🎶🎵 “A vida pra quem acredita, não é passageira ilusão e a morte se torna bendita, porque é nossa libertação. Nós cremos na vida eterna, e na feliz ressurreição. Quando de volta à casa paterna, com o pai os filhos se encontrarão” 🙏🏻
Paz e Bem.
Ao longo de todo o Dia de Finados (2), milhares de fiéis passaram pelo Convento da Penha. O Velário e Cemitério São Francisco de Assis receberam inúmeras visitas de pessoas que rezaram pelos falecidos e repletos de esperança, participaram da Missa das 9 horas, presidida pelo Frei Gabriel Dellandrea.
Na homilia, o Guardião propôs uma reflexão sobre o sentido da perda e da esperança cristã. Ele lembrou que a vida é uma sucessão de perdas, desde as pequenas, como objetos e oportunidades, até as mais dolorosas, como a ausência de quem amamos. “A nossa vida é feita de uma constância de perdas, embora sempre queremos ganhar. Segundo a ciência, nós perdemos cerca de 50 bilhões de células do corpo humano todos os dias. Perdemos também, ao longo de nossa vida, outras partes do corpo um pouco maiores, como os dentes de leite, alguns perdem os fios de cabelo, e as unhas crescem, quebram, crescem de novo, quebram”.

“Partes do nosso corpo se vão embora, se perdem. Mas além de todas essas coisas, – continua Frei Gabriel -, nós também perdemos outras realidades. Às vezes perdemos a oportunidade de ficar calados, não é? Às vezes também perdemos a oportunidade de falar. Perdemos sono, perdemos fome, perdemos a vontade de fazer alguma coisa. Também às vezes nós perdemos objetos, canetas, bonés, guarda-chuva, eu até já desisti de comprar. E nessa lógica da vida, diariamente perdemos muitas coisas. E além disso, nessa realidade de ter que perder, também perdemos quem amamos. Ignorante é aquele que acha que a vida é só vitória, ilusão. Diante das perdas, ou lidamos com elas e as ressignificamos, porque elas existem, ou então entramos num processo que nos paralisa, ficamos só murmurando, nos vitimizando. Mas se lidamos com as perdas, se as ressignificamos, então algo novo pode surgir. Por isso é que a igreja celebra a memória, ou melhor, a comemoração de todos os fiéis defuntos. Não é para cravar em nós ainda mais a dor do luto, ou fazer sangrar e chagar as nossas feridas de saudade. Para que nós repitamos nomes de mortos antes das missas e lavemos os seus túmulos, enfeitando-os com as flores que podem até ser de remorso. Celebrar a memória dos irmãos e irmãs que nos antecipam na glória celeste é uma forma concreta de trazermos à memória aqueles que partiram e ressignificar a partir da fé a dor da partida. Na esperança de que eles são, hoje, o nosso amanhã”, destacou.
Inspirando-se na Liturgia da Palavra do dia, Frei Gabriel destacou que o cristão é peregrino nesta vida e que a morte não é o fim, mas o encontro com Deus. “A celebração de hoje é para que, na certeza de que a vida é um perder constante, nós precisamos ressignificar o que perdemos. Para, então, entender que ganhar e perder, como diz o pagode, faz parte. E a liturgia pode nos ajudar. As lições que podemos tirar desta liturgia. A primeira lição. Nós sofreremos muito se acharmos que a vida é só vitória. Ou acertamos, ou aprendemos. Não dá para acertar sempre. Mas a gente não erra sempre também. E entendendo isso, entenderemos que há sofrimento. Que eles fazem parte. Não são o fim, não. Mas eles podem nos ensinar algo. E Deus, com a sua bondade e misericórdia, sempre tem a última palavra. A segunda lição. Os irmãos e irmãs que já partiram, de algum modo, ainda permanecem vivos. Ou talvez mais vivos do que nunca. Não estão mais presos a esta realidade física. Também não são artificiais ou virtuais. São espirituais. E por serem espírito, estão também conosco. E voltaram para o lugar definitivo. Eles voltaram para as mãos daquele que nos modelou. Hoje, são a eternidade que nós buscamos nesta passagem por aqui. Eles permanecem vivos. Não mais conosco, mas com Deus. E alimentam a nossa esperança cristã”, refletiu.

Para ilustrar o mistério da existência, o frade citou Monteiro Lobato: “O escritor resumiu essa ‘peregrinação da vida’ num diálogo entre a boneca Emília e o Visconde de Sabugosa. E assim a Emília disse para o Visconde o que é a vida. ‘A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar chegou ao fim, morreu’. Piscar é abrir e fechar os olhos. Viver é isso. É um dorme, acorda. Dorme, acorda. Até que dorme e não acorda mais. ‘A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. E, por fim, pisca pela última vez e morre'”, contextualizou.
O Guardião ainda recordou a mensagem de esperança que brota da certeza da vida eterna e também lembrou que é o primeiro dia de Finados que a Igreja recorda um “Peregrino de Esperança” que partiu para a Eternidade em 21 de abril: o Papa Francisco.
No velário, as demonstrações de fé e as orações pelos falecidos marcaram o dia de lembrança e gratidão. Milhares de pessoas passaram pelo velário do Convento da Penha que ficou repleto de velas e orações. Famílias inteiras subiram ao santuário para agradecer e recordar com carinho seus entes queridos. A memória dos frades falecidos e a lembrança do fundador Frei Pedro Palácios reforçaram o sentido de continuidade que marca o carisma franciscano no Convento.
				
								
											


































