3º dia do Oitavário da Penha: “Maria é mãe e mestra da solidariedade”

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O terceiro dia do Oitavário de Nossa Senhora da Penha contou com a presença da Área Pastoral de Cariacica-Viana, compostas por 18 paróquias que lotaram o Campinho do Convento, em Vila Velha (ES), nesta terça-feira (02).

Como muita alegria característica do carisma franciscano, o momento devocional dedicado à Virgem da Penha teve como tema: “Não negues nunca a tua mão a quem te encontrar”, mais uma referência à música “Pelas estradas da vida”, base dos oito dias de orações dedicados a padroeira do Espírito Santo.

Frei Gabriel Dellandrea, animador da programação religiosa da Festa da Penha, abriu a reflexão do Oitavário afirmando que: “Maria é mãe e mestra da solidariedade, e ela é quem nos inspira a não negarmos nunca a nossa mão a quem necessitar da nossa ajuda.  Com certeza ela, como discípula e mãe, ao longo de sua caminhada, realizou esse gesto de ajudar, de apoiar, de servir”.

O frade ainda ressaltou que, por meio do exemplo de Maria, nos inspiramos na solidariedade que ela revelou por meio de seus atos; não de quem ajuda para ser visto, mas de quem sabe que seu auxílio vai ao encontro de Jesus, que também nos mostrou o caminho da acolhida, da compaixão e do amor ao próximo. “Devemos nos embrenhar no mundo da solidariedade, fazendo a nossa parte, para que mais irmãos e irmãs tenham a sua dor amenizada por meio do nosso carinho e do nosso apoio”, afirmou.

Segundo Frei Gabriel, muitas vezes devemos olhar para dentro e perceber que quem precisa da mão estendida somos nós, quando estamos cansados e necessitamos de descanso. “Negar a mão para nos ajudar é também não ajudar de forma adequada os outros. É necessário cuidar de si para ter condições de cuidar bem do outro”.

Ao final, a partir do Evangelho e Mateus, o frade referiu-se à visita da imagem peregrina de Nossa Senhora da Penha ao presídio feminino, nesta terça-feira. “Nossa Senhora da Penha foi visitar aquelas mulheres que mais precisam de acolhida, de apoio, de um novo norte para suas vidas. Tenho certeza que a visita da santa transformou muitos corações. Nossa Senhora não negou a mão, pois foi buscar, foi encontrar aquelas que precisavam da sua presença. Que o exemplo de Nossa Senhora da Penha, que esse ato profético da nossa festa inspire o nosso coração para que possamos ir ao encontro daqueles que mais necessitam. Que também possamos cuidar da nossa saúde mental para bem cuidarmos dos outros. Que nessa troca possamos encontrar o Reino de Deus, que se faz na caridade e na solidariedade”, finalizou.

Santa Missa

Com grande presença de fiéis e sacerdotes, a Santa Missa desta terça-feira, foi presidida pelo Padre Paulo Henrique Ribeiro Inácio, pároco da Paróquia Sagrada Família Jesus, Maria e José, de Cariacica.

Em sua homilia, Padre Jonatan Rocha Nascimento, vigário paroquial da Paróquia Bom Pastor, também de Cariacica, relacionou a subida do Convento ao encontro com Nossa Senhora da Penha, a exemplo de Frei Pedro Palácios, propagador da devoção a Santa das Alegrias e precursor da Festa dedicada a santa há 454 anos.

“Começo a reflexão no início de tudo, sobre como tudo isso começou. Frei Pedro Palácios, que nasceu na Espanha, chegou na Bahia e veio para o Espírito Santo, onde fundou, em 1558, o que hoje chamamos de Convento da Penha. Ele que era frade, consagrado, pregador, catequista, veio anunciar a Boa Nova”, recordou.

Foto: Fernando Madeira

O padre destacou a importância histórica desse fato e como, para além de um local de reza, o Convento da Penha é um local da história do Espírito Santo, construído numa pequena montanha que derrama a graça de Deus por todo o Estado. “E, em 1570, uma capelinha construída lá do alto, também dá início à Festa da Penha que, naquele ano, foi realizada no dia 30 de abril. Frei Pedro Palácios, que pediu a graça de estar vivo para a primeira Festa da Penha, foi encontrado morto dia 2 de maio, em frente à capelinha de São Francisco, ajoelhado no altar”, contou o padre.

Envolvendo os fiéis com a história do Convento da Penha, Padre Jonatan perguntou ao povo: “O que fez Frei Pedro Palácios sair da Espanha e vir morrer numa capelinha do Espírito Santo? O que te traz aqui hoje? Às vezes o que nos traz ao Convento é a tristeza, o sofrimento, uma dor, um pedido. Quantas vezes viemos chorar diante do Senhor como Maria chorou por seu filho? Subimos as ladeiras, as escadarias e vamos sendo consolados aos poucos. Por que?”

Ele falou da ladeira da penitência e o outro nome dado a ela: Ladeira das sete voltas ou das sete alegrias. O sacerdote explicou que São João Crisóstomo disse que Maria viu os anjos vestidos com trajes de festa para que ela fosse consolada da dor da Paixão de Cristo. “Quando subimos a ladeira vamos sendo consolados aos poucos. A cada curva tem uma placa com a devoção franciscana das sete alegrias:  anunciação, visita a Isabel, o nascimento de Jesus, adoração aos magos, o encontro de Jesus no Templo, a ressurreição e Assunção de Nossa Senhora”.

Foto: Fernando Madeira

“Somos empurrados ladeira acima e vamos nos transformando, e o cansaço quando o fiel chega ao convento é transformado em alívio. Ao contemplar esse espaço, as lágrimas de dor e sofrimento, se convertem em lágrimas de alegria porque nós sabemos que vamos encontrar a mãe, e nos braços da mãe há um filho”, salientou o Padre.

Segundo ele, citando a primeira leitura que abordou a conversão (Atos 2,36-41), as ladeiras do convento também favorecem a conversão. “A cada curva nossa tristeza, nossa angústia e nossa lágrima, se convertem de alguma forma, e recebemos como filhos amados o Espírito Santo, o espírito de alegria, o espírito que ressuscita a nossa fé, que as vezes deixamos esfriar pelos sofrimentos que vão nos acometendo.  Ao olharmos para cima sabemos que ali encontramos uma mãe que traz nos braços um Filho que é capaz de nos transfigurar, de mudar nosso coração. E esse filho vai nos chamar pelo nome, como chamou Maria”.

“O que nos traz ao Convento pode ser a dor, mas o que nos puxa aqui para cima é saber que nos braços dessa Mãe está nossa alegria, a alegria do Ressuscitado. É certamente isso que trouxe Frei Pedro Palácios até aqui, e é isso que nos faz subir a Penha, é na Casa da Mãe que encontramos repouso e descanso”, completou.

Após a celebração, o Campinho do Convento ficou repleto de fiéis novamente. Eles acompanharam a “Bênção dos Casais”, com o Padre Diego Carvalho e Suely Façanha.


Adriana Rabelo (texto) e Frei Augusto Luiz Gabriel (fotos e vídeo)

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