Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – Uma das romarias mais participativas da Festa da Penha é a da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Neste ano, lotaram 40 ônibus, 15 vans e um grande número de veículos particulares para participar desta homenagem a Nossa Senhora da Penha.
O bispo franciscano Dom Dario Campos presidiu a Celebração Eucarística e falou na sua homilia sobre o significado da montanha desde o Antigo Testamento e a importância dos romeiros se dirigem em Romaria à montanha do Convento da Penha. Ele enfatizou a questão da comunicação nos dias de hoje e o risco que se corre quando o ser humano se encanta pelas tecnologias e esquece o outro. “A comunicação pessoal está num grande impasse. Estamos perdendo a capacidade de silenciar o coração. Estamos perdendo a capacidade de encontrar com as pessoas e com nós mesmos. Estamos nos distanciando da essência fundamental do humano”, disse.
Falando sobre o tema da festa, Dom Dario expressou que Jesus nos mostrou a misericórdia do Pai e que não é possível fazer essa experiência sem o perdão. “Perdoar não é uma coisa fácil. Pro bispo também não!”
A diocese de Cachoeiro de Itapemirim foi consagrada a Nossa Senhora da Penha com canto e a entrada do brasão feito com flores. Pe. Andherson Franklin, coordenador de pastoral, agradeceu ao Frei Valdecir Schwambach a acolhida no período em que atuou como guardião do Convento da Penha.
A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim foi erigida canonicamente pelo Papa Pio XII, por meio da Bula “Cum Territorium”, de 16 de fevereiro de 1958, a partir de território desmembrado da então Diocese do Espírito Santo, hoje Arquidiocese de Vitória.
MOMENTO DEVOCIONAL FRANCISCANO
O sétimo dia do Oitavário, momento devocional franciscano, foi celebrado neste sábado, 2 de abril, antes da Santa Missa no Campinho. Frei Valdecir Schwambach, o guardião do Convento da Penha, fez a acolhida e Frei Gustavo Medella, que é Definidor e Coordenador da Frente de Comunicação da Evangelização da Província da Imaculada, fez a reflexão com base na bula do Ano da Misericórdia. Ele leu o seguinte trecho do Papa Francisco: “O perdão das ofensas torna-se a expressão mais evidente do amor misericordioso e, para nós, cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz”.
Antes, foi lido por Frei Alan Leal de Mattos um trecho sobre Frei Pedro Palácios. “Ele queria construir uma modesta casa neste Morro da Penha e foi mexer em algumas pedras perto das palmeiras, que não são essas, mas que ficavam mais acima. E ao mexer essas pedras, ele encontrou uma fonte de água cristalina, fresca e límpida. Olha que lição para nós. Que pedras precisamos mexer para acharmos dentro de nós essa fonte de vida, essa fonte de renovação que a água simboliza?”, perguntou o frade. “E hoje nós percebemos o quanto anda em evidência a questão da preservação do meio ambiente e da reciclagem do lixo. Quem procura em casa separar o lixo que é metal, vidro, papel, levante as mãos. Tem muitos, mas podemos ter muito mais. Nós sabemos que separar o lixo é uma atitude de inteligência e sabedoria, porque permite o reaproveitamento, porque permite a construção de um mundo mais saudável e sustentável. E o que tem a ver a reciclagem de lixo com o tema que nós estamos tratando hoje, o tema do perdão?”, perguntou.
Segundo Frei Medella, perdoar é um gesto de reciclar tudo aquilo que recebemos. “Quando alguém nos ofende, joga lixo em cima de nós. E nós vamos ser pouco inteligentes de ficar carregando aquele lixo inutilmente, guardando mágoa, desejo de vingança, ou vamos agir com discernimento e inteligência. Disso tudo que passei, o que pode servir para mim? Tem um fundo de verdade essa ofensa que sofri? Se tem, no que eu posso melhorar? Se era mentira, no que eu posso me prevenir para que não se torne verdade? Agir com inteligência, separar e dar o devido destino a tudo que recebemos. Coisas boas e coisas menos boas, para caminharmos com leveza. Por isso que o Papa diz para não guardarmos raiva, vingança, mágoa. Ninguém consegue ser feliz com um coração tomado de tanto sentimento negativo. Por isso, vamos agir com inteligência e colocar cada desfeita, cada ingratidão, e cada gesto bonito no seu devido lugar, para sermos mais felizes”, ensinou.