Paz e Bem!
Reunidos no Convento São Boaventura, em Rondinha (PR), 27 colaboradores participaram do VI Encontro da Frente de Evangelização da Comunicação, que aconteceu nos dias 17 e 18 de outubro. O tema escolhido para este ano foi a cultura do diálogo, baseando-se nas comemorações dos 800 anos do encontro de Francisco de Assis com o Sultão Al-Malik Al-Kamil em Damieta, no Egito.
Participaram do encontro os frades ligados à Comunicação, funcionários e voluntários da Fundação Cultural Celinauta e Paróquia São Pedro Apóstolo (Pato Branco, PR); Grupo Educacional Bom Jesus e Paróquia Bom Jesus dos Perdões (Curitiba, PR); Fraternidade São Boaventura (Rondinha, PR); Fundação Frei Rogério (Curitibanos, SC); Editora Vozes (Petrópolis, RJ); Convento da Penha (Vila Velha, ES); Universidade São Francisco (Bragança Paulista, SP); Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), Pró-Vocações e Missões Franciscanas (PVF), Serviço de Animação Vocacional (SAV) e Sede Provincial (São Paulo, SP).
Para o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, este encontro é importante pois promove o debate e a partilha de experiências existentes em cada lugar, incentivando um trabalho em rede, que é proposto no Plano de Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. “Conhecemos um pouco mais do que é feito em cada lugar, ampliando os horizontes. Além de ter uma consciência para além da realidade local, crescemos na consciência de Província e além da Província, como Ordem dos Frades Menores, como Igreja, em sintonia com a proposta do Papa Francisco, que torna muito presente a nossa espiritualidade franciscana”, assegura o frade.
Para ele, refletir e celebrar os 800 anos do encontro entre Francisco e o Sultão é uma convocação a termos uma nova postura diante das realidades que se apresentam. “Esta data não é apenas uma comemoração, mas uma provocação para nosso tempo. Temos refletido o quanto é necessária uma abertura maior para o diálogo com o diferente, a outra cultura, a outro modo de ser e outros credos. Por isso, as iniciativas evangelizadoras na comunicação querem trabalhar nessa dimensão do diálogo, num tempo muito marcado por fundamentalismos, ódio político, social, racial e no campo das manifestações religiosas. Algumas religiões têm enfrentado muita discriminação, muito ódio e nós, como franciscanos, somos convocados a sermos instrumentos de paz”, afirmou Frei César.
Para o coordenador da Frente da Comunicação, Frei Neuri Francisco Reinisch, são muitos os desafios apresentados. Além de romper com a cultura da indiferença, os comunicadores são chamados a exercer sua profissão com responsabilidade, mantendo uma postura ética, transmitindo valores e princípios morais e franciscanos. “Como comunicadores, podemos atuar em dois aspectos. Sobre a questão da indiferença, chamar a atenção de todos para sermos coparticipes dentro de um processo de construção da sociedade enquanto propagadores de uma boa notícia. Ajudar a articular as entidades, as pessoas, a Igreja, para que as coisas aconteçam dentro de uma perspectiva, respeitando o outro enquanto ser humano, filho de Deus e também como ser dentro do universo. Por outro lado, tomamos consciência de que vivemos numa sociedade onde todos falam e se declaram especialistas em todas as áreas, chamo a atenção para aquilo que comunicamos. Devemos comunicar com credibilidade, fundamentação, ouvindo as diversas facetas da realidade que se apresenta e, sobretudo, chamando as pessoas para construirmos juntos uma informação acertada, mais propositiva. Chamo nossos colaboradores a uma postura ética, dentro de valores e princípios morais e franciscanos”, ressaltou o diretor da Rede Celinauta de Comunicação.
Construtores de pontes
O moderador da Formação Permanente da Província, Frei Fidêncio Vanboemmel, foi o assessor do encontro. Ele falou sobre o encontro de Francisco de Assis com o Sultão e sobre a importância do diálogo na comunicação, sobretudo no diálogo que ajuda a superar preconceitos e que aproxima as pessoas. “Como franciscanos, somos impulsionados pelo Evangelho a tomar iniciativa de sair ao encontro dos irmãos afim de construir o diálogo. Em nossos meios de comunicação onde atuamos, somos construtores do diálogo. Vamos ao encontro através dos meios que Deus nos proporcionou, para estabelecermos um diálogo e, através dele, queremos levar a Boa Nova. Somos pessoas que dialogamos, levamos a Palavra e, sobretudo, dialogamos com pessoas diferentes, mesmo aquelas que professam uma fé diferente da nossa”, afirmou o frade.
Frei Fidêncio explicou que antes de abrir-se ao diálogo com o outro, Francisco abriu-se ao diálogo com Deus. “Francisco de Assis foi, acima de tudo, homem do diálogo. Assim como Cristo dialogou com o Pai, com um grupo restrito de discípulos, com as multidões, com indivíduos, vamos encontrar Francisco numa comunicação permanente com todas as pessoas. Em primeiro lugar, Francisco de Assis aprendeu a dialogar com Deus. Para ser o que ele foi, ele necessitou aprimorar a sua vida. Deus é o referencial supremo da vida de Francisco. Para ser tudo aquilo que ele foi, um comunicador por excelência, o cantador, o arauto do Senhor, ele foi uma pessoa de Deus. A exemplo de Francisco, precisamos aprender a dialogar com o Senhor da história. Francisco se coloca diante do mistério de Deus e se pergunta: Senhor, que queres que eu faça. É uma pergunta que deveríamos fazer todos os dias”, aconselhou o assessor.
Fraternidade de comunicadores
Durante sua fala, Frei Fidêncio afirmou que os colaboradores nas diversas entidades são importantes pois são braço-direito no apoio aos frades. “Somos poucos frades, mas com vocês somos muitos”, afirmou. Para ele, os colaboradores formam a Fraternidade da Comunicação da Província, por isso é necessário atuar com ética e verdade comunicando os verdadeiros valores do Evangelho, considerando todas as criaturas em sua grandeza. “Ser um comunicador exige ser plenamente verdadeiro. Sabemos que muita gente na mídia trabalha por dinheiro, vende a sua imagem, não a sua verdade. Para nós, como Província Franciscana, interessa a verdade do homem, aquilo que eu devo ser diante de Deus e reproduzir esta verdade”, aconselhou.
Partilha e convivência
O encontro presencial da Frente de Evangelização da Comunicação é um momento de estudo, mas também de partilha de experiências e iniciativas. Durante o encontro, as diversas entidades puderam apresentar o trabalho realizado durante o ano. Destacou-se o quanto as iniciativas promovidas em parceria aumentaram ao longo dos anos, não só na produção de materiais, mas nos diversos trabalhos administrativos. Apesar do aumento, ainda há espaço para mais projetos em comum, otimizando recursos humanos e materiais.
Para 2020, o grupo elegeu a Campanha da Fraternidade como um tema a ser trabalhado em conjunto por todas as entidades ligadas à Comunicação, além da continuidade dos encontros por videoconferência e um olhar mais cuidadoso com a Pastoral da Comunicação nas Paróquias, auxiliando na formação dos agentes de pastoral.
Com informações de Érika Augusto