Paz e Bem.
Muitas pessoas participaram da Missa campal das 9 horas, neste domingo (24), o 21º do Tempo Comum, dia de celebrar a missão do Frei Pedro Engel, que comemorou seus 89 anos de vida. O frade mais experiente do Convento da Penha. A Missa foi presidida pelo Vigário, Frei Paulo César Ferreira e concelebrada pelo Padre Marcelo Moraes de Araújo e pelo Diácono Permanente Vitor Calella, da Paróquia Cristo Rei, Sooretama, norte do Espírito Santo.
A homilia foi feita pelo Frei Paulo César. “A Palavra de Deus chega sempre na maior oportuna, na hora que a gente mais precisa. Nossa conselheira, luz para os nossos passos, nosso alimento que nos fortalece na missão. A palavra de Deus se fez carne, habitou entre nós, no seio da Mãe Maria e em cada batizado a Nossa Senhora nos representa. Nós nos espelhamos nela, como também seu Filho. Minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que fazem a vontade do Pai. E qual é a vontade do Pai? Que a gente se ame, que a gente se cuide, que a gente se ajude, que a gente seja luz, sal da terra, fermento do reino, onde quer que estejamos. Peregrinos de esperança e de vida. Vigésimo primeiro domingo do tempo comum, mês de agosto, que nos lembra da nossa vocação batismal, original”, iniciou a reflexão o frei.
“Deus sempre nos quis, seus parceiros, seus filhos e filhas, co-herdeiros em Cristo, de uma vida excelente. Que Deus sempre sonhou para nós e que no fundo, no fundo, todos nós também almejamos, porque nascemos dos sonhos de Deus. Então nosso coração não fica em paz, fica inquieto, dizia Santo Agostinho, se não se confiar a Deus, confiar em Deus. Está sempre disponível a sua vontade. Primeira leitura do livro de Isaías, capítulo 66. As aspirações do profeta, também nossas aspirações. Todos sonhamos por um mundo mais irmão, a paz mundial, a fraternidade universal. Aspirações, aqui no caso, os estudiosos denominam aspirações messiânicas. Na expectativa do enviado de Deus, que nos traria esse dom, como nos trouxe. Mas deve haver também a nossa colaboração, a nossa aceitação, a nossa acolhida, nossa cooperação. Então, na boca do profeta, profeta aliás é boca de Deus, fala em nome do Senhor, as aspirações messiânicas. Ou seja, reunião de todos os povos no Templo de Deus. E para nós, quem é o Templo de Deus? Cristo, Jesus. Então, já está facultado para nós, porta aberta, o texto de hoje fala da porta estreita, próprio Jesus, acesso a esse mistério. Estreito no sentido de que não é assim, nosso Deus não facilita as coisas, como também não dificulta. Mas porta estreita, – continua Frei Paulo – porque é a porta da fraternidade, a porta da justiça, a porta da misericórdia, a porta da caridade. Isso há um preço a pagar”, recordou.
“A segunda leitura da carta aos Hebreus, capítulo 12. Então, se pudermos dizer assim, transparece aqui nas palavras uma espécie de pedagogia divina. As correções, as advertências, as exortações, para que a gente não se desvie do caminho. O Senhor corrige os que ama, qual pai e mãe não corrige, não traz ali em rédea curta o filhinho ou a filhinha? No sentido de prepará-los para a vida, para os desafios da vida. Então não pode deixar correr solto assim, fingir que não vê as coisas. Papai e mamãe, tem ali o dever, o direito também, de poder educar seus filhinhos de maneira adequada, satisfatória, responsável. O Senhor corrige os que ama. E as provações, eu coloco aqui também, as provações levam a perseverança, a temperança, a santidade. Não vamos fazer das provações inerentes a nossa vida, pedra de tropeço. Mas oportunidades para a gente crescer, para a gente se fortalecer, se unir mais e se converter. É um aprendizado contínuo, um perfazer-se constante. E a fé nos diz que tudo pode ser, então, ação providencial de Deus, motivos eficazes de confiança e de força”, afirmou o Vigário do Convento.
Sobre o Evangelho, Frei Paulo lembrou as palavras de Jesus. “‘Há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos’. Como entender aqui? Parece aqui a polêmica da rejeição dos judeus, os primeiros, os primeiros a conhecerem a Deus, o povo eleito, o povo de Deus. Então os últimos, na igreja. Não foi fácil lá nos inícios, romper com as tradições judaicas e assim por diante. O Espírito Santo inspirava um outro projeto, uma outra forma de cumprir os planos de Deus para nós. Não só a modo da tradição judaica, mas de uma maneira surpreendente nova com os cristãos, com Jesus e assim por diante. Entretanto, os discípulos de Jesus dão ouvidos aos seus ensinamentos, passam a ser o que ouvem, o que o mestre diz. A salvação, então, olha atenção, a salvação, a nossa salvação, é o resultado do esforço humano e do dom de Deus. Há um entendimento, uma comunhão aqui em Cristo Jesus. O reino de Deus é comunhão, é dom, e ao mesmo tempo esforço de todos”.
“É dom que deve ser desejado, buscado, trabalhado, acolhido, compartilhado. Os homens estão diante de Deus como uma única humanidade, ninguém é excluído do encontro com Deus. Todos somos irmãos, porque tudo nos liga ao mesmo Pai, ao mesmo Criador. Todos os povos devem ter as mesmas possibilidades, porque todos têm o mesmo fim. Obedecer a Deus, trabalhar para uma convergência e uma comunhão universal, compromisso nosso. E vamos ter de prestar contas, isso daqui, disso daqui, diante de Deus, nossa partida, nossa passagem para a eternidade. Se há uma só meta, há também uma só porta de entrada. E tal universalismo entrevisto aí pelos profetas é levado à plenitude por Jesus. Agora, para os fechados, ensimesmados em seus privilégios, Jesus diz a parábola da porta estreita. Com Jesus inaugura-se um mundo novo, no qual todos são convidados à mesma mesa. E a credencial à porta da festa será a prática da justiça, do amor sem preconceitos. Queridos irmãos e irmãs, Jesus nos encaminha para a porta estreita da doação da vida, a porta da fraternidade. Quem se doa, quem ama, como Jesus, pode entrar e sentar-se à mesa. O convite ao banquete é extensivo a todos e nos compromete com a causa de Jesus. Aqui, comungando da Eucaristia, nós assimilamos, não é? Acolhemos no coração tudo que Jesus fez, ensinou. Jesus quer ser reconhecido através de nós. Então vamos com essa esperança, com essa confiança, como luz do mundo, sal da terra, peregrinos de esperança”, finalizou o frade.
Ao final da Missa, Frei Pedro Engel, que celebrou seus 89 anos de vida, falou “qual segredo” para uma vida longeva. “Com três anos já respondi a minha vocação. Fui chamado com três anos. O meu tio foi ordenado, ele chegou em casa e perguntou para mim. ‘Você também quer ser igual a mim?’ Olhei e falei, ‘sim, eu quero!’. E estou até hoje. Já estou com 70 anos de vida consagrada. É só graça de Deus mesmo. Mas eu queria dizer, hoje é esse mês das vocações, então devemos rezar muito pelas vocações e incentivar jovens e crianças, já desde pequenininhos, a, quem sabe, seguir essa vida consagrada. É muito bom. Não é tão difícil como pensa, né? A graça de Deus ajuda. Assim como toda a nossa vida, sempre no, as dificuldades ou mesmo no dia a dia, com a graça de Deus vai bem. Sem a graça de Deus vai mal. É isso aí. Então eu queria apenas agradecer a todos que estão aqui presentes, todos que estão torcendo por mim, que eu fui da Água Venta, né? Já conhecido, né? Mas agradecer a Deus pelo dom da vocação, pelo dom da vida, porque nunca pensei em chegar aos 89. No próximo ano é ventilador parado. Ventilador parado não venta, né? Não venta (noventa). Então agradeço a oração de todos, que Deus seja louvado”, disse o frei em tom descontraído.




























