Pe. Kelder: Quando foi que Cristo nos ensinou a odiar e não a amar?

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Moacir Beggo

 Vila Velha (ES) – Pe. Kelder Brandão, pároco da Paróquia Santa Teresa de Calcutá, presidiu a Celebração Eucarística que reuniu as Pastorais Sociais da Arquidiocese de Vitória para prestar sua homenagem à Virgem da Penha. Ele dedicou sua homilia especialmente a duas mulheres: Dona Eutalina, que trabalhou muitos anos no Convento da Penha e incansavelmente nas festas de Nossa Senhora da Penha, e a Irmã Creuza, missionária Agostiniana Recoleta, dedicado religiosa no trabalho pela Igreja e em favor dos povos indígenas. “A história da Igreja sempre foi marcada pelo protagonismo das mulheres desde a sua origem, Maria é o maior ícone da Igreja primitiva, fiel a Jesus Cristo, desde a sua concepção até a ignóbil morte na cruz, sem esmorecer nem mesmo nos momentos mais duros e tenebrosos da vida”, disse o celebrante.

Segundo Pe. Kelder, igualmente, ao longo do tempo, as Pastorais Sociais têm enfrentado momentos sombrios, mas continuam firmes na defesa intransigente da vida, acolhendo e cuidando dos filhos amados e prediletos de Deus, os pobres e excluídos. O celebrante foi duro nas suas colocações: “O que estamos fazendo com o nosso país? Que cristãos nos tornamos? Quando foi que Cristo nos ensinou a odiar e não a amar? A matar e não a defender a vida? A valorizar mais o dinheiro e o poder do que a vida dos semelhantes. Que sociedade é essa que estamos formando que troca livros por armas? Que troca a paz pela violência? Que troca o respeito pelo escárnio? Que troca a liberdade pela opressão?”, questionou.

“A violência no Espírito Santo continua grande e junto com ela é grande o cinismo do Poder Público e de parcela da sociedade que, em vez de enfrentar o problema com políticas públicas adequadas, optam por criminalizar os pobres e as periferias”, criticou.

“A anistia concedida aos policiais que respondiam processos disciplinares sobre a greve de 2017 fortalece a prática da violência e da criminalização dos pobres. Ao anistiar os policiais, o governo atesta que a vida de centenas de pessoas que foram assassinadas durante não tem valor. As famílias dessas pessoas têm o sagrado direito ao luto e merecem mais respeito do Estado, que tem a obrigação de assumir a responsabilidade por essa carnificina”, denunciou.

“Em nosso Estado, a violência anda abraçada com a pobreza e ambas são filhas das desigualdades sociais. Um simples olhar pelas ruas e praças mostra que a pobreza extrema caminha a passos largos em nosso meio com a destruição das políticas de seguridade social no país e crescerá ainda mais com a famigerada Reforma da Previdência em curso. Quem viver verá”, lamentou.

O dia começou com sol e durante a Missa chegou a chover um pouco.

Segundo o sacerdote, no último mês, a Arquidiocese de Vitória entregou aos dirigentes políticos, responsáveis pela execução das políticas públicas, várias sugestões de ações que podem ser executadas para enfrentar os problemas referentes ao meio ambiente, segurança pública e seguridade social. “Com um pouco de boa vontade política muitos problemas podem ser enfrentados”, acredita.

Segundo Pe. Kelder, é uma sociedade cujo tempo futuro será de dor e pranto, diferente do tempo messiânico de fartura, alegria e paz, anunciado por Maria no canto do Magnificat que ouvimos no Evangelho, quando ela bendiz a Deus pelas maravilhas que ele realiza pelos pobres e pequeninos. “Deus continua olhando para a humildade dos seus servos, fazendo grandes coisas a seu favor. Sua misericórdia continua se estendendo sobre todos que O temem. Ele há de mostrar, e tem mostrado, a força de seu braço destroçando os soberbos e poderosos, elevando os humildes, saciando de pão os famintos e despedindo os ricos de mãos vazias”, animou.

Após a leitura do poema aconteceu um momento de testemunho. Meriusa Durão de Almeida, com a filinha Maria Mariana de apenas um ano e um mês, subiu ao altar para contar a graça que recebeu de Nossa Senhora: tornar-se mãe. Aos 42 anos, os médicos lhe informaram que o sonho só seria possível se ela recebesse uma doação de óvulos, mas Meriusa se apegou a Maria, fez o Oitavário da Festa de 2017, e algum tempo depois descobriu a gestação. “O que era impossível para os homens, tornou-se possível para mim através de meu apelo a Nossa Mãe. Está em meus braços é Maria Mariana”, contou emocionada.

A pequena Maria Mariana com Frei Gustavo Medella

Ao final da Missa, aconteceu a apresentação da Associação Cultural Coletivo do Samba – Projeto de Mestre Sala e Porta Bandeira Mirins.

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