Paz e Bem.
Com muita alegria, no fim da tarde de hoje, a fraternidade franciscana do Convento da Penha se reuniu na Capela do Convento para a Solene Vigília de Natal. A Celebração foi presidida pelo Frei Djalmo Fuck, Guardião e Reitor; e concelebrada pelo Frei Alessandro Dias. Os freis Paulo César e Franklin Matheus, cantaram, e os freis Jorge Lázaro e Bruno Cezário, proclamaram as leituras.
Na reflexão, Frei Djalmo iniciou destacando o trecho do Evangelho de Lucas 2, 6-7. “Maria deu à luz, ou melhor, Maria deu-nos a Luz. Uma narração simples para nos inserir no acontecimento que mudaria para sempre a nossa história. Tudo, naquela e nesta noite, se tornava fonte de esperança. Chegar a Belém e sentir que era uma terra que não os esperava, uma terra onde não havia lugar para eles. Mas foi precisamente lá, naquela realidade que se revelava um desafio, que Maria nos presenteou com o Emanuel, o Deus conosco. O Filho de Deus teve que nascer num curral, porque os seus não tinham espaço para Ele”, afirmou o Guardião.
“Nos passos de José e Maria, – continua Frei Djalmo -, escondem-se tantos passos. Vemos as pegadas de famílias inteiras que hoje são obrigadas a partir. Vemos as pegadas de milhões de pessoas que não escolhem partir, mas são obrigadas a separar-se dos seus parentes, são expulsas da sua terra. Em muitos casos, esta partida está carregada de esperança, carregada de futuro; mas, em tantos outros, a partida tem apenas um nome: sobrevivência. Sobreviver aos Herodes de plantão, que, para impor o seu poder e aumentar as suas riquezas, não têm problema algum em derramar sangue inocente”.
“Naquela noite, Aquele que não tinha um lugar para nascer é anunciado àqueles que não tinham lugar nas mesas e nas ruas da cidade. Os pastores são os primeiros destinatários desta Boa Notícia. Pelo seu trabalho, eram homens e mulheres que tinham de viver à margem da sociedade. As suas condições de vida, os lugares onde eram obrigados a permanecer, impediam-lhes de observar todas as prescrições rituais de purificação religiosa e, por isso, eram considerados impuros. Traía-os a sua pele, as suas roupas, o seu odor, o modo de falar, a origem. Neles tudo gerava desconfiança. Homens e mulheres de quem era preciso estar longe, distante; eram considerados pagãos entre os crentes, pecadores entre os justos e estrangeiros entre os cidadãos. A eles – pagãos, pecadores e estrangeiros – disse o anjo: ‘Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor’ (Lc2, 10-11)”, completou o frade.
Por fim, Frei Djalmo disse: “Eis a alegria que somos convidados a partilhar, celebrar e anunciar nesta noite santa. A alegria com que Deus, na sua infinita misericórdia, nos abraçou a nós, pagãos, pecadores e estrangeiros, e nos impele a fazer o mesmo. A fé desta noite leva-nos a reconhecer Deus presente em todas as situações onde o julgamos ausente. Ele está presente no visitante indiscreto, muitas vezes irreconhecível, que caminha pelas nossas cidades, pelos nossos bairros, viajando nos nossos transportes públicos, batendo às nossas portas. E esta mesma fé impele-nos a abrir espaço a uma nova imaginação social, não ter medo de experimentar novas formas de relacionamento onde ninguém deva sentir que não tem um lugar nesta terra. Natal é tempo para transformar a força do medo em força da caridade, em força para uma nova imaginação da caridade. A caridade que não se habitua à injustiça e corrupção como se fosse algo natural, mas tem a coragem, no meio de tensões e conflitos, de se fazer de Belém, de nossa terra e casa, terra de hospitalidade”.
E finalizou: “No Menino de Belém, Deus vem ao nosso encontro para nos tornar protagonistas da vida que nos rodeia. Oferece-se para que o tomemos nos braços, para que o levantemos e abracemos; para que n’Ele não tenhamos medo de tomar nos braços, levantar e abraçar o sedento, o forasteiro, o nu, o doente, o recluso (cf. Mt 25, 35-36). Neste Menino, Deus convida-nos a cuidar da esperança. Convida-nos a fazer-nos sentinelas para muitos que caíram sob o peso da desolação, que brota do fato de encontrar tantas portas fechadas. Neste Menino, Deus torna-nos protagonistas da sua hospitalidade”.
O Guardião convidou as crianças a se aproximarem do Altar para a Bênção com o Menino Jesus.