Quando Jesus olha para nós em 15 estações

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Moacir Beggo

Vila Velha (ES) – Um momento privilegiado para os romeiros e fiéis do Convento de Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha, é participar da Via-Sacra na manhã da Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor. A cada ano, essa Via-Sacra Franciscana é feita subindo os 154 metros de altitude do Morro da Penha, em meio a uma mata atlântica preservada, meditando os mistérios da Paixão e Morte de Jesus.

Frei Fidêncio, Ministro Provincial

A celebração tem início no portão principal do Morro, às 8 horas, e faz o caminho pela via principal de acesso ao Convento, embora exista um outro caminho conhecido como a Ladeira da Penitência, muito próprio também para esta devoção franciscana.

Neste ano, a celebração foi presidida pelo Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel, e o guardião do Convento, Frei Valdecir Schwambach. Neste exercício de piedade, eles se revezaram nas meditações sobre cada estação.

“A sepultura para todos nós que ja entregamos à mãe-terra algum amigo, algum familiar, um confrade, a sepultura é sempre um lugar de muita interrogação, lugar de muito medo e muita inquietação. Ali choramos, ali deixamos todas as nossas angústias e, muitas vezes, angústias sem respostas imediatas. Mas Jesus nos garante: ‘se um grão de trigo cai na terra e não morre, permanecerá só. Mas se ele morre, dará muito frutos’. Até o próprio Filho de Deus, como rezamos, desceu à mansão dos mortos, para que ao sair dessa moradia dos mortos, na manhã pascal, pudesse dar a todos nós a garantia de que nossa vida não se reduz a uma sepultura”, disse Frei Fidêncio.

Dª Raimunda Severiana Sérvulo, aos 86 anos, não perde uma Via-Sacra. Além de subir o morro com muita facilidade, se ajoelhou em todas estações. A receita: fé. Simplesmente!

O Provincial lembrou que São Francisco chamava a morte de irmã. “Não podemos aceitar essa cultura de morte que hoje impera em nossa sociedade. A morte era uma irmã dentro da dimensão natural da vida”, explicou.

Frei Valdecir, ao falar de Simão Cirineu, na 5ª estação, refletiu sobre a solidariedade. Para ele, a vida tem predominância sobre todas as coisas. “Apesar de tudo, a vida sempre deve prevalecer. Que então possamos, como Jesus, assumir a nossa vida, porque Jesus mesmo garante que quem com ele vive, com ele garante a vida. Quem com ele morre todos os dias, com ele também haverá de ressuscitar, com ele haverá de reinar”, disse o guardião da Penha.

Frei Fidêncio disse ao encerrar a Via-Sacra que, ao fazermos esta caminhada, certamente todos nós voltamos o nosso olhar para o mistério, “mas quando nós voltamos o nosso olhar para cada uma das 15 estações que contemplamos, mais do que olharmos para Jesus, é Jesus que olhou para cada um de nós. A cada um Ele confortou durante a nossa caminhada, durante a nossa história. A paixão de Jesus é também a nossa paixão. O amor de Jesus é o amor que nós também devemos partilhar e o amor de Jesus passa necessariamente pelo mistério da cruz, mas não termina ali. Culmina na ressurreição. Jesus nos olhou nesta manhã de diferentes formas. Ele nos olhou quando caímos, e disse: “Coragem!” Ele também olhou para todos nós quando enxugamos os rostos das pessoas e nos olhou nos gestos de solidariedade. Ele olhou para nós quando choramos as nossas dores e sofrimentos e nos confortou como confortou as mulheres de Jerusalém. E ele, certamente, vai estar presente quando tivermos de dizer um dia: ‘Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!’. Entregamos a nossa vida para Dele receber vida em plenitude”, completou, agradecendo a todos por partilhar deste momento de oração e meditação em comunidade. “Repito: esta caminhada foi importante, foi necessária para compreendermos o mistério maior da Ressurreição do Senhor!”

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