Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – Com reiterados apelos pela paz e pela família, terminou nesta segunda-feira (13/4) a 444ª Festa da Penha, depois de oito dias de muita devoção e celebrações. Nesse tempo, Maria foi o centro das atenções do povo capixaba, especialmente na grande demonstração de fé da Romaria dos Homens, que levou às ruas mais de 600 mil pessoas.
Nesta segunda-feira é dia da Padroeira do Espírito Santo. O Convento da Penha é o destino da grande maioria do povo, que já começa a peregrinar a partir da meia-noite da segunda-feira, quando tem início da primeira Missa do dia. As estreitas escadarias que levam à Capela do Santuário da Graça do Perdão se tornam praticamente intransitáveis neste dia. É preciso ter muita paciência e fé para visitar a casa da Mãe de Deus.
Mas esse povo tem! Depois de fazer uma festa impecável, a Missa de encerramento na Prainha, não poderia ser diferente e o que se viu foi uma demonstração de muito afeto e carinho a Nossa Senhora da Penha. Mais de 80 mil pessoas participaram e deram um espetáculo sem igual na Igreja.
Desde cedo, às 10 horas, quando se encerrou a Romaria dos Ciclistas, a última da festa, muitos fiéis já se posicionavam na praça. Às 15h30, o guardião do Convento da Penha, Frei Valdecir Schwambach, começou a preparar o povo para receber a imagem de Nossa Senhora que foi carregada por um grupo de marinheiros no meio da multidão.
Logo em seguida, uma procissão cruzou a multidão trazendo os acólitos, os seminaristas e diáconos, os sacerdotes e os bispos Dom Rubens Sevilha, bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, bispo de Colatina, Dom Décio Sossai Zandonade, bispo emérito da Diocese de Colatina e Monsenhor Emilio Gonzalez Escalada, coordenador Apostólico da Diocese de São Mateus. Dom Luiz Mancilha Vilela, arcebispo de Vitória, presidiu a celebração e voltou a pedir paz, especialmente dentro das famílias.
Primeiro, D. Luiz destacou os pontos positivos que o Estado do Espírito Santo tem e mensageiros da paz, como São José de Anchieta, um santo que viveu e morreu no Estado, e o franciscano Frei Pedro Palácios, que trouxe consigo em 1558 a devoção a Nossa Senhora da Penha.
“Depois tivemos, nos séculos que se seguiram, tantos mensageiros da paz lutando contra a violência. Mas muita coisa bonita existe entre nós. E essa praça da paz cultiva muita coisa positiva”, disse, lembrando o tema da festa deste ano “Maria, Mãe da família, santuário da paz”.
“Esta mãezinha, na nossa história do Brasil, vem nos abençoando, vem nos consolando. Ora é Senhora do Amparo, ora é Senhora do Rosário, ora é Senhora do Consolo, ora é Senhora da Esperança. Conosco ela é a Senhora das Alegrias, porque ela nos trouxe e nos leva até Jesus Cristo”, explicou o Arcebispo.
Segundo D. Luiz, a família é uma pequena Igreja, o lugar primordial da paz, onde jesus preside o coração da família. “Mas alguém vai dizer que na minha família tem muitos problemas. Tem mesmo. Jesus veio para ensinar a gente carregar a nossa cruz. E com Jesus nós somos vitoriosos. Por isso eu digo que essa é Praça da Esperança. Jesus está conosco e a Mãe de Jesus caminha conosco, velando, consolando aqueles que sofrem, animando para que não percamos a esperança”, acrescentou.
O Arcebispo pediu que as famílias se esforcem para serem lugares de paz. “Procure cultivar a sua família. O casal é o mais importante da família. Ele tem que saber perdoar. Nada de ficar com cara feia um com outro. Um dá suporte para o outro, um apoio para que a família seja Igreja de Deus, lugar da paz”, ensinou.
A exemplo das várias intervenções durante a Festa da Penha, quando se procurou mostrar ao povo que a maioridade penal que ser para o país é um engodo, D. Luiz também pediu paz para os jovens. “Quem erra tem que ser punido, mas não vingado. A vingança não ajuda. O jovem infrator tem que ir para lugar de recuperação. Mas não está sendo assim. Está sendo lugar de aprendizagem do crime. Nós queremos é a paz”, pediu, sendo aplaudido.
“Longe de nós o ódio, aquele que oprime e leva para o mal. Mas isso começa lá em casa, no nosso lar, lugar de ternura e paz. Eu tenho certeza que a nossa sociedade será melhor se a nossa família for melhor”, encerrou D. Luiz.
No final da homilia, o Arcebispo pediu que o povo rezasse com ele:
Oh Senhora, abençoa a nossa família,
Console quem está sofrendo,
Dê esperança a todos aqueles que estão chorando,
De paz aos nossos lares,
Oh Senhora da Alegria, Rainha da paz, santuário da paz,
abençoa a todos nossas famílias.
Oh Senhora das Alegrias,
faça com que cada família se reforce na paz que é Cristo Jesus,
e se deixe conduzir pelo Divino Espírito Santo,
Consolador, Santificador, Orientador dos nossos caminhos.
Por isso, Senhora,
derrame sobre nós muitas graças,
para aquelas pessoas mais abandonadas,
para as mães mais sofridas,
para as famílias divididas,
e para as famílias que estão lutando por oportunidades.
A Missa terminou com homenagens a Nossa Senhora. Jovens e uma família levaram flores até a imagem da Penha.
Terminada a Santa Missa, o Pe. Fábio de Melo fez o show de encerramento da Festa da Penha 2015, cantando alguns dos seus sucessos como “Tudo Posso”, “Tudo é do Pai”, “Humano Amor de Deus”, “A Mão de Deus, “Viver Pra mim É Cristo”, “Novo Tempo”.
IMAGENS DA MISSA DE ENCERRAMENTO