Paz e Bem.
Frei Gabriel Dellandrea presidiu a Missa da tarde, na Capela da Penha, nesta terça-feira (18). O Guardião do Convento refletiu o episódio do capítulo 19 do evangelho de Lucas (19,1-10), onde Jesus entra na casa de Zaqueu. “Era um cobrador de impostos, portanto no contexto de Jesus, era um homem muito odiado. Hoje os impostos vêm por boleto, mas imaginem só que toda semana alguém batesse lá na sua casa para cobrar o imposto. Ninguém ama um cobrador de impostos. Zaqueu era odiado por todos e o Evangelho continua dizendo que ele era muito rico, a riqueza aqui é o sinônimo da estabilidade, de alguém que já atingiu um patamar que dificilmente a pessoa vai querer mudar”, contextualizou.
“Mas Zaqueu faz a mudança, porque primeiro, se coloca desejoso de encontrar o Senhor, mas segundo, porque também é encontrado pelo Senhor e abre mão do serviço que todo mundo odiava e abre mão da riqueza, da estabilidade, sai da zona de conforto, daquela vida que levava para um novo caminho, mas não por suas próprias forças como um herói sozinho, mas numa dinâmica de correspondência à graça de Deus e ele até é exagerado, olha se eu roubei alguém eu vou devolver quatro vezes mais, porque naquela época o cobrador de impostos também passava a mão um pouquinho para ele”, explicou Frei Gabriel.

“Ora irmãos e irmãs, – continua o Frei – Zaqueu não muda só porque se convence. Ele muda porque se percebe amado e por isso corresponde ao amor que o encontrou na figueira e disse ‘eu vou para sua casa’. Que possamos também nós, abrirmo-nos a dinâmica do convite de Deus que sempre quer hospedar-se em nossa casa, em nosso coração, a palavra que ouvimos não pode ser só mais uma coisa qualquer, um texto qualquer, mas é a palavra de vida que nos faz sentirmos amados e por isso com a força não nossa, mas de Deus, da transformação do coração e assim seremos como Eliezer, o personagem da primeira leitura do livro de Macabeus, que não abriu mão dos seus princípios de fé, poderia ter burlado as coisas para não ser condenado a morte, mas ele preferiu ter a consciência tranquila de quem não abre mão da experiência de fé que realizou, inclusive com uma preocupação muito bonita, a de honrar toda a história que viveu”.
Ainda sobre a Liturgia da Palavra, Frei Gabriel comentou uma experiência de um jovem que o procurou e tem a história semelhante a do personagem bíblico. “Há uns dias, um jovem me procurou dizendo que tem muita dificuldade em vencer um certo desafio em sua vida, uma prática, algo que ele faz que ele não consegue deixar de praticar e que por causa daquilo ele havia já considerado a possibilidade de desistir de buscar o caminho da igreja, não por não acreditar na igreja, mas porque não tinha forças suficientes para fazer a mudança que desejava e concebia como o modo de vida correto para o nome de cristão que ele queria ter consigo. Diante dessa afirmação dele, eu respondi que realmente, se ele confiasse em suas forças, não iria conseguir mesmo. Quando nós nos colocamos no caminho da graça de Deus, não é a nossa força que vai medir o que é possível e o que não é possível de ser feito, é a graça de Deus que fará em nós aquilo que podemos fazer de diferente. Não somos capazes de, a partir das nossas únicas forças, transformar o nosso coração. É a Palavra do Senhor, é o seu jeito de amar que transforma o nosso coração e nos coloca numa nova dinâmica. Nós não mudamos para que o Senhor nos ame, o Senhor nos amando nos convida à mudança e naturalmente, como quem quer corresponder, consegue então encontrar o estímulo e a força que não vem de si mesmo, mas de Deus para mudar.





















