Paz e Bem!

O Convento da Penha realizou na manhã do último domingo, dia 1º de agosto, a Missa em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito, uma celebração com objetivo de rezar pelas pessoas que perderam a vida nas estradas e ruas das nossas cidades, além de confortar as famílias que tanto sofrem com um trânsito muitas vezes violento e inseguro.

Neste ano o evento chegou à sua 15ª edição e também marcou o Dia Estadual em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito, instituído para acontecer sempre no primeiro domingo de agosto, conforme a Lei Estadual nº 9.689/2011. A Celebração Eucarística foi presidida pelo Frei Paulo Roberto Pereira, Guardião do Convento. No início ele acolheu as famílias das vítimas fatais e as pessoas que sobreviveram aos acidentes.

Respeitando os protocolos sanitários, muitas pessoas subiram ao Campinho do Convento para o emocionante encontro de fé. Cada palavra ou cada canção entoada, os fiéis sentiam o conforto renovado, a esperança revigorada e uma certeza no coração: a Igreja é solidária às vítimas do trânsito. Solidariedade essa manifestada publicamente pelo Guardião do Convento ao iniciar a Eucaristia. “Nossa prece um pelo outro nos fortalece, nos encoraja e revigora”, comentou.

“Durante a semana que passou, certamente inspirados pela data estadual que celebramos, os noticiários estavam recheados de dados e estatísticas relacionados aos acidentes de trânsito, todos os noticiários mostravam a tragédia que ceifa tantas vidas e deixa tanta gente mutilada. Mas hoje não quero falar de estatísticas, pois podem nos afastar do real motivo dessa celebração. Não quero falar das mais de 3 mil ocorrências de trânsito envolvendo motocicletas que resultaram, em apenas um semestre, na morte de 130 pessoas. Não quero falar dos registros de 741 óbitos no trânsito no ano passado só no estado do Espírito Santo, o resultado é ao menos duas mortes a cada dia. A leitura fria de dados nos rouba a humanidade, faz nossa compaixão seletiva e efêmera, passageira. Se os casos de violência e mortes são abordados pelas TVs, se envolvem ricos, brancos ou famosos, então há grande comoção. A dor das pessoas comuns, a dor das mães pretas dos morros e periferias, as dores diárias dos pobres não nos tocam, não nos sensibilizam, não mais nos inquietam nem muito menos nos mobilizam, por isso hoje, não quero falar de dados, quero falar de vidas, vidas humanas perdidas, interrompidas, histórias que precisam ser ressignificadas”, afirmou Frei Paulo durante a homilia.

O Frade ainda explicou que fazer memória das vítimas de acidentes de trânsito é receber de Deus o abraço e olhar terno, materno, que fortalece, reanima. “O acolhimento de Deus, a solidariedade e o acolhimento dos irmãos e das irmãs são curativos, rompem com a indiferença e resgatam o melhor que há em cada um de nós. Aos familiares das vítimas de acidentes de trânsito, aqueles que não tiveram a oportunidade do último beijo, do calor do último abraço, do sorriso e da palavra de despedida, quero repetir o que Jesus Ressuscitado, no registro de São Mateus diz: ‘Eu estou contigo todos os dias’. Meu irmão, minha irmã, acolha a Palavra do Ressuscitado! Jesus nunca nos abandona, ainda que o sofrimento insista em nos roubar a paz e a confiança, saibamos, Deus nunca abandona seus filhos e filhas”, e completou: “As pessoas que carregam as sequelas de um acidente, aquelas que suportam o dia a dia as situações impostas pela imprudência e pelo descaso, aquelas que aos poucos vão perdendo a esperança de ver triunfar a justiça quando suas ações se arrastam por anos afio nos tribunais com seus infinitos recursos e com a chaga da impunidade, quero empenhar solidariedade e repetir: vocês não estão sozinhos! Sua dor, seu luto nos comove e envolve, seu luto dá razões à nossa luta”, disse.

Por fim, Frei Paulo Roberto antes da bênção final, recordou que os franciscanos solidariamente acompanham os sofrimentos de todos os que foram vítimas ou tiveram familiares vítimas de acidentes de trânsito. “Queremos que esses sofrimentos sejam transformados em graças e bênçãos. Haja respeito, haja justiça, haja bondade, haja Jesus Cristo na nossa vida e na vida desses assassinos que se convertam, que sejam punidos, haja legislação que cobre, que puna, que eduque as pessoas para que tenhamos um trânsito do jeito que a gente acredita”, pediu.

Após a fala do Guardião, enquanto cantavam “Noites Traiçoeiras”, os familiares das vítimas de trânsito receberam rosas como símbolo da solidariedade da Igreja por todos os que sofrem no trânsito.

Veja a reportagem completa abaixo.

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