Um grito pela vida

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Moacir Beggo

Vila Velha (ES) – A VIII Romaria das Pessoas com Deficiência da Festa da Penha está sendo realizada há menos de um mês da decisão do Conselho Federal de Medicina de legalizar o aborto para até três de gravidez. ‘Não optamos nunca pela morte. O cristão grita pela vida. E esse grito de vocês é um grito pela vida”, disse o Pe. Carlos Barbosa, que acompanhou a Romaria e presidiu a celebração eucarística na Prainha, neste sábado (06/4), às 10 horas.

Organizada pelo Fórum Estadual de Entidades de Pessoas com Deficiência, a 8ª Romaria iniciou a concentração na praça Duque de Caxias, no Centro de Vila Velha, a partir das 7h30. Em meio a muitas bexigas brancas e faixas com palavras de ordem e igualdade de oportunidade, mais de três mil pessoas caminharam até a Prainha, passando pela Rua Antônio Ataíde, ao som da Banda de Congo de São Benedito e da Fanfarra da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Cariacica.

Na celebração, a deficiente visual, Daisa de Lacerda Gomes (foto acima), fez a 1ª leitura em braile. Na sua homilia, Pe. Carlos fez uma confissão: “Esta caminhada não é uma caminhada qualquer. Costumo dizer que ela tem um toque especial. Diante de todas as dificuldades da minha vida pessoal, quando eu participo desta caminhada vejo que não tem dificuldade nenhuma. Vejo que muitas das minhas restrições ou dos momentos que digo ‘não posso fazer’, ‘não posso isso, não posso aquilo’ é mais preguiça. E isso não acontece só comigo, mas para muitos da sociedade. Inventamos tantas restrições e vocês mostram para nós que é possível, sim, superar limitações, que é possível, sim, professar a fé, que é possível, sim, ser cidadão, independente da condição, da realidade em que estivermos”, enfatizou.

Segundo o Pe. Barbosa, os participantes da Romaria vieram até a Prainha anunciar o Evangelho. “Não é um passeio qualquer, mas é uma voz profética, que ressoa na sociedade, que muitas vezes fecha os olhos para a realidade de vocês”, disse, cobrando mais atenção das autoridades.

“Não tenham medo de serem reconhecidos como cidadãos. Não desanimem diante das inseguranças, das dúvidas e das barreiras”, animou, finalizando: “A sociedade precisa aprender com o diferente. A Palavra de Deus abre o nosso coração. Enquanto tem alguns que defendem a morte, tem milhares que defendem a vida, felizmente!”.

Muitos participantes da Romaria não são devotos, mas vêm nela um espaço de reivindicações, possibilitando o exercício da tolerância religiosa. O funcionário público Nilton Saraiva, de 63 anos, é evangélico, tem deficiência visual e sempre participa da romaria. Para ele, independente de credo, a dureza da vida de quem tem algum tipo de deficiência é a mesma. “A gente mata um leão por dia”.

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