Moacir Beggo
Neste ano, Frei Valdecir Schwambach completa o seu terceiro ano consecutivo à frente da Festa da Penha. Quem o viu na primeira festa, esbanjando tranquilidade e competência como um veterano, mal sabia que o jovem guardião passou noites em claro ante à responsabilidade de assumir e manter um dos mais belos cartões postais do Brasil e do Espírito Santo: o Convento da Penha.
O guardião continua o mesmo. Como disse uma vez o presidente da AACP, Fernandes Pereira, quando ele dá uma bronca, “a gente aceita e ainda pede a bênção”. Natural de Petrolândia (SC), Frei Valdecir é filho de Ervino e Nadir Medeiros Schwambach e tem três irmãs, uma delas também seguiu as pegadas de São Francisco de Assis, entrando para a Congregação das Franciscanas de São José.
Muito cedo, como diz, Frei Valdecir decidiu entrar para o seminário quando viu um frade franciscano celebrando uma Missa. Vestiu o hábito franciscano pela primeira vez em 2000 e foi ordenado presbítero em 12 de abril de 2008.
Nesta entrevista, Frei Valdecir fala deste símbolo do povo capixaba, da devoção mariana e das expectativas para esta Festa da Penha, que acontece desde 1571. Ao contrário das grandes festas nacionais religiosas, a Festa da Penha é 100% devocional. Conheça mais!
Site do Convento – Quais as expectativas para a Festa da Penha deste ano, uma vez que no ano passado ela aconteceu entre dois feriados?
Frei Valdecir Schwambach – Se tudo correr bem e o tempo colaborar, nossa expectativa é de um público maior do que no ano passado. O que interfere, na verdade, em maior ou menor número de pessoas durante a Festa não é o fato de estar entre dois feriados, mas justamente o fator tempo e o funcionamento da logística dos ônibus. Olhando recortes de notícias dos jornais antigos, como há dez ou até quinze anos, vemos como que a Festa da Penha cresce a cada ano. Por exemplo, para a Romaria dos Homens, há uns anos, esperavam-se 50 mil pessoas. Ano passado, segundo dados da Polícia Militar, tivemos 170 mil pessoas. Então, a cada ano, o público cresce. Este ano, podemos esperar um público de 1 milhão e 200 mil pessoas que, ao longo de nove dias, passará pelo Convento, participará das grandes Missas que acontecem na Prainha, da Romaria dos Homens, da Romaria das Mulheres e da Missa de Encerramento. O que faz com que tenhamos essa previsão são justamente as romarias, as missas que acontecem no Oitavário, mas também o grande volume de pessoas que nos últimos três dias passam pelo Convento e tomam toda a ladeira. Uma equipe própria é contratada para coordenar subidas e descidas, para que de fato as pessoas consigam passar diante da imagem da Padroeira. Portanto, nem todas as pessoas participam das celebrações, mas têm de passar pelo Convento para visitar a imagem da Penha. Por isso, o número de hóstias compradas para as celebrações é um pouco mais de 100 mil. Então, nossas expectativas são sempre positivas, porque à medida que o tempo passa a Festa da Penha desce mais no sangue das pessoas e fica mais entranhada, ou diria até que vai entranhar mais no coração e no sangue do povo capixaba, porque é uma festa que acontece de 1571. Frei Palácios celebrou esta festa em 1571 e praticamente dois dias depois ele veio a falecer.
Site do Convento – Normalmente, as festas dos padroeiros são a salvação dos cofres das paróquias. Aqui, no Convento, não se vê essa preocupação com a festa externa. Ela é uma festa mais devocional?
Frei Valdecir – Geralmente, nas paróquias e outras casas e conventos, a festa do santo padroeiro é a safra, a colheita do ano. É período que serve para dar um pouco mais de tranquilidade a quem está à frente das contas. A festa de Nossa Senhora da Penha é bem diferente desse tipo de festa, porque ela é extremamente devocional. Eu diria 100% devocional. Todas as tendas que colocamos, que são mínimas, se formos olhar pelo número de pessoas que vêm, são apenas para dar um fornecimento de água e alguma alimentação aos romeiros que vêm de dioceses mais distantes. Diferente das festas que trabalham com muito tipo de comidas e bebidas e uma forte atividade cultural, como por exemplo, no Sul do Brasil, onde se promovem tardes dançantes, bailes e shows. A festa da Penha não trabalha com isso, porque o foco dela é justamente valorizar a presença de Nossa Senhora na Igreja, mas antes ainda disso volta seu olhar para o mistério pascal, uma vez que ela acontece dentro do período forte da Páscoa, ou seja, da Oitava da Páscoa. Por isso que a gente diz, originalmente, que é a Festa de Nossa Senhora das Alegrias e uma dessas alegrias é o Cristo Ressuscitado. Então, estamos dentro do mistério pascal da Ressurreição de Jesus olhando para essa Mãe que trouxe esse Jesus que nos salva. As pessoas vêm para participar, pagando promessas, fazendo novos pedidos ou agradecimentos. Tem gente que espera o ano inteiro e até programa suas férias para coincidir com a Festa. Acredito que para muita gente essa época do ano é especial porque tem a possibilidade de expressar sua fé vindo ao Convento. Enfim, não temos a preocupação de arrecadar fundos para reformas, restauração, mas justamente de evidenciarmos o mistério pascal e a presença de Nossa Senhora na vida da Igreja.
Site do Convento – E como o Convento tem a sua sustentação?
Frei Valdecir – Nós conseguimos manter o convento pela doação dos fiéis, o que não cansamos de agradecer. São através dos benfeitores do Convento que fazemos grande parte das nossas reformas e de onde tiramos os nossos gastos. Diria, assim, que toda manutenção física do Convento vem através da Associação Amigos do Convento da Penha (AACP), que tem sua fidelidade na contribuição mensal. Ela é que banca todos os nossos planos, projetos de manutenção e restauração. Também temos apoio do governo estadual para a iluminação externa deste patrimônio, que acredito ser do interesse do Estado para que esteja sempre iluminado como um cartão postal do Espírito Santo. A estrada principal de acesso ao Convento também teve a reforma custeada pelo governo estadual. Não se pode esquecer que estamos numa estrutura que atravessou mais de quatro séculos de história e que o desgaste é maior. Além disso, estamos à beira do mar, sofrendo os efeitos da maresia; temos muita poeira de minério, que também gera desgaste em certas obras de arte e ventos muito fortes que também desgastam a nossa estrutura. Enfim, a Associação é um braço forte no sustento do Convento.
Site do Convento – Neste ano, o povo poderá ver a parte interna da capela mais bela com a restauração. Com essa idade, 454 anos, o Convento está bem conservado?
Frei Valdecir – Acredito que o Convento da Penha, apesar de estar muito exposto às intempéries do tempo devido à sua localização geográfica no cume de uma montanha, está bem conservado. Terminamos no ano passado de fazer a restauração da capela-mor e todos os dourados estão mais vivos agora. Enfim, se olharmos a estrutura do convento como um todo, ela está bem preservada.
Site do Convento – Quais as preocupações principais para que as futuras gerações tenham acesso ao Convento?
Frei Valdecir – Acredito que existem duas preocupações: uma delas é a preocupação material. Isso vai ser sempre feito até porque existe o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que vai sempre monitorar para que o convento permaneça. Mas é necessário a gente ter sempre esse diálogo com o poder público e com as empresas amigas do Convento, para que possamos ter esse apoio, tendo em vista que se trata de uma estrutura muito cara, muito onerosa para se manter. A outra forma é manter aquilo que é o próprio do convento: ele foi construído para ser um local de moradia dos frades, que o povo vinha para rezar e para fazer o seu encontro com Deus. Então, manter esse próprio do Convento é a vocação original de quem mora aqui, ou seja, ser um local de espiritualidade, acolhimento, em que as pessoas possam se sentir bem. Muitas pessoas vêm aqui e sentem paz, tranquilidade e harmonia. Isso deve permanecer para as futuras gerações porque é a identidade do Convento. Frei Pedro Palácios não criou o Convento para ser um Centro de atrações, simplesmente um ponto turístico. O turista é bem-vindo assim como o peregrino, mas a vocação original do Convento é a religiosa. Os outros valores que foram se agregando com o tempo são valores bem-vindos, mas o Convento não pode desviar do seu caminho.
Site do Convento – Na festa do ano passado, muitas pessoas passaram mal e foi difícil o acesso dos bombeiros até a capela. Existe algum projeto de acessibilidade?
Frei Valdecir – Sim, existe um projeto pronto de acessibilidade para o Convento, mas nós precisamos achar um ponto em comum que seja favorável ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e seja favorável à Província da Imaculada Conceição. Atualmente, o projeto é favorável à visão do Iphan, mas não é à mantenedora do Convento, a Província Franciscana. Então, esse projeto ainda precisa ser mais refletido entre as duas instituições. A Província tem a preocupação, sim, de tornar o Convento mais acessível para a sociedade, especialmente para aquelas pessoas que carregam algum tipo de deficiência física, mas só que isso não pode ser feito de uma forma unilateral, que vai criar uma estrutura que marcará o Convento ou até irá desfigurá-lo de uma forma irreversível. Isso jamais poderemos permitir porque temos uma concepção do convento como um todo. O Convento é uma peça sagrada mas é uma peça de arte e toda intervenção que seja aplicada sobre ele e possa desfigurá-lo de forma definitiva, não vai ser aprovada pela Província. Nosso objetivo é facilitar o acesso das pessoas, mas a forma como vai ser feita ainda será mais discutida.
Site do Convento – Qual é o tema da festa deste ano? Por que a escolha deste tema?
Frei Valdecir – Esse ano o tema da festa é “Maria, a Mãe de Jesus, o Cristo da Paz”. O foco está nesse Jesus, que é o príncipe de Paz, o Rei da Paz, porque a paz é um tema muito necessário para todos os povos. Infelizmente, o tempo passa e até se fala muito de paz, mas a gente ainda sonha muito com a paz, porque é uma utopia sonhada, mas pouco visualizada nas nossas cidades. Infelizmente, até aqui, no Estado do Espírito Santo, a violência está muito presente como se vê muito no noticiário. Então, a gente quer rezar este ano para que possamos, pela religião, pela fé, transformar e pacificar os corações das pessoas. Eu falava outro dia que esta Festa tem que ser pacífica, mas tem que ser também pacificadora dos corações. Todo mundo que vem para a Festa tem que aprender a levar a paz para a sua casa. Não dá para esperar pelos outros e achar que quem vai gerar a paz nas nossas cidades vai ser a polícia ou qualquer tipo de força. Não. Nós é que temos de ter um coração pacificado para gerar paz no lugar em que vivemos. Olhando para Jesus, aprendemos a ser portadores dessa paz. O tema surgiu, portanto, por uma necessidade do mundo atual, até mesmo porque paz é um tema que ultrapassa todo tipo de credo e raça.
Site do Convento – Num santuário tão tradicional, a liturgia oficial pode caminhar com a piedade popular?
Frei Valdecir – Sim, a piedade popular e a liturgia oficial não estão em contradição. Diria que uma complementa a outra e uma enriquece a outra. Quem vive e se alimenta da piedade popular, muitas vezes não tem acesso imediato à Igreja e busca suas formas de rezar, de se relacionar com os santos e com Deus. Mas isso não quer dizer que esteja errado. Muitas vezes é fruto de uma fé simples, ingênua, mas de uma teologia muito profunda. Às vezes um gesto fala mais do que muitas palavras. Então, não são atitudes contraditórias, mas formas diferentes, muitas vezes, de se relacionar com Deus. Há aquilo, sim, que é o instituído, aquilo que é o oficial, mas em volta disso tudo há a forma natural, espontânea das pessoas de se relacionaram com Deus. Acredito que aquilo que liga mais as pessoas a Deus, aquilo que torna o coração das pessoas melhor, é bem-vindo.
Site do Convento – Por que a devoção a Nossa Senhora é muito forte aqui?
Frei Valdecir – Essa devoção está desde o início da colonização do Estado. O Frei Pedro Palácios chegou aqui com o painel de Nossa Senhora das 7 Alegrias poucos anos depois dos primeiros colonizadores. E o Frei Pedro provavelmente não ficava parado ali na Prainha. Segundo relatos históricos, ele andava bastante, era um missionário neste início de colonização e, provavelmente, um divulgador da devoção a Nossa Senhora das Alegrias. Com o tempo, e à medida que a Festa da Penha foi ganhando corpo – o formato era bem diferente do que temos hoje -, isso tudo foi gerando uma identidade no povo com Nossa Senhora até se tornar Nossa Senhora da Penha.
Site do Convento – Como você analisa a comoção que toma conta do povo quando a imagem chega ao Campinho na abertura do Oitavário e na Missa de Encerramento da Festa?
Frei Valdecir – Acredito que é como se as pessoas sentissem o céu se aproximar um pouco mais delas. É como se o céu tocasse um pouco mais o coração delas. E depois, Nossa Senhora é diretamente a figura feminina que lembra a nossa mãe. O filho ou a filha que tem a mãe aqui na terra ou aqueles que já perderam suas mães, todos se sentem tocados. A não ser que haja certos preconceitos, mas todo mundo que se abre para esta questão de amor à sua mãe, se sente muito identificado com Nossa Senhora, porque ela cumpre esse papel de mãe. Ela é esse rosto de Deus na forma de mãe que chega próximo de nós. Então, daquela imagem que anda no meio do povo, não brota força ou mágica. A imagem não tem nenhum poder de força. Quem sempre tem qualquer tipo de força sobre nós, de graça, é Deus. Deus age através também daqueles que procuraram viver a mensagem de Jesus no nosso meio. Então, a imagem é esse símbolo do sagrado que passa entre nós. Esse Deus que não está distante, mas muito próximo e toca os seres humanos.
Site do Convento – Essa devoção atrai também os jovens?
Frei Valdecir – Se formos olhar quem frequenta o Convento durante a semana, a grande maioria de pessoas é composta de um público adulto. E também durante o nosso horário de atendimento as pessoas estão trabalhando e estudando, o que dificulta a vinda. Nos finais de semana, esse quadro muda muito e percebemos a presença muito maior dos jovens. É muito comum ver estudantes chegarem e pedirem a proteção e a intercessão de Nossa Senhora para os seus estudos e para os desafios que estão assumindo. Então, essa devoção fala alto para os jovens. Até porque os adultos que estão aqui rezando um dia já foram jovens e, se a gente conversar com eles, vão contar que, quando eram novos, os pais trouxeram aqui. Depois vieram para abençoar as alianças do casamento. Então, as histórias das pessoas que frequentam aqui começam desde cedo. A linguagem de Nossa Senhora da Penha atinge as pessoas independente da idade.
Site do Convento – Por que a maioria dos santuários em todo o mundo é mariana?
Frei Valdecir – Temos aí os grandes santuários marianos, como Guadalupe, Lourdes, Fátima, Aparecida do Norte, Loreto, Rocio, santuários de uma expressividade sem tamanho. Ao olhar bem, percebemos essa capacidade de Nossa Senhora se fazer próxima ao povo em diferentes situações. No México, na dificuldade que os indígenas viviam; em Aparecida, com o sofrimento da escravidão e assim por diante. Enfim, sempre há uma situação que Nossa Senhora vem mostrar um alívio de Deus, um outro rosto, uma outra possibilidade de esperança para as pessoas. Acredito que por excelência, Nossa Senhora tem essa presença. É como se ela fosse uma mensageira de Deus que vem para aliviar os sofrimentos dos seres humanos. Diria ser essa presença feminina na Igreja que vem mostrar esse rosto de Deus para as pessoas. Acho que os povos se identificam muito por isso. Se há sofrimento, se há qualquer tipo de escravidão, qualquer tipo de mal que os seres humanos fazem uns para os outros, Nossa Senhora vem mostrar esse lado materno do cuidado. Ela vem para aliviar, para cuidar como uma mãe que protege os seus filhos. Acredito que todos esses santuários marianos, no fundo, são casas da nossa Mãe que os filhos têm como referência para buscar o remédio para suas dores.
Site do Convento – Fale um pouco de sua vocação. Por que escolheu a vida religiosa franciscana?
Frei Valdecir – Entrei para o seminário cedo, com 14 anos. A vocação, pelo menos posso dizer de minha parte, sempre acontece porque a gente vê alguém e diz “opa, quero fazer isso também”. No meu caso, vi um frei rezando Missa e depois uma Missa vocacional. Um frei de hábito. Achei aquilo muito bonito. A gente quando é pequeno não faz muitas reflexões e se apega logo pelo estético, pelo belo, pelo não belo. Vi aquele frade rezando Missa e achei muito bonito e disse também que queria ser como ele. Claro, que no início não sabia a diferença entre frei e padre. Depois é que fomos aprender. Sobre a espiritualidade franciscana, ela fala alto porque o Deus de São Francisco é muito mais acessível. São Francisco tem um Deus encarnado, muito próximo às pessoas. Um Deus que é misericordioso e se compadece com as pessoas. Um Deus próximo, como Nossa Senhora. Eu acredito que isso me chama muita a atenção. Muitas pessoas pregam um Deus como no Antigo Testamento, punitivo, castigador. O Deus da espiritualidade é o Deus de Jesus Cristo, que se despojou do seu poder e veio se fazer um ser humano no meio de nós, como diz São Paulo: ele não se apega ciosamente a sua condição mas ele se faz um ser humano dentro da nossa existência. Isso me chama muito atenção. Esse Deus que não deixa de ser Deus, mas se encarna na nossa carne humana para dizer que também somos bons à medida que temos Deus dentro de nós. É isso que me faz abraçar a espiritualidade franciscana.
Site do Convento – Poucas pessoas sabem que mal você se formou e já foi designado para assumir a função de guardião. Isso chegou a te assustar?
Frei Valdecir – Sim. Eu morei aqui dois anos antes de assumir como guardião. Eu não contava com isso, porque na verdade tinha outras expectativas. Estava praticamente transferido e depois veio o pedido do Definitório para que eu assumisse o Convento. Assustou porque via sempre os guardiães mais adultos e experientes, com longa caminhada na vida religiosa e experiência administrativa, assumirem esse tipo de serviço. Isso me deixou muito preocupado no sentido de que aqui estamos numa estrutura antiga, de quatro séculos, e como tal existe um grande peso. Veja bem, foi uma grande responsabilidade colocada nas minhas mãos tendo em vista que o Convento é uma das principais igrejas do Espírito Santo e um ponto turístico. Como corresponder à altura o que me era esperado? Não para todas as coisas, porque isso seria impossível, mas ao menos gerenciar isso aqui de tal forma que caminhe, como santuário, fraternidade e caminhe a contento das pessoas. No fundo, fui jogado na água para nadar mesmo. Confesso que algumas noites passei sem dormir.
Site do Convento – Qual é o papel de um guardião? Por que aqui não se tem o costume de chamar de reitor uma vez que o Convento é também um Santuário?
Frei Valdecir – O papel do guardião é ser o animador da vida em fraternidade. Enfim, cuida dos frades e se responsabiliza por eles. Aqui no Espírito Santo, o guardião dos frades é o guardião do Santuário. Aqui não se utiliza a expressão reitor. Para as pessoas não quer dizer nada. Já o guardião é mais fácil de entender como aquele que guarda, que cuida, que zela. O guardião é o zelador do Santuário. Então, as pessoas não se preocupam com a linguagem jurídica correta dos estatutos. No fundo, o próprio reitor também cuida e guarda. Os guardiães antigos também tiveram muita expressão diante da sociedade e o Espírito Santo nasceu a partir dessa região, tendo o Convento da Penha sempre como destaque. Essa linguagem se tornou conhecida por causa dessa importância.
Site do Convento – A Festa tem boa repercussão na mídia?
Frei Valdecir – A Festa da Penha tem todo esse sucesso porque em grande parte tem um trabalho de mídia excelente. Um mês antes, já se começa a falar da Festa nos diferentes meios de comunicação, informando programação e datas. A grande mídia é que projeta a Festa da Penha. Sem o apoio dela, ficaríamos bastante mancos e isolados. Todos os veículos são importantes, como a televisão, a mídia impressa, o rádio e a internet. Aliás, temos várias emissoras de rádio que cobrem integralmente a Festa da Penha. A própria internet está entrando. São essas mídias que nos levam até onde não temos alcance nas cidades mais distantes do Espírito Santo e até do Brasil.
Site do Convento – Até o próprio site do Convento faz esse papel?
Frei Valdecir – Sem dúvida. É um site que está muito atrativo, mais fácil. O jovem até se identifica mais pelos atalhos que levam às redes sociais. É um importante canal de evangelização hoje. O site vai ser o nosso canal de informação, interação e comunicação com as pessoas que querem ter informações oficiais da Festa.