Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – Não há espaço para a tristeza na Festa da Penha. O povo canta e reza com devoção durante as Oitavas da Páscoa para celebrar a Ressurreição de Jesus e também para homenagear Nossa Senhora das Alegrias, a Virgem da Penha, que no Espírito Santo é a Padroeira e será festejada na próxima segunda-feira, dia 29 de abril. Hoje, no terceiro dia do Oitavário, a Área Pastoral de Cariacica/Viana da Arquidiocese de Vitória veio prestar a sua homenagem à Mãe de Deus. Pe. Osmar de Oliveira, da Paróquia Mãe da Igreja, de Cariacica, presidiu a Celebração Eucarística e, Pe. Cláudio Alves, da Paróquia Santíssima Trindade, também de Cariacica, fez a homilia, deixando um convite para ir ao encontro do Senhor, assim como fez Maria Madalena. Já no Momento Devocional Franciscano, o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, lembrou a devoção do franciscano Santo Antônio de Pádua à Virgem Maria.
Segundo Pe. Cláudio, agora, passadas as dores e as angústias da Paixão do Senhor, somos convocados à alegria do Ressuscitado. “Tudo se reveste de novo vigor: as dores, as angústias, as fragilidades humanas. O pecado e a morte foram suplantados pela morte e ressurreição do Senhor”, disse o pregador, observando que não nos esqueçamos, porém, que o Ressuscitado traz as marcas do Crucificado. “Esse fato serve para nos lembrar a seriedade da vida humana e a gravidade da responsabilidade que temos para com o próximo. Se ocorre erros em nosso caminhar, precisamos voltar o quanto antes para o Pai misericordioso”, acrescentou.
No Evangelho de hoje, Maria recebe a importante missão de levar aos outros discípulos, chamados por Jesus, aqui, de “meus irmãos”. “É significativo os apóstolos serem chamados de irmãos. De fato, isso nos mostra o valor da comunidade de fé. O lugar privilegiado de encontro com o Senhor. Quer seja o Crucificado, quer seja o Ressuscitado. Lembremo-nos: São uma e só e mesma pessoa. A resposta à nossa inquietação é imediata. ‘Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados’. A pertença à comunidade dos fiéis de Cristo, doravante, será caminho seguro para o encontro com o Senhor Ressuscitado, com o Senhor da vida e da história, com o Senhor da morte e da vida”, destacou.
Segundo Pe. Cláudio, ao ir ao túmulo de Jesus, Maria Madalena esperava encontrar o Senhor morto e prestar-lhe as últimas honrarias antes que se lacrassem derradeiramente o túmulo. “Vai, meus irmãos e minhas irmãs, à procura de um corpo sem vida e encontra muito mais do que isso: encontra nada menos que a ressurreição e a vida eterna”, explicou.
Insistindo na mensagem do “encontro com o Senhor”, o pregador lembrou que, curiosamente, Jesus não deixa Maria Madalena tocá-Lo. “A relação com o Ressuscitado não necessitará mais de um mero toque. O seu corpo glorioso poderá ser acessado diretamente pelo coração. O Senhor só se deixa tocar para socorrer a nossa incredulidade. Para provar a Tomé que era o Ressuscitado ou na ocasião em que os discípulos O confundiram com um fantasma”, recordou Pe. Cláudio.
A partir desse encontro, Maria é enviada imediatamente para a missão de anunciar esta boa nova. Vai dizer para meus irmãos: ‘Subo para junto de meu Pai e vosso Pai; meu Deus e vosso Deus’. Aqueles que, como a Virgem Maria, participaram das dores de sua Paixão, agora recebem a alegria de poderem antegozar a alegria celeste pela Ressurreição de Jesus. Maria, a Mãe das Dores, é agora a Mãe das Alegrias e, na oitava de Páscoa, antecipa para todos nós um vislumbre de todo o reino celeste, ao apresentar-nos as alegrias pascais”, refletiu.
“Quanto a nós cabe, como coube a Maria Madalena, ir ao encontro de Cristo, que nos convida a fazer parte da sua família. Todo aquele que se deixa encontrar pelo Senhor experimenta a alegria do Evangelho e, como Maria Madalena, é convocado a anunciar aos demais a seguinte notícia boa: Eu vi o Senhor!”, propôs.
“Que Maria, a Senhora das Alegrias, a Senhora da Vitória, a Senhora da Penha, nos conceda a graça de reconhecer que reta é a palavra do Senhor e tudo que ele faz merece fé, pois Deus ama o direito e a justiça, e transporta para toda a Terra a sua graça”, completou.
TERÇA-FEIRA COM SANTO ANTÕNIO
A devoção a Santo Antônio, todas as terças-feiras, é muito comum nas igrejas e conventos franciscanos. O Santo mais querido dos brasileiros foi lembrado durante o Momento Devocional Franciscano, pelo guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, enquanto cinco jovens trouxeram cestos com o Pão de Santo Antônio, que foram distribuídos no final da Missa. O jovem Mateus, vestido com o hábito franciscano, trouxe no colo a pequena Maria Helena Guimarães Coutinho, filha de Iasmine e Antônio Coutinho. A representação do santo franciscano encantou o povo no Campinho, que aplaudiu calorosamente a cena, chegando a assustar a pequena Maria.
Frei Paulo lembrou a devoção de Santo Antônio por Maria, que chamava de “estrela da manhã precedendo o sol e anunciando a manhã, com a luz do seu fulgor afasta as trevas da noite”.
Santo Antônio ficou muito conhecido pelos seus grandes sermões. Sua maneira de pregar atraía multidões e provocava profunda conversão no coração daqueles que o escutavam. Mas Santo Antônio é lembrado, acima de tudo, por ser, a exemplo de São Francisco, um grande irmão dos mais pobres, um olhar atento aos necessitados e um coração que partilhava o pão e o dom da vida.
Um dos símbolos mais presentes nas imagens do Santo, importante também para a Igreja dos nossos dias, dentro da nova evangelização, é o “Pão de Santo Antônio”, ou o Pão dos pobres, em referência à imagem de Santo Antônio distribuindo o pão aos pobres.
Nesta quarta-feira, o quarto dia da Festa, a liturgia estará a cargo da Área Pastoral Benevente. Na Catedral de Vitória, às 19h30, tem início a “Noite Mariana” com a participação do Pe. Joãozinho e da Orquestra de Violões Bom Pastor, com a regência do maestro Hugo Leonardo.