Dom Evaristo é nomeado pelo Papa Francisco para a Diocese de Roraima

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O Papa Francisco nomeou nesta quarta-feira, 25 de janeiro, Dom Evaristo Spengler como bispo da Diocese de Roraima, transferindo-o da Prelazia de Marajó, onde estava desde 27 de agosto de 2016. Ele foi ordenado em 06 de agosto de 2016, em Gaspar (SC), depois de ser nomeado bispo pelo Papa Francisco no dia 1º de junho de 2016.

Em 2020, após o Sínodo da Amazônia, Francisco escreveu a exortação apostólica “Querida Amazônia”, afirmou querer ver uma região com mais justiça social onde o cristianismo não elimina, mas enriquece as culturas locais; onde a ecologia seja defendida, com missionários que não se envergonhem de Jesus Cristo.

A nomeação de Dom Evaristo acontece exatamente no momento em que foram reveladas cenas dos abusos cometidos contra os Yanomami.

Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, escreveria para a Vatican News: “A defesa do Povo Yanomami tem sido uma prioridade para os últimos Bispos da Diocese de Roraima, levando essa Igreja local a se posicionar. Dom Roque Paloschi, Bispo da Diocese de Roraima de 2005 a 2015, afirmou na introdução ao Livro “O Encontro”, que relata memórias da Missão Catrimani, que “encontrar e conhecer os Yanomami têm sido um caminho extraordinário, um bem e privilégio para a Igreja de Roraima”.

Já em 2017, quando foi publicado o livro, dom Roque Paloschi denunciava a ameaça do garimpo na Terra Yanomami: “atualmente, as invasões e depredações das suas terras continuam, com a constante presença de garimpeiros e a pesca predatória. Os indígenas denunciam, mas permanece a impunidade”. Ele fazia um apelo para as parcerias e as redes para “a luta contra os ‘dragões mortíferos’ da vida”.

Dom Evaristo assume no lugar de Dom Mário Antônio da Silva, que deixou o cargo no Estado para assumir a Diocese de Cuiabá, no Mato Grosso, no dia 23 de fevereiro do ano passado.

Natural de Gaspar (SC), onde nasceu no bairro de Pocinho no dia 29 de março de 1959, Evaristo Spengler vestiu o hábito franciscano quando ingressou no Noviciado de Rodeio (SC), da Província Franciscana da Imaculada Conceição, no dia 20 de janeiro de 1977. No dia 2 de agosto de 1982 fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores e foi ordenado presbítero no dia 19 de maio de 1984.

Frei Evaristo ficou por uma década em Angola. Essa experiência missionária começou no dia 31 de maio de 2001. De 2003 a 2006, Frei Evaristo presidiu a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. Em janeiro de 2010 encerrava essa etapa missionária e retornava para a conhecida Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, bairro de Imbariê, como Vigário Paroquial. Ali continuou até 2012 quando o Capítulo Provincial o elegeu Definidor e o manteve como coordenador da Fraternidade de Imbariê. No Capítulo Provincial de 2016, ele foi eleito Vigário Provincial e passou a acumular a função de Secretário da Evangelização.

Frei Evaristo sucedeu a Dom Frei José Luiz Azcona, religioso missionário da Ordem dos Agostinianos Recoletos e bispo prelado do Marajó desde 1987, que devido à idade (76 anos) teve sua renúncia ao governo pastoral da Prelazia aceita pelo Papa Francisco, conforme prevê o Direito Canônico.

Quando assumiu a Prelazia de MarajÓ disse: “Os desafios sociais e eclesiais não me assustam quando há uma Igreja viva. O que me dá medo é a acomodação, é perder o ímpeto missionário”.

HISTÓRICO DA DIOCESE

A Igreja Particular do Rio Branco, hoje Roraima, foi a primeira a ser desmembrada da Diocese do Amazonas que na época compreendia os territórios do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima. Em 15 de agosto de 1907, o decreto pontifício do Papa Pio X, “E Brasilianae Reipublicae Diocesibus” elevou a Abadia de Nª. Sª. do Monserrate – Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro – à categoria de Abadia Nullius com jurisdição sobre o território da Bacia do Rio Branco, desligando-a da Diocese do Amazonas. Nascia então a Igreja Particular de Roraima.

Depois de três bispos-prelados da congregação beneditina, em maio de 1948, os Monges entregaram a Prelazia aos Missionários da Consolata de Turim. Após isso, em 1952, Dom José Nepote Fus, missionário da Consolata, assumiu como bispo-prelado. Em 1975, Dom Aldo Mongiano assumiu como bispo-prelado. Seu episcopado foi marcado pela luta em favor dos direitos dos Povos Indígenas de Roraima e pela elevação da Igreja Particular de Roraima da Diocese em 1979.

Dom Apparecido José Dias, bispo nomeado em 1996, teve seu episcopado marcado pela experiência no trabalho junto aos Povos Indígenas e sendo presidente do CIMI –Conselho Indigenista, além de acolher, na Diocese, a segunda experiência de Igreja-Irmã de Piacenza, Itália, e os missionários do Verbo Divino. Ordenou quatro novos padres diocesanos. Fundou a Rádio FM Roraima e movimento Nós existimos.

Na década de 90, a Diocese acolheu novas congregações religiosas, abriu o seminário, ordenou o primeiro padre diocesano e introduziu também o diaconato permanente. Abriu uma nova missão junto aos povos Yanomami – missão Xitei, construiu a Casa Paulo VI, o hospital de Cura. Atualmente, a Diocese de Roraima se destaca com apoio e suporte da população migrante e indígena presente no estado e continua caminhando na missão de evangelização, em comunhão e participação com o Santo Padre, Papa Francisco, e toda a igreja na Amazônia.


SAUDAÇÃO DA CNBB A DOM EVARISTO PASCOAL SPENGLER

Prezado Dom Evaristo Pascoal,

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recebeu com alegria a notícia da sua nomeação como bispo da diocese de Roraima (RR).

Desejamos um profícuo ministério e, ao saudá-lo, neste dia em que celebramos a solenidade da conversão de São Paulo Apóstolo, recordamos um trecho da homilia do Papa Francisco, na celebração das vésperas, de 25 de janeiro de 2016: “A vocação para ser Apóstolo funda-se não nos méritos humanos de Paulo, que se considera ‘último’ e ‘indigno’, mas na bondade infinita de Deus, que o escolheu e lhe confiou o ministério”.

Assim como São Paulo outrora, Deus lhe envia agora com a missão de ser mensageiro do Evangelho na Igreja Particular de Roraima. E como disse o Santo Padre em sua segunda catequese sobre o apóstolo, proferida na Audiência Geral de 30 de junho de 2021: “A chamada envolve sempre uma missão à qual estamos destinados; por isso é-nos pedido que nos preparemos seriamente, sabendo que é o próprio Deus que nos envia e nos apoia com a sua graça”.

Que o testemunho e a coragem do Apóstolo Paulo sejam inspiração nesta nova etapa de seu ministério.

Em Cristo,

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

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