Capítulo Provincial: “Toda Fraternidade é uma casa de cuidado”

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Política de Proteção, Cuidado com os Idosos e Doentes, Preservação dos Acervos Culturais são destaques  no sexto dia do Capítulo Provincial

Neste sábado, 9 de novembro, as atividades começaram com a Celebração Eucarística, no dia em que celebramos a Dedicação da Basílica de Latrão (Catedral de Roma), a Igreja Mãe de todas as igrejas de Roma.

Em seguida, frades se dirigiram à Sala Capitular para as motivações que foram feitas pelo Frei Gabriel Dellandrea. O frade exortou a todos dizendo: “Como em todo exercício físico, quando estamos perto do fim, mas não no final, é preciso recuperar o fôlego para completar com bom êxito. Pode vir sobre nós o cansaço, mas não é hora de desistir e sim, de buscar o descanso e o estímulo. Por isso, recobremos nossas forças entoando um trecho do salmo que muitas vezes nos é abrigo e reforço na caminhada: “Pelos prados e campinas…” e salientou ainda, “providencialmente este dia próximo do fim, mas longe dele, ao mesmo tempo é um sábado: ocasião que a Igreja comumente recorda a presença materna de Maria na história da Salvação.

Segundo o frade, a presença da Mãe Santíssima consola e anima na caminhada, especialmente diante do cansaço de seus filhos. “Mas ela nos afaga e uma vez descansados, nos convida a seguirmos adiante, pois não é a Mãe dos parados, mas dos caminhantes”. A fala de Frei Daniel nos leva a refletir que muitas vezes esquecemos ou substituímos o papel de mamãe Maria em nossas vidas e Fraternidades. Portanto, é necessário um “equilíbrio da devoção mariana”, assim, como o encontramos em nosso Pai São Francisco de Assis.

“Não vive falando dela, mas não deixa de mencionar sua presença carinhosa. Na Porciúncula, Maria é modelo de pobreza para o seguimento a Jesus. Em Greccio ela é a materialização do como Deus se fez gente, entre o boi e o burro. Na ‘Saudação à Mãe de Deus’, Francisco reconhece a realeza da serva, eleita pelo Santíssimo Pai, não por mérito próprio, mas eleita, para ser a morada, o manto, a serva, a Mãe do Senhor”, concluiu o frade.

Coincidência ou não, com o tema proposto e o que Frei Gabriel falou, a liturgia de hoje fala do cuidado de tudo que pertence a Deus, seja o espiritual, bem como material: Se alguém destruir o Santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o Santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário (Cor 11,17). E ainda: E disse aos que vendiam pombas: Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!  Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: O zelo por tua casa me consumirá (Jo 2,16-17). Ou seja, é mister o cuidado para com tudo. E como bem o disse Frei Gabriel: “assertivo de nossa parte é pensar: “Toda Fraternidade é uma casa de cuidado”.

Feitas as motivações e animações foi realizada uma Plenária para apresentar as discussões desta sexta-feira, 8 de novembro, sobre as propostas dos Eixos Econômicos. Na sequência, serão iniciados os trabalhos relacionados às temáticas deste dia: Convento Santo Antônio, sob a responsabilidade de Frei Tiago Gomes Elias; Fundação Franciscana da Imaculada Mãe de Deus de Angola, por Frei Ivair Bueno de Carvalho; Cuidado com Idosos e Doentesapresentado por Frei João Francisco da Silva; Convênios, com Frei Alex Sandro Ciarnoscki; e, por fim, Arquivo e Patrimônio Bibliográfico e Cultural, apresentado por Frei Alvaci Mendes da Luz. À tarde os trabalhos começarão às 14h30, depois haverá uma pausa para a Devoção Mariana. Após o jantar, os frades retornarão às 20h30, com previsão do término às 21h30.

Como esperado, justamente por tratarem de aspectos mais delicados da organização das fraternidades e presenças, houve diversas manifestações, algumas apoiando a linha de atuação sugerida pelas políticas assumidas pelo Definitório provincial no último triênio, outras apontando direções diversas à consideração.

Após este momento de plenárias, os frades se detiveram à escuta das apresentações sobre o processo de revitalização do Convento Santo Antônio, bem como a alteração institucional da Fundação Franciscana da Imaculada Mãe de Deus de Angola, os protocolos de formação das Casas de Cuidado dos Idosos e Enfermos e, por fim, as políticas de celebração de convênios com as dioceses e outras instituições onde os frades estão a serviço.

Sobre o Convento Santo Antônio, no Largo da Carioca, Rio de Janeiro, elencou-se as diversas atividades realizadas no decorrer do triênio, buscando movimentar e colocar este espaço histórico de evangelização no radar dos católicos e povo carioca. Ressaltou-se a presença de uma significativa parcela dos irmãos que ali residem que já se encontram com idade avançada, exigindo que qualquer processo de revitalização considere sua presença e respeite suas necessidades próprias. Recordou-se, ainda, que esta casa está sendo considerada como uma possível Casa de Formação para a Etapa do Tempo de Profissão Temporária, o que permite a consideração de suas potencialidades à formação dos jovens frades, como os desafios estruturais e organizacionais que o Convento impõe à recepção desta nova missão.

Quanto à Fundação (FIMDA), Frei Ivair Bueno de Carvalho, Presidente, apresentou a realidade das fraternidades que a compõem, os processos de amadurecimento institucional com a regularização documental das casas e terrenos, da administração contábil, assim como das duas dimensões principais da Ordem Franciscana: a evangelização e a formação. Ainda apontou os números dos frades que compõem cada fraternidade e os desafios que ainda devem ser assumidos, quando se considera que a Fundação está em vias de se tornar uma Custódia Dependente da Província no próximo ano. Essa condição resultará em novas necessidades organizativas para os irmãos que levam os trabalhos à frente.  O frade apresentou, com alegria, o vislumbre de novas fraternidades a serem abertas afim de acolher os muitos irmãos que retornam à Angola para assumirem a missão e ampliar o serviço à Igreja e à sociedade.

A realidade do envelhecimento de parcela significativa dos membros da Província não pode ser deixada de lado. Este processo tem sido experimentado por todas as congregações e entidades religiosas. Na Província, mais de 50% dos frades já se encontram com idade superior a 60 anos de idade. Diante deste quadro, uma comissão havia sido criada e, agora no Capítulo, pôde apresentar o resultado de seus estudos para que seja ampliada a capacidade de acolhida de irmãos que necessitem de maiores cuidados de saúde, em qualquer faixa de idade.

A Província já tinha a Fraternidade São Francisco de Assis, em Bragança Paulista (SP), para este fim. São planejadas outras três fraternidades para que possam ajudar neste importante e humano serviço de atenção e cuidado de irmãos que dedicaram sua vida a serviço do Reino e consagraram suas melhores energias aos demais irmãos e irmãs. A Fraternidade São Francisco de Assis, de Ituporanga (SC), já se encontra nas etapas finais da reforma para que possa iniciar a acolhida dos frades.

Por fim, os trabalhos da tarde foram concluídos com a apresentação dos protocolos para a celebração de convênios com as dioceses e outras entidades, uma necessidade cada vez mais premente na lida com diversas instituições, a fim de que as responsabilidades sejam claramente definidas às partes. Pretende-se celebrar convênios para todas as presenças e revisar aqueles que já haviam sido firmados sem as considerações estabelecidas como pré-requisitos pelo Serviço dos Convênios recentemente instituído, ligado à Secretaria Provincial. Tal movimentação prevê a segurança jurídica das relações e clareza do que compete a cada uma das entidades.

Assim, os frades tiveram um breve tempo de descanso dos trabalhos capitulares. Às 18h30, tiveram um momento de Devoção Mariana, prática tradicional da Ordem, amarrando harmonicamente a reflexão do início do dia, com os louvores vespertinos. Mas, as atividades ainda não terminaram no dia, pois à noite, os frades ainda discutirão sobre os protocolos de cuidado do Arquivo e Patrimônio Cultural e Bibliográfico espalhado por diversas fraternidades da Província. Dia cheio, com reflexões oportunas e importantes para a vida provincial.


Frei Elias Hebo Luís e Frei Rodrigo da Silva Santos

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