Frei Pedro de Oliveira: “missão é sair de si em conversão interior”

Compartilhe:

“Onde reina o amor, Deus aí está… Onde reina o amor, fraterno amor, Deus aí está…”

Com uma bela interpretação deste refrão meditativo, teve início a Missa das 9h no Campinho do Convento, neste 15º Domingo do Tempo Comum (11/07), a tradicional Celebração com presença da fraternidade franciscana da Penha e, do povo de Deus, que aos poucos vai retornando ao Santuário de Nossa Senhora das Alegrias e participando das atividades.

Além de cumprir os protocolos sanitários para controle da pandemia, com a utilização de máscaras de proteção facial e álcool 70%, os fiéis são orientados em relação a importância do distanciamento. Uma vez que a incidência de sol é grande, sobretudo às nove da manhã, os frades sempre indicam a necessidade de uso de boné, sombrinha, guarda-chuva e protetor solar, desta forma, os devotos não precisam se aglomerar nas áreas sombreadas do Campinho. Embora estejamos retomando aos poucos as atividades, ainda é tempo de cuidar. Cuidar de si e do próximo, para que a doença seja totalmente controlada.

Sabemos que o número de vítimas da covid-19 está caindo bastante, ainda assim, todos os dias morrem muitas pessoas, irmãos e irmãs, filhos e filhas de Deus. “O Senhor tem de ser esse sol constante a brilhar na nossa vida, senão vamos nos tornar pessoas más, ruins, disseminadoras da morte e quem deixa que o sol de Deus jamais se apague em sua vida, vai conseguir irradiar esta luz onde ele estiver, é isso que Deus espera de cada um de nós…”, afirmou Frei Pedro de Oliveira Rodrigues na abertura da Missa.

Frei Pedro lembrou, emocionado, dos pais do confrade Gilberto Silveira Júnior que faleceram num curto intervalo de tempo por conta da covid. “Hoje nós franciscanos, nosso coração está angustiado. Ontem, o nosso confrade, Frei Gilberto Júnior do primeiro ano de filosofia em Rondinha (Paraná), sepultou seu pai, ‘seu Gilberto Silveira’, vítima de covid, jovem, 50 anos. Terminou de sepultar o pai, nem bem chegou em casa, voltou para sepultar a mãe. É doloroso isso! O que isso significa para nós? Significa a dor de mais um família. Frei Gilberto só tem um irmão de 16 anos… Será que isso toca, isso dói em alguém? Para quem promove aglomerações, para quem promove uma ‘motociata’ não significa nada… Mas para nós dói, machuca, inquieta! O que vai ser da vida desse jovem de 16 anos? É doloroso isso…”, disse o frade.

A Missa foi acompanhada por muitas pessoas portadoras de necessidades especiais e crianças, aliás, esse aspecto, tem sido observado com bastante frequência. Nos últimos dias tem sido cada vez mais expressiva a participação de cadeirantes e crianças no Campinho do Convento. Isso dá a todos uma responsabilidade ainda maior: redobrar o cuidado!

Na homilia, Frei Pedro de Oliveira começou explicando as mensagens principais contidas nos textos bíblicos selecionados para o décimo quinto domingo do Tempo Comum. “A Primeira Leitura (Am 7,12-15) nos fala da vocação profética de Amós que se apresenta como uma pessoa simples e comum sem nada de extraordinária, apenas um camponês, criador de gado e cultivador de frutas. Deus o chama e o envia a profetizar! E a missão do profeta é anunciar o Reino do que Deus deseja que seja implantado, Reino da paz e da justiça e denunciar tudo aquilo que vai contra este projeto, tudo aquilo que vai contra o projeto que Jesus trouxe é do mal. Esse é o papel da Igreja e do profeta é denunciar aquilo que promove morte e destruição… Como Amós, também somos escolhidos em meio as nossas tarefas ordinárias, enfrentamos as diversidades em relação às pessoas em relações diversas”.

Frei Pedro fez referência à Nota da CNBB diante do atual momento brasileiro (clique aqui para ler) em que a instituição avalia que a sociedade democrática brasileira está atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua história. “A trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da COVID-19”. O frade questionou o posicionamento de algumas pessoas que criticam a atitude da Igreja de se manifestar.

“No Evangelho de hoje, Jesus conta com colaboradores para a implantação do seu Reino que tem como meta a ‘plenificação’ da justiça e da paz, essa é a meta, essa é a finalidade da missão de Jesus. Essa foi a finalidade e continua sendo, assim, não podemos nos furtar dessa missão. Para isso, não basta discursos, sermões e pregações. Atos comunicam mais que palavras! Os discípulos recebem poder sobre os espíritos impuros. Que espíritos são esses? Tudo aquilo que vai contra a vida, esses são os espíritos impuros, aqueles que pregam a morte, a violência, a intolerância, que são indiferentes, esses fazem parte do ‘anti-reino’. Trazer e fazer o Reino se tornar presente é sermos pessoas pacificadoras”, explicou o frei capixaba.

Antes de encerrar a homilia ele ainda recordou Dom Hélder Câmara. “Dom Hélder, num de seus poemas, ele começa assim: ‘missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu. É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fôssemos o centro do mundo e da vida’. Peçamos ao Senhor que nos ajude. A partida para a missão não consiste num deslocamento de território, mas na conversão interior, na saída de uma existência em torno de si mesmo, para uma vida oferecida, doada e significada. Saiamos para evangelizar, e quando necessário usemos as palavras, saiamos para profetizar. Falem as obras, cessem as palavras”, finalizou.

Confira a reflexão na íntegra abaixo.

Posts Relacionados

Facebook

Instagram

Últimos Posts

X