Aconteceu na Penha em 1842…

Compartilhe:

Paz e Bem!

Já conhecemos como ocorreu a construção do Santuário de Nossa Senhora da Penha e estamos entendendo como ele se tornou um dos mais importantes templos marianos do país. Sabemos que até o ano de 1750, o Convento da Penha passou por muitas transformações, sendo intervenções necessárias por conta da deterioração do tempo e também ampliações para acolher melhor visitantes e romeiros.

Sempre às sextas-feiras conhecemos um pouco mais sobre a tradição, a história e a expressão de fé do povo capixaba através do aspectos históricos da religiosidade local. São pequenas reportagens de fatos que aconteceram na Penha. Hoje, não vamos falar sobre a estrutura do monumento, da construção do Convento da Penha

Aconteceu na Penha… Em 1842, amparado por amigos, sobe a ladeira da Penha, um paralítico. É o padre Diogo Antônio Feijó… esse meteoro que atravessou os céus do Brasil entre 1784 e 1843, o grande paulista que, na opinião de Otávio Tarquínio de Souza, não foi talvez excedido em prestígio e notoriedade nem por Pedro I, nem por José Bonifácio, e nem por Pedro II, também galgou as penedias onde se engasta o Convento da Penha, e lá no santuário famoso, dirigiu as suas preces à Santa.

Estava, então, em pleno declínio de sua vida tumultuária e sob os sofrimentos das cruciantes dores de um desterro, embora em terras nacionais, mas sem a menor consideração ao seu passado de inegáveis e prestimosos serviços à Pátria, sem qualquer respeito ao grave estado de sua saúde periclitante e aos seus últimos dias de vida, que já começavam a ser implacavelmente contados.

Embora Feijó não tenha sido justo perante a terra que lhe abriu os braços, embora tenha ele deixado palavras desfavoráveis à cidade de Vitória que o acolheu ao ser expulso da sua, o Espírito Santo se orgulha de o haver hospedado e de ter, em sua Capital, durante cinco meses, esta figura singular, filha de pais incógnitos como ele mesmo afirmava, surgindo à vida sob as capas de um “enjeitado” e atingindo, no País, as mais altas posições de consagrado homem público, com ou sem a batina que nem sempre envergava.

Nestes cinco meses, a terra capixaba abrigou em seu seio o venerando brasileiro que foi deputado às Côrtes Portuguesas, representando o seu glorioso Estado de São Paulo, que deu o que pode em favor da Independência, que foi novamente deputado e depois senador, Ministro da Justiça de Pedro I, em período difícil somente atravessado pela energia desassombrada que lhe não faltou para consolidar a incipiente soberania da Pátria, e a seguir, dirigi-la mais diretamente, quando lhe coube as culminâncias da Regência do Império.

Vamos, porém, deixar o período ascendente do ínclito paulista combatido como sempre são os grandes homens no entrevero das grandes lutas, combatido também pelos que se lhe nivelaram nos mesmos anseios de serviços à Pátria, como os Andradas, seus conterrâneos.

Acompanhemos-lhe o ocaso, a partir do ângulo em que começa o declínio, a descida que poucos conseguem evitar no transcurso da vida, embora lhes voltem as subidas nos gráficos da glória, depois da morte.

Diogo Antônio Feijó – Wikipédia, a enciclopédia livre

De Vitória Feijó escreveu em 11 de agosto de 1842 carta ao padre Geraldo Leite Bastos, deportado para Lisboa, em que narra peripécias de seu desterro. O desterro durou cerca de cinco meses e Feijó por vezes se recolhia ao convento da Penha, dos franciscanos. Foram dadas ordens para que retornasse e ele reapareceu na tribuna do Senado em 12 de janeiro de 1843. Apresentou sua defesa no Senado, quando mal se sustinha de pé, na abertura da sessão legislativa em 15 de maio de 1843. Obteve licença para voltar à sua terra em 14 de julho, quando Honório Hermeto abandonou sua intransigência.

A morte de Diogo Antônio Feijó foi acarretada por uma série de fatores, passava por uma crise nervosa, durante uma recaída, decidiu sair para caminhar. Durante a caminhada escorregou e caiu com a cabeça numa pedra. Foi para o hospital com sérios problemas, e morreu de parada cardiorrespiratória. Morreu depois de terríveis crises em agosto e em setembro, aos 59 anos, em 10 de novembro de 1843, antes da promulgação da sentença no processo movido contra ele no Senado. Foi levado em 14 de novembro, num dos enterros mais pomposos jamais vistos em São Paulo, apesar de ter pedido para ser sepultado «sem acompanhamento nem ofício», para a igreja dos Terceiros de Nossa Senhora do Carmo. Não lhe faltaram as honras militares prestadas pela tropa de todas as armas, na qualidade de grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro. Anos depois seus parentes o fizeram transladar para a igreja da Ordem Terceira de São Francisco.

Sigamos os seus últimos passos, em 1842, no seu penúltimo lustro de vida e no final de sua existência, em 1843.


 

Alguns trechos foram extraídos do Livro dos Romeiros de 1847; site morrodomoreno.com.br; “O Convento da Penha, um templo histórico, tradicional e famoso 1534 a 1951 | Autor: Norbertino Bahiense”; Site Wikipédia;

Posts Relacionados

Facebook

Instagram

Últimos Posts

X