Aconteceu na Penha em 1867…

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Foto: IHGVV - 1926

Paz e Bem!

Contar a história do Convento da Penha é contar a história do franciscano Pedro Palácios, um frade espanhol, nascido na vila de Medina do Rio Seco, próximo da cidade de Salamanca – Espanha, fervoroso devoto de Nossa Senhora, místico, amante da vida contemplativa, da vida isolamento em meditação, atento aos fenômenos da natureza… Espécie de imitador do Pai São Francisco e, como ele, despojou-se de todas as posses para viver na simplicidade, na caridade e no recolhimento. A história de vida do franciscano Palácios, já tivemos oportunidade de conhecer noutro momento, porque hoje em mais um capítulo da série especial sobre nossa história, conheceremos um fato ocorrido em 1867.

Vindo da Espanha, Frei Pedro Palácios inicialmente, desembarcou na Bahia, ainda capital da colônia, onde ficou como coadjutor dos missionários jesuítas. De lá, veio para a capitania do Espírito Santo, encontrando desde o primeiro momento um campo fértil para seu santo projeto, pois naquele primeiro dia, confirmavam-se os desregramentos dos colonos portugueses, sem qualificação para o trabalho de colonização, iletrados e banidos da sua terra natal.

Assim que chegou à Vila do Espírito Santo, segundo a história, ele só foi encontrado pelos moradores três dias depois, descansando sob uma caverna existente no sopé do morro, ali mesmo, na margem da Prainha, lugar que ficou sendo sua primeira morada. Um ou dois dias depois, já em companhia de alguns habitantes da vila, procurou novo lugar, onde se proteger melhor. Deve ter dado preferência morar no alto do monte, no lugar ao qual deram o nome de “Campinho”, porque viu que nele não havia árvores grandes e onde fez uma pequena cabana, porém continuou morando lá embaixo, por mais alguns dias, enquanto a capelinha ao seu patrono São Francisco não ganhasse cobertura. Nesse desconforto de poucos dias, descia o monte para orar e ensinar o catecismo, em cada entardecer e, ali naquela gruta da Prainha, Frei Pedro se protegia de eventual mau tempo. Essa provisória morada serviu de abrigo e ponto de apoio, durante as horas do catecismo com os habitantes. A Igrejinha do Rosário ficava fechada na maior parte do tempo porque aguardava a presença de um sacerdote.

O nível do piso atual está acima do original cerca de um metro, isso porque o mar, na maré alta batia bem perto dela, e onde fica o oratório era uma espécie de ponta entrando alguns metros dentro da enseada original da Prainha. Nas proximidades do local, havia um cais para pequenas embarcações. Frei Palácios colocou um painel de Nossa Senhora das Alegrias, que trouxe de Portugal (painel que se encontra no Santuário) e deixava na gruta. Em 1568, Frei Pedro mandou vir de Portugal uma imagem de Nossa Senhora da Penha e a colocou no altar da capela que mandou edificar no cume da rocha, em 1570, com uma festa para entronizar a imagem (a primeira Festa da Penha). Depois dessa festa, Frei Pedro Palácios veio a falecer, junto ao altar da capelinha de São Francisco de Assis.

Foto: IHGVV

De acordo com a história, a devoção à Nossa Senhora das Alegrias era uma tradição dos franciscanos e o frei Pedro era dessa ordem. São Francisco de Assis, que deu origem aos franciscanos, tinha como objeto da sua contemplação e meditação das alegrias de Maria, ou seja, sete momentos em que o coração de Nossa Senhora se enche da mais profunda alegria. O quadro trazido da Europa que indicou o lugar onde seria construído o Convento, isso porque ele sumiu algumas vezes e sempre aparecia no alto do morro, entre duas palmeiras. Frei Pedro então entendeu que ali deveria construir uma Capela. E assim fez a primeira, em 1568, dedicada a São Francisco de Assis, onde foi pendurada a pintura.

Desde 1864, na Gruta do Frei é assinalada por uma lápide comemorativa em latim, que mandou colocar o último guardião Frei Teotônio de Santa Humiliana: “Ecce Petri Palacios arcta habitatio prima/ Qui Diminam a Rupe vexit ad ista loca,/ Mirum Coenobium construxit vertice rupis,/ Quo tandem Dminae transtulit effigiem/ Quam magnis meritis vita decessit onustus,/ Jam promissa bonis praemia coelitum habet”.

Traduzindo:

“Eis de Pedro Palácios a primeira e estreita habitação,
O qual trouxe para estes lugares a Senhora da Penha.
Construiu no cume do monte um admirável  Convento,
Para onde transferiu, finalmente, a Imagem
Onerado de grandes merecimentos passou desta vida,
E já possui os prêmios celestes prometidos aos bons.
Morreu em 1570. Jaz no Convento de S. Francisco de Victória”.

Frei Teotônio de S. Humiliana, ano de 1864.

Fotos atuais da Gruta do Frei Pedro Palácios bem como a placa aos pés do Convento.

Em 1867 Frei Teotônio de Santa Humiliana, último guardião canonicamente eleito, entrega o cargo. Durante o seu “governo”, o Santuário sofreu diversos prejuízos, em consequência dos raios caídos, a 27 de Janeiro e 14 de Fevereiro de 1867. Atingiram o zimbório, as paredes e obras de talha.

Com informações do portal morrodomoreno.com.br, Cristian Oliveira.

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