrinação na Arquidiocese de Vitória são:
1. Área Pastoral Vitória
- Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Vitória – Centro
- Santuário Basílica Santo Antônio de Pádua – Santo Antônio
- Matriz São Francisco de Assis – Jardim da Penha
2. Área Pastoral Vila Velha
- Convento da Penha – Prainha
- Comunidade Nossa Senhora dos Navegantes – Ponta da Fruta
- Matriz Santa Teresinha do Menino Jesus – Paul
3. Área Pastoral Cariacica / Viana
- Matriz São João Batista – Cariacica-Sede
- Matriz Nossa Senhora da Conceição – Viana-Sede
- Santuário Bom Pastor – Campo Grande
- Igreja Nossa Senhora da Ajuda – Araçatiba -Viana
4. Área Pastoral Serra / Fundão
- Matriz Nossa Senhora da Conceição – Serra-Sede
- Matriz São Francisco de Assis – Laranjeiras
- Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima – Bairro de Fátima
- Igreja Três Reis Magos – Nova Almeida
5. Área Pastoral Benevente
- Matriz Antiga Nossa Senhora da Conceição – Centro, Guarapari.
- Santuário Nacional de São José de Anchieta – Centro, Anchieta
- Matriz Nossa Senhora da Conceição – Centro, Alfredo Chaves
6. Área Pastoral Serrana
- Matriz São Sebastião – Centro, Afonso Cláudio
- Matriz Santa Isabel – Santa Isabel, Domingos Martins
- Matriz Sagrada Família – Santa Leopoldina
Fontes: Vatican News, Diocese de São José dos Campos, Arquidiocese de Vitória e CNBB