Frei Paulo: “Não celebrar a indignidade humana, mas o sentido de existir”

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“Nossa! Como o ano passou rápido, de fato, passou mesmo!” É que nós vamos marcando o tempo, não pelas possibilidades, mas pelas frustrações. Isso vai gerando em nós uma angústia muito grande e aí não dá tempo de fazer nada, desta forma, não notamos que fizemos muitas coisas e coisas boas. Precisamos trocar essa percepção, senão, vamos chegar ao final achando que não valeu a pena… Inverter a forma de perceber o tempo.

Paz e Bem!

Celebrando o 3º Domingo do Advento, tempo em que a Igreja, pedagogicamente, faz, que é marcar o tempo de preparação para o Natal do Senhor, celebrando a cada domingo, não num ritmo alucinado, mas no ritmo natural, acende vela por vela. Esta também é ocasião de ouvir mais a Palavra de Deus, enxergar mais as necessidades do irmão, atentar-se mais às nossas fragilidades e cada vez mais, nos preparar melhor para a vinda do Senhor. Advento é o tempo da purificação dos sentidos e do grande sentido de existir.

A Missa das 9h, celebrada na Capela do Convento, neste domingo (15/12), foi presidida pelo Frei Paulo Roberto, o Guardião da Penha. Expressando a alegria que a própria Liturgia sugeria, ele iniciou o encontro de fé, pedindo que o vigor e a força do Espírito Santo, motivassem os fiéis, criando ânimo.

“Nesta caminhada de preparação para o Natal, vivemos o Domingo da Alegria, a alegria não um sentimento fugaz, não um sentimento que se esvai, mas um sentimento que nos sustenta. Alegria carregada de esperança, de gratidão, de certeza, de confiança. Ouvimos no trecho do Evangelho de São Mateus, a pergunta que João Batista faz. Mas essa pergunta não nasce a partir da dúvida, ela nasce a partir da confirmação de uma certeza. João Batista, ainda que estivesse preso, ele já tinha ouvido falar de Jesus e sabia que Jesus era o que deveria vir, preparou o caminho”, explicou Frei Paulo Roberto no início da partilha da Palavra.

O Guardião comentou também a satisfação dos visitantes que sobem ao Convento, sobretudo os que visitam pela primeira vez, relacionando a “certeza” da alegria de estar no Santuário da Penha com a certeza, a confirmação da pergunta de João Batista no Evangelho. Ele disse que a resposta de Jesus é geradora de confiança criativa, generosa, de confirmação, de certeza. “Vejam como Jesus respondeu… ‘Olha, vão lá e digam para João o que vocês estão vendo. O que vocês estão vendo no meu relacionamento com o outro, no meu relacionamento com o outro que mais sofre’. A identidade de Jesus se dá aí. Ele não se anuncia, não anuncia a si mesmo. Ele é o Reino de Deus acontecendo. Pode lá dizer para João, o Reino de Deus acontece! Cegos voltam a enxergar, surdos a ouvir, coxos a andar e os pobres são evangelizados. Entre nós, a vida prevalece, esta é a identidade de Jesus”, afirmou.

Ele fez ainda um alerta para nosso comportamento e relacionamento com o próximo, que precisa ser, igual ao de Jesus, quando os outros olharem, perceberem que somos seres de Deus. “Perto de mim e dos meus relacionamentos há perdão. Nos meus relacionamentos brota a tolerância, a amizade, o acolhimento… Eu não desejo que pretos pobres possam ser mortos! Não desejo e não celebro a indignidade da pessoa humana que morre de fome ou são vítimas da violência do Estado. Não bato palmas quando morrem. ‘Ah se não tivesse no baile funk não teria morrido’. Eu me identifico pela compaixão, porque assumo a dor do outro. A minha religião é a religião da compaixão, da solidariedade, da amizade, da inclusão. A minha religião se identifica pela alegria”, chamou atenção.

Confira a reflexão completa abaixo.

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