Frei Robson: “Para nós cristãos, a morte não é simples, mas é o encontro com o Senhor da Vida”

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Paz e Bem.

Centenas de fiéis subiram ao Convento da Penha neste dia de Finados, para recordar os fiéis falecidos, rezando por todos aqueles que vivem na Eternidade. A Missa das 15h foi presidida pelo Frei Robson de Castro Guimarães. A Capela ficou lotada de devotos.

Em 2 de novembro, a maioria dos países ocidentais comemora o Dia de Finados. Seu principal objetivo é fortalecer a fé na ressurreição, pois os cristãos convictos creem, firmemente, que a vida continua, após a morte. Por isso, seria melhor falar em “Dia dos Fiéis Defuntos”. A tradição da Igreja Católica Romana é a seguinte: os primeiros cristãos visitavam, nas catacumbas, os túmulos dos que foram martirizados por causa da fé e, aí mesmo, oravam e celebravam a Ceia. No século IV, já era costume rezar pelos mortos, dentro da própria Missa.

Ao iniciar a reflexão, Frei Robson contextualizou os fiéis sobre porque a Igreja Católica celebra o dia dos fiéis defuntos. “Nesta liturgia da nossa Mãe Igreja, em que recordamos todos os nossos irmãos e irmãs que já faleceram na esperança da ressurreição da carne, gostaria de começar partilhando a experiência, como sacerdote, em que diversas vezes tendo sido chamado para rezar junto do corpo de algum fiel defunto, de diversos tipos de idade, classe social… Crianças, adolescentes, jovens, pessoas de meia idade, idosos, brancos, negros, pardos… Diante da irmã morte corporal, todos somos iguais. Não existe cor, não existe raça, não existe classe social, não existe idade, absolutamente nada! A morte corporal iguala a todos. Somos pó e para o pó haveremos de retornar, essa é a grande realidade. E mediante esta realidade, diante do corpo de alguém sem vida, em que vamos rezar pela ressurreição daquela pessoa, refletimos, primeiro: aquela pessoa não está mais lá, não adianta, ela não está mais ali, está apenas o seu corpo. A sua história, a sua vida, está ou junto com Deus ou está no purgatório”, disse.

Em um segundo momento, Frei Robson destacou a narrativa da Primeira Leitura (Isaías 25,6-9), onde o profeta diz: “O Senhor Deus eliminará para sempre a morte, e enxugará as lágrimas de todas as faces, e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra”, ou seja, consola aqueles que choram pelo falecimento de seus entes queridos. “Há uma esperança daqueles que ali estão em torno do corpo de alguém, de um parente, de um amigo, de alguém querido; de que Deus, através da sua infinita misericórdia, como nos disse a Primeira Leitura do livro do profeta Isaías. Deus já acolheu e enxugou as lágrimas daquela pessoa que ali estamos velando, o seu corpo sem vida. Outro aspecto que fica claríssimo para quem tem fé, é a maneira como nós vivemos neste mundo, será a maneira como nós vamos morrer também. A qualidade de vida espiritual, que nós buscamos ter nessa existência, será a maneira como nós viveremos após morrer. Se nós descobrimos e aprendemos a lição de que aqui estamos nessa existência, para experimentarmos a criação e tudo que Deus fez com amor, com carinho para nós para experimentarmos e não para tomarmos como posse, porque não somos proprietários de nada nessa vida, nem das pessoas, mas estamos aqui como numa escola aprendendo a evoluirmos espiritualmente, aí sim para a vida eterna, se aprendemos bem esta lição e buscarmos acolher a Deus na pessoa do seu Filho Jesus, os seus ensinamentos… No momento da nossa partida, não nos encontraremos, só estaremos juntos com o Senhor e aquilo que chamamos como finitude, fim das coisas, dos tempos, isso tem um nome para quem crê e para quem buscou, chama-se Jesus Ressuscitado! Para nós cristãos, a morte não é simples, mas é um encontro de uma passagem com aquele que é o Senhor da Vida”, refletiu o frade.

Ainda na reflexão, o sacerdote explicou o Evangelho de João 14,1-6. “Jesus vai usar uma expressão que há muitas moradas, não foi pensada só para uma pessoa, para um grupo de pessoas, uma parcela. Esta casa foi pensada para todos os filhos e as filhas de Deus, aqueles que já nasceram e já morreram e nós anteciparam na experiência da ressurreição. E nós que aqui estamos experimentando esta vida, foi pensado para cada um de nós e para eles e aqueles que ainda não nasceram e que não vieram para este mundo, todos nós sem exceção, somos contemplados por esse amor de Deus a vivermos para sempre na casa, na Morada do Pai do Céu. E o evangelho ainda diz que Jesus afirma: ‘eu vou na vossa frente e vou preparar-vos um lugar’. Veja a delicadeza, o cuidado, o amor com que Jesus manifesta essa experiência de estarmos com Deus”, comentou.


Cemitério do Convento

Localizada no Campinho do Convento da Penha, a Capelinha de São Francisco de Assis,teve sua construção iniciada no ano de 1558 e finalizada em 1562. Fundada por Frei Pedro Palácios, a construção possui extensão aproximada de 20m², com telhado estilo colonial e pintura de cal. No interior, um pequeno Altar dedicado a Francisco de Assis. Conta-se a história que Frei Pedro Palácios faleceu na Capelinha, no dia seguinte a primeira edição da Festa da Penha no ano de 1570. Seu corpo foi sepultado na ermida de Nossa Senhora da Penha, posteriormente levado para o Convento de São Francisco, Cidade Alta, Vitória.

No entorno da Capelinha, foi construído também um cemitério para os frades. As sepulturas são cobertas por mármores, com ornamentação periódica e manutenção de tempos em tempos. A simbologia do local impressiona, principalmente por ter sido o local onde o fundador do Convento fez sua passagem e pelo clima orante presente no recanto. Na entrada do pequeno cemitério, há uma placa afixada, contendo os seguintes dizeres: “CEMITÉRIO SÃO FRANCISCO DE ASSIS – Louvado sejas meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal da qual homem nenhum pode escapar” (última estrofe do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, escrita por ele antes de seu trânsito).

Primeira construção do Convento (a Capelinha), feita com óleo de baleia, conchas trituradas, areia e barro; o pequeno altar, dedicado ao fundador da Ordem dos Frades Menores, também serviu de morada para Frei Pedro, que de lá descia para propagar o Evangelho aos poucos moradores da então Vila Velha do Espírito Santo.

Foram sepultados no cemitério, o Frei Gilberto Hillebrand, em 29 de abril de 1989; o Frei Aurélio Stulzer, em 13 de setembro de 1994; o Frei Vunibaldo Vogel, em 16 de fevereiro de 2017; e o Frei Luiz Flávio Adami Loureiro, em 08 de abril de 2021.

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