Paz e Bem.
A Solenidade da Imaculada Conceição de Maria foi celebrada com muita alegria em todas as Missas no Convento da Penha. A Solene Liturgia das 15h30 foi presidida pelo Guardião, Frei Gabriel Dellandrea, com presença dos confrades Pedro Engel e Jorge Lázaro. O dogma da Imaculada, isto é, Maria foi preservada desde sua concepção de toda mancha do pecado original, é meditado pela Ordem dos Frades Menores com fiel devoção, tanto que a Província a qual os franciscanos do Convento pertencem tem a Imaculada como padroeira.
Ao iniciar a Missa, Frei Gabriel reforçou exatamente esse sentido de devoção: “Assim como a Capela do Convento da Penha se preenche de fiéis, é também a Virgem Maria que é cheia de graça. Por isso hoje celebramos a Solenidade em que recordamos a bondade de Deus que concede a uma de suas filhas, a graça de ser Imaculada, vencedora do pecado para assim abrir-se a graça de ser a Mãe do Salvador. Queremos agradecer e louvar a Deus por tamanha bondade que é capaz de elevar nossa humanidade a essa sensação que estamos pertos de Deus e que temos uma Mãe que está olhando por nós, que nesta vida foi Imaculada”, comentou.

“Nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil guarda com especial devoção e carinho este dogma de fé, promulgado pela igreja e que também intercede e dá nome à instituição que cuida do Convento da Penha, a nossa Província que neste ano completa 350 anos de fundação. Por isso é com muita alegria que hoje nos reunimos nessa celebração”, disse o Guardião ao saudar todos os franciscanos, especialmente os irmãos da Ordem Franciscana Secular que estiveram presentes da Missa.
No dia 8 de dezembro de 1854, o papa Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora: “É doutrina revelada por Deus – em que, portanto, todos os fiéis têm de acreditar firme e constantemente – que a Virgem Maria, por graça e privilégio de Deus todo-poderoso, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, no primeiro instante da sua concepção”. A definição desse dogma veio coroar um sentimento comum do povo de Deus, que, desde os primeiros séculos da Igreja, entendeu que Maria foi “totalmente santa e imune de toda mancha de pecado (Imaculada), modelada e feita nova criatura pelo Espírito Santo” (cf. Lumen Gentium, 56). Maria, para nós, é modelo de vida santa e estímulo para evitarmos toda forma de pecado.
Na homilia, Frei Gabriel fez uma analogia da Primeira Leitura (Gn 3,9-15.20) com o Evangelho (Lc 1,26-38), um “contraste” entre a desobediência humana, presente no episódio bíblico de Adão e Eva, e a obediência plena da Virgem Maria, cuja Imaculada Conceição é celebrada pela Igreja. “O pecado de Adão e Eva é a desobediência. O de se acharem tão bons que não precisam seguir a lei divina. Parece até uma nação que eu conheço que quando compra qualquer produto nunca lê o manual de instruções. Eu duvido que nós brasileiros lemos o manual de instruções. Aí depois que estraga a gente vai ver. Assim como nós fazemos também às vezes fazemos com Deus. Não lemos o manual de instruções que é a Sagrada Escritura que é a vontade de Deus para nós. Mas saímos usando como se soubéssemos fazer tudo com aquilo que Deus nos dá. A leitura do manual de instruções nos ajudaria muito a acertar o bom uso das coisas e também se soubéssemos ler o manual de instruções da nossa vida”.

O frade lembrando uma cena comum da infância, quando, diante de uma travessura, uma criança tenta atribuir a culpa a outra. Ilustrando a tendência humana de se esquivar de responsabilidade. A partir daí, relacionou a atitude às justificativas de Adão e Eva no livro do Gênesis, destacando que o verdadeiro pecado do casal primordial não está no fruto proibido em si, mas na soberba e na desobediência, na pretensão humana de querer “ser igual a Deus”.
“Deus chega para Adão e pergunta ‘por que você se vestiu?’ Ah, porque eu estava com vergonha. ‘Ah, mas então você comeu a fruta que eu não deixei comer?’. Foi a mulher que mandou. Aí Deus vai lá falar com a mulher, porque Deus é certo. Ele vai tentar tirar a prova real. Aí o que a mulher fala? ‘Mas foi a cobra que mandou’. Aí daqui a pouco só faltava a cobra dizer foi a árvore que mandou. A árvore vai dizer foi a pedra que mandou e assim cada um vai dando uma desculpa para fugir da sua desobediência. Na primeira leitura, portanto, nós vemos esse povo que é meio liso e que quer se esquivar da responsabilidade. Tudo isso porque desobedeceram a ordem que Deus colocou de viver tudo em harmonia. E só tinha uma coisa que Adão e Eva não podiam fazer, mas eles foram lá e fizeram. É igual quando você fala para a criança não pode subir a escada, aí que ela sobe. Assim, Deus também disse para Adão e Eva: ‘vocês não podem comer daquela árvore, porque ali é o fruto do conhecimento do bem e do mal'”, explicou.

Apesar das fragilidades da humanidade e seus pecados, Frei Gabriel destacou que a liturgia da Solenidade da Imaculada não é sobre derrota, mas sobre esperança. “Não estamos aqui para celebrar a derrota do ser humano. Viemos a esta Eucaristia para celebrarmos a graça de Deus que, apesar da desobediência humana, continua se abrindo a nós todos os dias em todos os momentos e nos convidando: vem, vem para o meu Reino de amor! E como se não bastasse o convite do Senhor, nós viemos aqui celebrar a vida também de uma mulher que se abriu à graça de Deus e é Imaculada e portanto deixa para nós a certeza de que sim, é possível vencer a maldade humana com a obediência a Deus e com humildade. Mas com Maria também aprendemos que é preciso entender bem os convites que Deus nos faz. Quando o anjo Gabriel convida a Virgem Maria ela pergunta: ‘mas como acontecerá isso e como que vai ser? Ela põe perguntas ao anjo. É sinal de alguém que quer obedecer, mas quer entender bem, para obedecer melhor.
“Deus convida-nos mas também indica-nos o caminho do comprometimento e assim como a Virgem Maria perguntou ao anjo como seria, também nós podemos perguntar a Deus e assim como em Maria, Deus responderá as inquietações dos nossos corações. Basta que lembremos as quantas respostas que Deus já nos deu. Nós não fazemos a nossa vontade. Nós não obedecemos aquilo que nós queremos mas diferente de Adão e Eva nós queremos obedecer a Deus aquele que tem a melhor vontade para nós. Aquele que realmente assim como fez em Maria pode fazer em cada um de nós resgata a nossa humanidade e nos coloca dignos do seu amor não pelo que fazemos. E é assim que entendemos a Imaculada Virgem Maria. Deus a preservou. Deus a convidou para que ela fosse um sinal de que a humanidade deu certo. Só que a gente tem que seguir o exemplo das pessoas certas. Quem queremos escolher? Aqueles que desobedeceram a Deus e por isso saíram da inocência ou aquela que totalmente obediente é levada aos céus de corpo e alma pela sua santidade. Nessa Eucaristia olhemos para a Virgem Maria e percebamos o seu modelo de virtude de “sim” de total entrega a Deus e somos convidados também nós a fazermos a nossa entrega total a Ele”, finalizou.ao Convento da Penha em busca de paz, esperança e encontro com Deus.
















































