Paz e Bem!
Quem acompanha a vida e missão do Convento da Penha já notou que a mata do entorno do Santuário não está completamente “verdinha” como estávamos acostumados. As árvores, em sua maioria, estão com poucas folhas e os galhos estão praticamente secos. O verde bem forte e marcante deu lugar ao “marrom em tom amarelado”. Tal situação não é um fenômeno, tampouco uma novidade, mas é um tanto preocupante. Há alguns dias o Espírito Santo vive uma seca rigorosa. Só na Grande Vitória não chove em abundância desde fevereiro.
Diversas regiões não apenas o Estado mas de vários outros municípios vivem o flagelo da ausência de precipitação (chuva). Tal deficiência pode ser explicada por fatos naturais, mas principalmente pela ação do homem, pela ação que só visa lucro e degradação dos biomas naturais.
Diante dessa situação, a Fraternidade Franciscana do Convento da Penha tem insistido nos alertas e nos apelos de oração pela chuva na medida certa. “Estamos precisando dessa água tão necessária para nosso Espírito Santo, para nossas famílias, nossas lavouras, nossas plantações. A gente acompanha a situação do interior, dos agricultores, aqueles também que cuidam do seu gado, trabalham na roça… Como têm sofrido com a falta de chuva! Aqui no Convento quem observa a mata seja pela Terceira Ponte ou pela estrada de acesso ao Campinho, está percebendo que a mata está extremamente seca, por isso a gente pede oração para que veja a chuva na medida certa e pedimos também que vocês tenham cuidado para não acendam velas e não fumem a partir do portão principal do Convento, é um apelo que fazemos. Em nenhum espaço do Convento pode fumar, isso para evitar qualquer tipo de incidente caso uma ponta de cigarro acesa caia na mata”, é o que pede o Guardião do Convento, Frei Djalmo Fuck.
Veja abaixo como está a situação
Fique atento às orientações:
- Fica proibido fumar em qualquer ambiente nas dependências do Convento da Penha.
- Não acenda velas ao logo do caminho, na mata, “no cantinho” e muito menos no gramado. O único lugar onde os fiéis podem acender velas é o velário que tem aos pés do Santuário, próximo às palmeiras imperiais do Campinho.
- Evite sentar na grama do Campinho, pois ela está em processo de recuperação e revitalização.
- Não jogue lixo na mata do Convento. Descarte materiais em uma de nossas lixeiras espalhadas por todo o Santuário da Natureza.
Reze conosco esta oração pedindo chuva
Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da terra
Tu és para nós existência, energia e vidaCriaste o homem à Tua imagem
a fim de que com o seu trabalho ele faça frutificar
as riquezas da terra
colaborando assim na Tua criação.Temos consciência da nossa miséria e fraqueza:
nada podemos fazer sem Ti.
Tu, Pai bondoso, que sobre todos fazes brilhar o sol
e fazes cair a chuva,
tem compaixão de todos os que sofrem duramente
pela seca que nos ameaça nestes dias.Escuta com bondade as orações que Te são dirigidas
com confiança pela Tua Igreja,
como satisfizeste súplicas do profeta Elias
que intercedia em favor do Teu povo.Faz cair do céu sobre a terra árida
a chuva desejada
a fim de que renasçam os frutos
e sejam salvos homens e animais.
Que A chuva seja para nós o sinal
da Tua graça e da Tua bênção:
assim, reconfortados pela Tua misericórdia,
dar-te-emos graças por todos os dons da terra e do céu,
com os quais o Teu Espírito satisfaz a nossa sede.
Por Jesus Cristo, Teu Filho,
que nos revelou o Teu amor,
fonte de água viva, que brota para a vida eterna.
Amém
Papa Paulo VI
(Angelus de 04/07/l976, in: L´Osservatore Romano, 11/07/1976)
Milagre da Seca
Como aconteceu em 1769, agora o povo reza de novo. Naquele ano, uma procissão marítima levou a imagem de Nossa Senhora da Penha até Vitória, para acabar com um enorme período de seca que assolava o local no ano de 1769. Os relatos nos contam que logo após a procissão, veio a chuva. Esse episódio é conhecido como o Milagre da Seca.
Em 1769, a Imagem original só saiu do Convento por um motivo excepcional: a então Capitania do Espírito Santo enfrentava um devastador período de seca. Por conta disso, foi realizada uma procissão pedindo aos céus para que a chuva viesse. A imagem saiu de Vila Velha e foi levada de barco para a Igreja de São Francisco de Vitória.
A chuva veio e o episódio ficou conhecido como o “Milagre da Chuva”. Nos corredores do Convento da Penha existe um quadro batizado de “O Milagre da Seca”, pintado pelo artista Benedito Calixto, em 1926, onde é retratada a chegada da imagem original da santa em Vitória.
Confira o relato, contido no livro A História Popular do Convento da Penha de 2008:
“Em 1769 os raios solares incendiavam os campos, e os cultivados, secavam as fontes e os ribeiros, e eram assim causa do desespero dos criadores e dos lavradores. Os habitantes da capital foram obrigados a ir buscar água para beber nos grandes rios longe da vila.
A carestia dos gêneros alimentícios pesava sobre os consumidores, e os pobres já sentiam a fome. Em tanta calamidade, em vão recorrera-se às preces; pois continuava a seca. Observando-se que o fogo solar não abrangia o monte da Penha, concluiu-se que esta isenção era efeito da presença da Santa; e daí ocorreu o pensamento de valer-se da sua milagrosa influência a fim de fazer os moradores da vila da Vitória participantes da mesma graça. Imediatamente os mais devotos trataram de preparar uma sumaca para lá ir buscar a Senhora da Penha.
No dia fixado para a partida, esta embarcação, pintada de novo, com um dossel de damasco e cortinas de seda bordadas a ouro, toda embandeirada e adornada de flores naturais e artificiais, festões e fitas de todos os matizes, com o cortejo de muitas lanchas, canoas e escaleres ornados pela mesma forma, e carregados de povo, na vazante deslizava-se serena e resplandecente pelo meio do canal, como um rico andor de pomposa procissão.
Tendo este barco chegado à enseada do Espírito Santo, os devotos, guiados pelo guardião de S. Francisco, sem demora dirigiram-se à igreja da Penha. Então o mesmo prelado, tomando a Imagem em seus braços, em procissão desceu até ao cais. Quando lá chegou, já ali se achavam os oficiais da câmara e pessoas respeitáveis da Vila Velha, para embargarem a viagem, alegando que a imagem era da vila, e que esta lhes pertencia de foro; portanto não consentiriam que lhes raptassem a sua padroeira. Aquiesceram porém à promessa do guardião, de que ele próprio a reconduziria com igual pompa.
Logo que do forte de S. João foi avistada esta flotilha uma salva deu o sinal da aproximação. As autoridades eclesiásticas, civis e militares, as irmandades e confrarias, sacerdotes e habitantes da vila esperavam no cais a tão desejada salvadora. Defrontando o navio com o dito forte rompeu de novo a salva. Na vila os sons festivos dos sinos convidavam o povo a assistir ao desembarque do adorado objeto do voto comum. Continuou então a festa em terra pelo estalido de inúmeras girândolas, e dos foguetes do ar que estrondavam em todas as partes. No cais a Santa Virgem foi recebida debaixo do pálio, do qual Passou para um andor luxuosamente ornamentado; e assim seguiu a procissão para a igreja de S. Francisco.
Por todas as ruas, onde o préstito transitou, o chão fora alcatifado de flores e folhas odoríferas; nas janelas e balcões dos sobrados sobressaíam ricas colchas de seda e damasco de diferentes cores com franjas de ouro. O acompanhamento dos habitantes da vila, da cercania e dos sertões foi tão numeroso, que a maior parte ficou na ladeira e no adro da igreja de S. Francisco. Imediatamente que o trono da Senhora penetrou neste templo, a negrura das nuvens fez do dia noite, e daí a poucos instantes a chuva caía em cataratas parecendo querer de uma só vez fartar os viventes, as plantas e a terra!
Depois de uma novena em ação de graças a Imagem da Senhora da Penha foi com toda a solenidade restituída ao seu antigo santuário, só com a diferença, que por esta vez os mais jubilosos foram os moradores da Vila Velha.”
Com informações de Norbertino Bahiense e Walter de Aguiar Filho (Morro do Moreno)