Frei Paulo Roberto: onde está nossa empatia?

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Paz e Bem!

Celebrando o 16º Domingo do Tempo Comum, os frades do Convento da Penha se reuniram na manhã de ontem (19) na Capela, para a tradicional Missa das 9h. Centenas de fiéis acompanharam a transmissão ao vivo pelas redes sociais do Convento e muitas outras assistiram ao longo do dia. Frei Paulo Roberto Pereira, presidiu a Eucaristia e chamou a atenção com uma homilia contundente, incisiva e forte, mas sem deixar o dinamismo que já é uma marca do Guardião do Convento.

No tempo de Jesus, ele saía pregando, anunciando o Reinado de Salvação, proclamando a Boa-Nova, curando os doentes, libertando os que estavam presos na maldade, livrando os necessitados da dor… Jesus ensinava usando parábolas, ou seja, falava de modo que todos podiam compreender, desde os mais sabidos até aqueles que não conseguem compreender tanto assim, desta maneira, Frei Paulo Roberto sempre traz para a nossa realidade, para o “mundo que vivemos” os exemplos de Jesus Cristo. Além de facilitar a compreensão, os fiéis se veem naquela situação ou ainda elas compreendem porque é algo do cotidiano, da vida comunitária, da vida de cristão.

Uma fala empolada, de difícil compreensão foi o alerta que Frei Paulo citou logo no início da homilia, sobretudo os discursos religiosos, alguns que “o discurso religioso ganha ares de coisas inatingíveis”, no entanto Jesus se preocupa em falar de modo que todos conseguiam compreender.

Para Frei Paulo o tempo pandêmico que estamos vivendo “também nos ensina importantes lições, e é necessário ter ouvidos de escutar e olhos de enxergar. Escutar os ensinamentos de Jesus Cristo. A leitura dos Evangelhos é uma grande catequese, os evangelistas todos estão imbuídos da intenção de plantar no coração das pessoas os fundamentos da pregação de Jesus Cristo”. A reflexão do Frei se baseou em exemplos carregados de verdades, e foi muito elogiada pelos fiéis que rezavam em casa.

O segundo alerta, baseado no Evangelho, veio do exemplo do Reino de Deus. “O Reino de Deus não é uma localização geográfica, não se prende nos critérios geopolíticos… O Reinado de Deus importa algum dinamismo, então, a medida que vivemos o Reino nós vamos estabelecendo o Reinado. Então, Reinado é comprometimento com o Reino, a medida que crescemos com o compromisso com o plano de Deus, que vamos repetindo as atitudes de Jesus, estabelecemos o que o Evangelho chama de Boa-Nova”.

O Guardião do Convento, após fazer uma breve recordação do Evangelho do domingo anterior, refletiu também a parábola do joio e do trigo. “O joio é chamado de trigo falso. No seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo presta atenção na falsidade, presta atenção na importância da autenticidade, nas escolhas que fazemos no nosso jeito de viver é importante zelar pela verdade e não pela falsidade. Outro perigo mais grave ainda é adonar-se da verdade. A verdade não pode seguir apenas, e tão somente, critérios subjetivos… Não é nossa a medida para saber se somos falsos ou verdadeiros…”

Frei Paulo continuou os alertas. “Presta atenção na falsidade e qual é o critério de verdade? Jesus Cristo! A postura que se gera a partir da adesão livre, criativa, empenhada, comprometida com o Evangelho de Cristo. Este tempo de pandemia, alguns disseram com muita esperança, será um tempo de revitalização, vai criar criaturas novas, jeitos novos e bons de viver, mas é preciso ter cuidado. Vestida de coisa nova tem entrado muita coisa que não presta. Veja, por exemplo, nós nos tornamos especialistas em tudo. Já notaram como nós estamos ficando chatos?! Arrogantes, prepotentes?! Somos campeões em medicina e aprendemos até a falar o nome de uns remédios esquisitos… Nos tornamos especialistas em farmácia, em tratamentos de saúde, em relacionamentos entre países. Nos tornamos especialistas em tudo para justificar nada mais do que, tão somente, a minha verdade”, alertou o frade.

Frei Paulo finalizou a reflexão esclarecendo que devemos ser como éramos, “semente boa em terra boa” e “nascíamos vigorosos”, em seguida, citou o exemplo da queda do avião com o time da Chapecoense que ceifou setenta e uma vidas. “Neste final de semana, em nosso país mais de oitenta mil pessoas, mais de mil desses aviões. E onde está nossa empatia? Naquela ocasião – há quatro anos atrás – o país inteiro entrou em luto, chorou, rezou, mandou mensagens para os familiares que haviam perdido tragicamente os seus entes queridos. E hoje? Mais de mil daqueles aviões e nós não conseguimos rezar… Não conseguimos estabelecer relacionamento de empatia, não é a nossa dor… É nossa! Duvidamos daquilo que ouvimos, desdenhamos aquilo que as manchetes nos mostram, arrumamos argumentos que justificam, não a verdade do Evangelho, mas a minha verdade, a minha ideologia, a minha forma de organizar a sociedade, que inclusive leva o nome de ‘cristão'”, encerrou.

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