Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – As Celebrações Eucarísticas deste sábado, 7 de abril, na Festa da Penha trouxeram para o Campinho duas Romarias: a da Diocese de São Mateus e a dos Adolescentes.
Logo cedo, às 7 horas, os romeiros do Norte capixaba começavam a subir o Morro a pé, debaixo de muita chuva e depois de viajarem três horas para chegarem até Vila Velha. Segundo o bispo de São Mateus, Dom Paulo Dalbó, alguns devotos saíram às 23 horas de ontem. Ele veio acompanhando o seu povo, representando 720 CEB’s em 19 municípios. Ele foi acolhido por Frei Valdecir Schwambach, representando o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira.
Dom Paulo presidiu a Santa Missa, às 8 horas, e em suas palavras iniciais, saudou todos os presentes e falou da importância da Diocese de São Mateus nesses 60 anos de caminhada, enquanto os romeiros mostravam em um banner o tema “Igreja Profética e missionária a serviço da vida” e o lema “A Missão Continua…”.
A Diocese de São Mateus foi criada em 16 de fevereiro de 1958 pelo Papa Pio XII, com território desmembrado da então Diocese do Espírito Santo, hoje Arquidiocese de Vitória. Localizada ao norte do Espírito Santo, é composta por 23 paróquias em 19 municípios. Desta Romaria, cerca de 30 ônibus participaram.
Logo depois, às 9h30, chegaram os jovens trazendo sua animação, enchendo o Campinho de alegria. Eles, os jovens, ainda não tinham chegado quando Dom Paulo fez uma homilia mostrando que os dois apóstolos, Pedro e João, da liturgia deste ano, simbolizam a tradição e a juventude da Igreja.
“Chama a atenção deste Evangelho, Pedro, o mais velho, e João, o discípulo que Jesus amava. Talvez Jesus não amava mais João do que a outros apóstolos, mas talvez João era o menino do grupo que precisava de um olhar atento e cuidadoso, não só por parte de Jesus, mas por parte de todos os apóstolos. E quando ele sai nessa caminhada correndo ao túmulo de Jesus, ele chega primeiro. Mas ele não faz a experiência do Ressuscitado, mas espera por Pedro, o mais experiente dos apóstolos, que pudesse chegar primeiro para fazer a experiência”, explicou.
“Pedro e João representam muito a nossa Igreja, principalmente o espírito que nós estamos celebrando nesses 60 anos. Pedro, o homem da chave, da experiência, e João, o menino, o jovem que chega e que necessita de todo o cuidado. Para nós, quem é o João de hoje que necessita desse olhar cuidadosos de todos nós?”, perguntou Dom Paulo.
“Se a Igreja for só uma Igreja-Pedro, ela envelhece e morre. É preciso sempre ter também o outro lado da juventude que chega. Então, a criança, o adolescente, a juventude, representam a figura de João, que temos de ter um olhar preocupante e cuidadoso para que chegue e seja acolhido. Talvez João seja esse grupo que precisa ser acolhido e cuidado. Na caminhada de nossa Igreja, talvez João seja aqueles que ainda não entraram e precisam ser olhados e cuidados para que estejam também aqui.
João significa ou representa aqueles que não cuidamos. Talvez quantos chegaram e cristalizamos a nossa Igreja com conceitos e mais conceitos, racionalidade, mas perdemos o espírito da acolhida e da gratuidade. Hoje esses seriam talvez João, os novos que chegariam para injetar ânimo e força na Igreja e que estão em muitas outras religiões, em outras denominações religiosas ou em outros caminhos perversos que o mundo lhe indicou.
Dom Paulo questionou, nesses 60 anos, quem fez o papel de Pedro e quem fez o papel de João. “Nós não podemos jogar fora o João, a criança, o adolescente que está chegando. Nós vemos muitas postagens no meio virtual, jovens ainda imaturos que falam ‘a Igreja tem que ser assim’, ‘tem que ser desse jeito porque se não vou por outro caminho’. Então tem muita gente que quer que a Igreja seja do jeito que ele quer. A Igreja não pode ser do jeito que eu quero, do jeito que eu determino. Eu não posso jogar no lixo uma tradição de 2 mil anos, uma Igreja capixaba de 60 anos, madura na fé. Então, temos que ser Pedro, com espírito de sensibilidade e abertura e acolhida, mas temos que ser uma Igreja-João, que se encanta e que vai para a missão respeitando toda a história, do cristinianismo, da Igreja, universal ou local. Se assim compreendermos a nossa Igreja e trabalharmos nesse paralelo, a Igreja madura na figura de Pedro e a jovem na figura de João, acolhendo os novos, a Igreja jamais morrerá”, ensinou.
Um momento bonito da Celebração foi a Ladainha dos Padroeiros das Paróquias: “Virgem de Fátima de Pedro Canário e Mucurici, Negra Aparecida tão querida em Montanha, Nossa Senhora das Graças de Boa Esperança e Vila Valério….”, assim por diante.
JOVENS PEDEM O FIM DA VIOLÊNCIA
Com animação de Frei Gustavo Medella, os adolescentes foram recebidos no Campinho às 9h30. Frei Gustavo retomou o tema da Campanha da Fraternidade e lamentou a violência no Estado do Espírito Santo, lembrando que Pe. Kelder informou ontem que 320 pessoas foram mortas no início deste ano. “Nós queremos a vida e não a morte”, disse o frade e os jovens repetiram “Chega de violência!”.
Ele chamou um representante de cada grupo de jovens das Paróquias presentes no Campinho para se deitarem no chão e pediu um minuto de silêncio em memória dessas vítimas.
O jovem sacerdote Pe. Gudialace Oliveira presidiu a Celebração Eucarística no Campinho. A celebração terminou com um flash mob homenageando a Virgem da Penha.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Negar a igualdade de oportunidades é um incentivo à exclusão
A Festa da Penha, como espaço de manifestação da fé e da devoção do povo capixaba, acolheu mais uma vez neste ano a Romaria das Pessoas com Deficiência. Foi a 13ª edição deste ato, que reúne diversas instituições de atenção e apoio aos deficientes e seus familiares da capital Vitória, de Vila Velha e de outras cidades do Estado.
A concentração ocorreu na Praça Duque de Caxias, no Centro de Vila Velha, de onde os participantes percorreram a distância de 01 quilômetro, até chegar à Igreja do Rosário, onde foram acolhidos pelo Frei Gílson Kammer e pela equipe de voluntários da Romaria.
Chegando ao destino, os romeiros fizeram saudações a Nossa Senhora da Penha e, em seguida, começou a Missa de encerramento, presidida pelo Padre Carlos Pinto, da Paróquia de São Camilo de Leles, de Vitória. Ele deu trechos da Carta divulgada por ocasião da Romaria. “Superamos, em parte, a exclusão e o esquecimento e conquistamos o direito de participação e de cidadania. Entretanto, para assegurar nossa autonomia, liberdade e o exercício de nossa cidadania como uma prática cotidiana de toda a sociedade, e avançar na inclusão de todas e todos, precisamos de políticas públicas eficazes, ações e atitudes que garantam o pleno exercício de nossos direitos. Negar a igualdade de oportunidades é um incentivo à exclusão.
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