Paz e Bem.
Na tarde desta segunda-feira (13), a Capela testemunhou um reencontro especial. Um filho, agora presbítero da Igreja, subiu à Penha para agradecer a intercessão da Mãe pelo seu ministério sacerdotal. Frei Felipe Medeiros Carretta, tantas vezes rezou diante da Padroeira, pedindo proteção e bênçãos, presidiu a Celebração Eucarística pela primeira vez no Santuário dedicado a Senhora das Alegrias.
Certamente hoje Nossa Senhora irradiou ainda mais a alegria de acolher seu amado filho, neste lugar que representa tanto para a fé e a devoção dos capixabas. “E por falar em alegria, com certeza esta é a atitude, este é o sentimento que hoje permeia o nosso Convento, porque hoje nos reunimos, para que neste dia histórico, 13 de outubro, um Frei Capixaba, Frei Felipe, celebrará pela primeira vez uma Missa aqui no Convento da Penha. Ele, então, que foi ordenado padre no último sábado (11), mas na verdade, está aqui junto conosco já há tanto tempo, este local para ele sempre foi muito importante ao longo de toda a sua trajetória de fé. O Frei Filipe é natural aqui de Vila Velha e ingressou na Ordem dos Frades Menores, fez todo o itinerário vocacional, também fez diversas atividades relacionadas aqui ao nosso Convento. Durante a faculdade de Teologia, estudou a fundo a nossa Festa da Penha, fazendo seu trabalho de conclusão de curso sobre a mesma, participando da Festa não só como estudante, mas como fiel, devoto e frade. Atualmente, o Frei Felipe tem a oportunidade de morar na paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, uma paróquia franciscana que temos lá na Rocinha, no Rio de Janeiro. Mas a sua ordenação, como é um costume para nós frades, aconteceu aqui na sua terra natal”, disse o Guardião, Frei Gabriel Dellandrea ao acolher o confrade e amigo.

Frei Gabriel fez um pedido ao irmão. “Então, Felipe, se a Mãe é das Alegrias, é porque ela está muito alegre de te receber aqui, como sempre recebeu, só que agora, como presbítero, filho dela, e que vai também levar às pessoas a mesma missão que ela fez, levar o Filho Jesus. Ela o carregou no trono sagrado do seu ventre, e depois foi discípula, e você agora, como discípulo, também carregará o Filho dela através das suas mãos, levando através da Eucaristia, da Palavra e da Presença, a ação de Jesus”.
Além de Frei Felipe seus familiares também estiveram presentes. Sua mãe, Kátia Carretta proclamou a primeira leitura na Missa. Todos ficaram visivelmente emocionados em gratidão a Deus pelas bênçãos dos últimos dias.

Frei Felipe agradeceu a acolhida e destacou, na homilia, sua proximidade e devoção com a Virgem da Penha. “Ela que foi minha companheira de todas as horas, minha intercessora em todos os momentos de minha caminhada vocacional e de vida. Agradeço a fraternidade do Convento por me proporcionar esta grande alegria deste dia memorável… Quem sobe este monte, quem contempla Nossa Senhora da Penha lá do alto, já experimenta que a fé não é apenas teoria, mas vida concreta. Este lugar é sinal de proteção, de acolhida, de devoção simples e sincera do povo e de tantos peregrinos. Aqui, Maria nos aponta o maior sinal, o Seu Filho. Ela não o guarda para si, pelo contrário, de sempre, fazei tudo o que Ele vos disser. Na imagem da Penha, Maria coloca o menino à frente, coloca Jesus nos apontando, Ele é o caminho”, afirmou.
Ao refletir sobre a liturgia da Palavra, o novo presbítero fez uma analogia com o Convento. “A fé não se sustenta em milagres visíveis, mas no encontro pessoal com o Senhor. O povo queria algo extraordinário, mas Jesus se oferece a si mesmo como sinal. O grande sinal não é externo, é a sua própria vida entregue, é a sua Páscoa, a sua ressurreição. É aquilo que aqui vamos fazer memória daqui a alguns instantes. O sinal de Jonas, como sabemos, aponta para isso. Três dias no ventre do peixe, três dias no coração da terra, até que a vida resplandeça novamente. Paulo, na primeira leitura, ao escrever aos romanos, recorda que ele foi escolhido para anunciar o Evangelho de Deus. Ele se apresenta como servo de Cristo Jesus. O sinal que o mundo espera, justiça, paz, salvação, já nos foi dado. Está em Cristo e agora se prolonga em cada um de nós. É por isso que Paulo não fala de si, não se exalta, não se reconhece enviado. Ele é apenas testemunha de um sinal maior, Cristo ressuscitado. O Salmo nos recorda com alegria, o ‘Senhor fez conhecer a salvação’. O sinal não está escondido, não está reservado a poucos. Ele é universal, aberto a todos. E aqui tocamos o segundo ponto. O grande sinal de Deus não é apenas para nós, mas para todos os povos. O sinal é Cristo, mas a responsabilidade é nossa. Ele é sinal de amor e nós devemos ser sinais visíveis de esperança. O Convento da Penha, meus irmãos, é por si só um sinal”, explicou.

“Quantas vezes ainda buscamos milagres fáceis? Quantas vezes condicionamos a nossa fé a algo que Deus deveria fazer por nós? É como se disséssemos, ‘Senhor, eu só acreditarei se a minha vida mudar assim, se eu tiver tal graça, se tudo acontecer conforme meus planos’. O Senhor, porém, nos convida a enxergar que o sinal já está dado. O sinal é a cruz, o sinal é a ressurreição, o sinal é a Eucaristia, o sinal é a comunidade reunida em Seu nome. Quantos sinais nós já temos e não percebemos? E mais, Jesus vai além e diz que no dia do juízo, os ninivitas se levantarão contra esta geração, porque eles se converteram com a pregação de Jonas. E nós, temos escutado a palavra com o coração aberto ou ainda pedimos sempre mais provas, mais milagres? Aqui está o desafio. Não basta ter sinais, é preciso converter-se diante deles. Caríssimos, viver a fé é acolher o sinal de Deus, mas é também tornar-se sinal para o mundo”, exortou Frei Felipe.
Por fim, recordou o ministério do saudoso Papa Francisco. “O cristão deve ser um evangelho vivo, dizia o Papa Francisco. Cada gesto de amor, cada atitude de perdão, cada serviço silencioso é sinal de Cristo presente no meio de nós. Por isso, deixo aqui três apelos para a nossa caminhada. Reconhecer os sinais de Deus já presentes. Quantas vezes já experimentamos Sua graça, Sua misericórdia, Sua presença na vida? Segundo, converter-se diante dos sinais. Precisamos mudar de vida, tomar decisões concretas, deixar-nos tocar pela palavra. E terceiro, ser sinais para os outros. Nossa vida deve falar de Deus. O testemunho arrasta mais do que qualquer milagre. E Maria, a Senhora da Penha, é o maior exemplo que nós podemos nos apegar e ter”, finalizou.
Ao final, Frei Felipe concedeu a tradicional Bênção de Nossa Senhora da Penha e atendeu os fiéis abençoando objetos, fotos, chaves, água, entre outros.







































